Origem da Negritude

Aimé Césaire, com Léopold Sedar Senghor, Léon Damas e outros, cria o termo negritude e o define como “consciência de ser negro, simples reconhecimento de um fcato que implica aceitação – assumir sua negritude, sua história e sua cultura”. E Senhor escreve: “É antes de mais nada uma negação, mais precisamente a afirmação de uma negação”. É o momento necessário de um movimento histórico: o recuso de assimilar-se, de se perder no outro. O conceito de negritude transcende as particularidades étnicas e nacionais.

É, segundo as palavras de Senghor, “o património cultural, os valores e, sobretudo o espírito da civilização negro-africana”.

Objectivos

O exame da produção discursiva dos escritores da negritude permite levantar três objectivos principais: (I)- buscar o desafio cultural do mundo negro (a identidade negra africana), (I)- protestar contra a ordem colonial e (III)- lutar pela emancipação de seus povos oprimidos e lançar o apelo de uma revisão das relações entre os povos para que se chegasse a uma civilização não universal como a extensão de uma regional imposta pela força – mas uma civilização do universal, encontro de todas as outras, concretas e particulares.

A negritude criticava a relação de dependência cultural que o colonizador tentava restabelecer e dava fundamento à luta para a reconquista da independência africana.

Representantes

A aparição do termo «negritude» verificou-se à volta de 1935, e foi criado por Aimé Césaire e por Léopold Sédar Senghor, para designar uma personalidade africana, que Senghor assim definiu: «o que faz a negritude de um poema, é menos o tema do que o estilo, o calor emocional que dá vida às palavras, que transmuda a palavra em verbo». É, portanto, com estas duas personalidades que a tese da negritude começa a esboçar-se, procurando definir e assentar as infra e as super-estruturas. Mas há-de ser, contudo, a publicação do ensaio esclarecedoramente intitulado «Orphée noir» , de Jean-Paul Sartre, que virá dar possibilidades de sistematização aos dados até então dispersos pelas obras daqueles pensadores e de outros escritores negros, crioulos e malgaches de expressão francesa.

Bibliografia Consultada

MARGARIDO, Alfredo. Negritude e Humanismo, 1.a Edição: Casa dos Estudantes do Império Lisboa, 1964;

BARBOSA, Muryatan Santana, Pan-africanismo: unidade e diversidade de um ideal na Présence Africaine (1956-63), Florianapoles 2015;

LIMA Ivaldo de França, O Pan-africanismo e suas ressonâncias no Brasil contemporâneo. Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, 2011;

MUNANGA, Kabengele. Pan-Africanismo, Negritude e Teatro Experimental do Negro, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil, 2016.