A diferenciação etnolinguística em Moçambique

A formação etnolinguística em Moçambique

A população de Moçambique é maioritariamente de origem Bantu. Os principais grupos etnolinguísticos de Moçambique são: Cheua, Chona e Tsongas.

A norte do Zambeze, os Cheuas e suas respectivas divisões:

– A norte da Zambézia: Macuas e Lomué;

– Alto da Zambézia, Nampula, Cabo-Delgado e Niassa: Ajaua, Nyanjas, Nsenga, Tauara, Tonga, Sena, Bárué e Yaus no Niassa e Tete;

– Maconde no planalto de Moeda e Cabo-Delgado;

– Kote, Nahara e Muani: na costa norte de Moçambique, Nampula e Cabo-Delgado.

Ao sul do Zambeze os Tsongas e suas respectivas divisões:

– Chopes, Rongas, Changanas, Tsua.

Os Chonas e suas ramificações:

Ainda encontramos os Chonas que se ramificam em Zezulus, Ndaus, Macorres, Tewes, Manhicas, Nhungues.

Nesta região por ter apresentado condições propícias para a domesticação de animais, sobretudo o gado bovino, aliado a infertilidade do solo, conferiu ao homem poderes sobre a mulher.

Sociedades matrilineares

Como resultado da influência nesta região, assiste-se as diferenças entre a região norte e sul do Zambeze. A norte do Zambeze devido ao impacto da mosca Tsé-Tsé, impediu numa primeira fase a prática da pecuária, sobretudo o gado bovino e privilegiando a prática da agricultura, actividades que maioritariamente eram praticadas pelas mulheres, o que teria originado comunidades matrilineares. Estas sociedades desenvolveram-se no norte do Zambeze. Devido a prática da agricultura, conferiu a mulher poderes sobre o homem. Os filhos do casal pertencem ao grupo de parentesco da mãe e só as mulheres é que transmitem o parentesco. Os bens e poderes são herdados por via materna. O casamento na sociedade matrilinear, o homem fixa a sua residência na família da mulher, isto é, o casamento é matrilocal. A esta prática chama-se uxorilocalidade. As funções políticas e jurídicas são desempenhadas pelo Tio materno. Nestas sociedades, se no casal a mulher morre, o homem era obrigado a casar-se com a irmã da sua defunta mulher. A esta prática chama-se Surrurato.

Sociedades patrilineares

Estas sociedades desenvolveram-se no sul do Zambeze. Devido a prática da pastorícia, actividade praticada pelo homem, conferiu ao homem poderes sobre a mulher. O estatuto de filho pertence a família do homem. A herança dos bens e poderes é feita por via paterna, do pi para filho. Nessa sociedade o poder passa do pai para o filho. O casal fixa a sua residência na casa do marido, ou por outra, o casamento é patrilocal. A esta prática chama-se virilocalidade. Os filhos pertencem a família do marido e se no casal o homem morre, a mulher tem a obrigação de casar-se com o irmão do seu defunto marido. A esta prática chama-se liverato.