O Estado dos Mwenemutapas
Origem
Na desintegração do Grande Zimbabwe nascem dois Estados:
- O de Torwa, com capital em Khami, na região do Grande Zimbabwe;
- O de Mwenemutapa, com capital em Dande, localizada entre os rios Mazoe e Luía.
Por volta de 1450, Mutota, chefe do clã Rozwi, abandona a região do planalto do Zimbabwe com os seus seguidores em direcção ao vale do Zambeze, fixando-se na região de Dande, criando o Estado de Mwenemutapa. A partir de Dande e através de guerras de conquista, Mutota e, mais tarde, o seu filho Matope, dominam os reinos vizinhos, formando um império cujos limites se estendiam do Zambeze ao Limpopo e do oceano indico ao deserto do Kalaari. Leia também Estado/Império Mwenemutapa
A agricultura continuava a ser a principal base económica. Era como parente que o indivíduo tinha acesso à terra, que não podia ser vendida nem alienada.
Dedicavam-se também à pastorícia, à mineração do ouro, ao artesanato e ao comércio. O comércio a longa distancia e a mineração do ouro eram controlados pela aristocracia dominante. Os Shonas-Karanga trocavam o ouro por tecidos e missangas, que, com o tempo, ascenderam à categoria de bens de prestígio. A principal forma de exploração económica era a cobrança do tributo.
A organização político-administrativa
O poder central localizava-se entre os rios Luía e Mazoe e estava circundado por uma cintura de Estados vassalos ou satélites, entre os quais se encontravam sedanda, Quissanga, Quiteve, Manica e Báruè Maungwe, alem de outros.
As classes dominantes desses Estados, constituídas por parentes dos Mwenemutapas e por estes nomeados, tinham a tendência de se rebelar quando o poder central enfraquecia.
A estrutura político-administrativa pode ser representada da seguinte forma:
| Mwenemutapa – Chefe Supremo |
|
Mazarira, Inhaahanda e Nambuzia – as três principais mulheres do soberano, com funções importantes na administração. | ||
| Nove altos-funcionarios – responsáveis pela defesa, comércio, cerimonias magico-religiosas, relações exteriores, festas, etc. |
| ||||||
| Mambos – chefes dos reinos conquistados. |
| ||||||
| Fumos ou Encosses – chefes provinciais. |
| ||||||
| Mukuru ou Mwenemusha – chefes das mushas (comunidades aldeãs). |
| ||||||
Linhagem – unidade produtiva de base, constituída por parentes consanguíneos. | ||||||||
A articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades aldeãs encerrava relações de exploração de homem pelo homem, materializadas pelas obrigações e direitos que cada uma das partes tinha para com a outra.
As comunidades aldeãs (mushas), sob a direcção dos mwenemushas, garantiam com o seu trabalho a manutenção e a reprodução da aristocracia e esta concorria para o equilíbrio e reprodução social de toda a sociedade shona, com o desenvolvimento de inúmeras actividades não directamente produtivas.
* Impostos em trabalho:
* Mineração do ouro, quer para alimentar o comércio a longa distância, quer para a importação de produtos que, na sociedade shona, ascendiam à categoria de bens de prestígio (os jazigos auríferos situavam-se sobretudo nas terras planálticas – Chidima, Dande, Butua e Manica)
* prestação de sete dias de trabalho mensais nas propriedades dos chefes (zunde);
* construção de casas para membros das classes dominantes;
* transporte de mercadorias de e para os estabelecimentos comerciais.
* imposto em géneros:
* Primícias das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da produção (tributo regular);
* Marfim, pelas e penas de alguns animais e aves, respectivamente;
* Materiais para a construção da classe dominante: pedras, palhas, etc.
* Obrigações da classe dominante:
* Orientar as cerimónias de invocação das chuvas;
* Garantir a segurança das pessoas e dos seus bens;
* Assegurar a estabilidade política e militar no território;
* Servir de intermediário entre os vivos e os vivos e os mortos;
* Orientar as cerimónias magico-religiosas para evitar cheias, epidemias, calamidades naturais, etc.
A ideologia
A religião foi um factor integrador fundamental do sistema político mwenemutapa. Proprietários de < <saber>> da fecundidade da terra e depositários da ordem do mundo, os Mwenemutapas constituíam os antídotos mais eficazes contra deserdem. A sua morte significa o caos ( choriros).
Praticava-se o culto aos espíritos dos antepassados – os Muzimus.os Muzimus mais respeitados e temidos eram os de reis. Os especialistas que garantiam a ligação entre os vivos e os mortos eram chamados de swikiros (também denominados pondoros ou mondoros). Associados ao poder político, os swikiros eram o suporte das classes dominantes.
Com este tratado, o imperador deixou de representar e executar a votade os antepassados e tornou-se desmerecedor do cargo que ocupava.
A revolta do Changamire Dombo significou o inicio do desmembramento do império dos Mwenemutapas. O ciclo do ouro e inicio do ciclo de marfim na margem esquerda do Zambeze.
A decadência dos Mwenemutapas concorrerem vários factores:
- A fixação de mercadores português na costa moçambicana a partir de 1505 e a ocupação de Sofala, introduzindo profundas transformações na estrutura sociopolítica e económica da sociedade shona;
- Os conflitos interdinástico;
- A intervenção dos português nos assuntos internos do Estado;
- Desenvolvimento dos prazos no vale do Zambeze;
- A intensa cristianização prosseguida pelos missionários.
Conclusão
Neste presente trabalho concluí que o Estado dos Mwenemutapas nasceu de desintegração do Estado do Zimbabwe, por volta de 1450, e a sua base de sobrevivência era a agricultura, pastorícia, mineração do ouro, artesanato e o comercio.
E a sua organização politica estava dividida por, Mwenemutapa que era o chefe supremo, mambos, fumos ou emcosses mukuru ou mwenemusha e pela linhagem, a sua estrutura socioeconómica esta dividida em dois níveis distintas: a comunidade aldeã (musha ou incube) e a aristocracia dominante. A religião foi um factor integrador fundamental do sistema político mwenemutapa.
Alguns factores, conflitos interdisnasticos contribuíram para a decadência dos Mwenemutapas.