A resistência africana resultou de séculos de exploração europeia no solo africano. No século XV as relações mudaram e assim começaram as revoltas. 

A resistência africana nasceu das relações entre povos do continente africano e nações dos continentes europeu e asiático. Porém, se faz necessário não apenas saber onde e quando nosso tema de estudo ocorreu, mas também precisamos de uma definição de resistência.

As diversas nações africanas sofreram não apenas fisicamente, mas também culturalmente com a dominação branca. No resumo de hoje você vai aprender como iniciou a resistência e qual foi o seu fim.

Contexto histórico da resistência africana

Quando a Europa inicia um processo de expansão territorial e comercial sem precedentes, os continentes africanos e asiáticos acabam sofrendo com essa expansão. Portanto os reinos, impérios e pequenas sociedades africanas serão profundamente afetados por tal processo.

A partir do século XV as relações entre europeus e africanos mudarão significativamente, passando então pela colonização do continente africano nos séculos XIX e XX. Situação que se perpetuou até os dias atuais.

O povo africano, assim como na literatura, teve heróis que representam a resistência africana. Sendo estes Spartacus e até mesmo Quilombo dos Palmares. A seguir, veremos então como aconteceu a resistência africana.

A resistência africana contra o racismo e a violência

Antes de pensarmos em violência apenas como agressão física, é preciso entender que há vários tipos. Na resistência africana levou-se em consideração todos os esses tipos de violência. Ainda assim para além de agressões como castigos e combates, há também violência simbólica, cultural, econômica.

Por exemplo, a submissão ao trabalho compulsório é uma forma de violência econômica, enquanto o apagamento forçado de práticas religiosas, nomes e até mesmo a proibição de uma língua são violências culturais ou simbólicas.

Com a empreitada europeia, principalmente de Portugal, Inglaterra, França, Espanha e Holanda, as regiões do litoral africano passaram a ser vistas como grandes entrepostos comerciais. A partir dessas localidades aconteciam trocas de produtos como aguardente, armas e outros manufaturados ocidentais por ouro, marfim e até mesmo pessoas.

Colonização, o combustível para a resistência africana

Com a colonização da América e a produção de itens para serem comercializados na Europa, a procura de mão de obra escravizada aumentou muito. Portanto, isso significava que cada vez mais pessoas eram submetidas a escravidão no continente africano.

Dessa maneira elas eram trazidas para a América, principalmente na região do Caribe e do litoral brasileiro. Pode-se dizer que nesse período reside o surgimento do racismo atual, com a pele negra servindo como estigma.

 

A resistência africana

A partir disso o racismo do período colonial até os dias de hoje, serviu para africanos e seus descendentes como combustível da resistência. Foi aí que optaram por reagir às diferentes formas de violência a que eram e ainda são submetidos.

Por causa dessa violência racial, milhões de africanos e seus descendentes passaram por agressões. Desde o rapto de indivíduos, passando pelo seu transporte e até às pressões que sofriam ao chegar nas propriedades coloniais. Resistir era quase sempre assumir o risco de perder sua vida, mas isso não os impediu de lutar.

Das inúmeras tentativas de resistência às violências cometidas no período colonial destacam-se a capoeira e a formação de quilombos. Então já durante a colonização da África nos séculos XIX e XX temos a eclosão de revoltas e manifestações, como a Guerra dos Boers, na África do Sul e a Revolta do Mau-Mau, no Quênia.

Resistência africana cultural e a decolonialidade

Pintura representando negros lutando capoeira.Pintura representando negros lutando capoeira. Um dos combatentes veste apenas uma calça branca enquanto o outro veste também uma calça branca e uma espécie de camisa avermelhada. Do lado esquerdo um soldado parece pular um muro para chegar até o local do combate. Três outras pessoas negras, no lado direito, aparecem olhando a cena.

O cenário da imagem acima apresenta uma casa de madeira do lado direito, onde estão as três pessoas negras que olham o acontecimento, um chão batido e a flora brasileira ao fundo com um espaço par ao céu. A obra é de Augustus Earle, feita em 1824. A prática da capoeira era ilegal e continuou sendo até o governo de Getúlio Vargas.

 

As diferentes formas de violência sofridas

Como explicado acima, existem diferentes formas de violência para além das agressões físicas. A imposição de valores, práticas, comportamentos e até mesmo esquecimentos sobre outras culturas configura-se também em violência.

Dentro desse tipo de coerção, o que ocorre é a promoção de uma visão de mundo em detrimento de outras, um processo no qual se perde conhecimento e referências.

Foi principalmente durante o período de colonização do continente africano, nos séculos XIX e XX, que este tipo de violência foi praticada. Os europeus afirmavam que sua presença e esforço colonizador era, na verdade, um processo civilizatório, e que aqueles povos deveriam aprender com eles.

A resistência africana e o processo civilizatório

A concepção de processo civilizatório foi representada no poema “O fardo do homem branco”, do britânico Rudyard Kipling. Na obra, o autor faz uma apologia a presença branca nos territórios não-brancos, afirmando que o europeu se sacrifica pelo bem dos “selvagens”. Não foi exatamente o que a história mostrou.

Monumento da Renascença Africana que simboliza a resistência africana, em Dakar, no Senegal.Monumento da Renascença Africana, em Dakar, no Senegal. A representação do corpo e a disposição das figuras representa uma concepção europeia de arte, motivo pelo qual a obra recebe muitas críticas de pensadores decoloniais.

Na prática, isso significou substituir as línguas e os ideais nativos pelos idiomas e ideais europeus. Significou introduzir a escrita ocidental e destruir os laços de comunidade em favor da imposição das instituições ocidentais. Significou negar a possibilidade de uma história contada pelos colonizados e abraçar a versão dos colonizadores.

Aqui, é importante diferenciar os termos colonialismo e colonialidade. Enquanto o primeiro foi o processo histórico de ocupação e dominação dos territórios pelos europeus, o segundo se refere a esta violência cultural e simbólica de substituição dos valores e do conhecimento de um povo pelos referenciais culturais dos seus dominadores.

Pensadores da luta decolonial

Um dos pensadores negros mais conhecidos pela sua luta decolonial (contra a colonialidade) foi o filósofo Franz Fanon. Nascido na Martinica, no Caribe, Fanon ficou conhecido principalmente pelos livros “Pele Negra, Máscaras Brancas” e “Condenados da Terra”.

Em sua vida e obra ele reflete sobre a condição do negro em um mundo de referenciais brancos e promove a luta decolonial. Além de sua contribuição intelectual, Fanon, em sua breve vida, dedicou-se a promover as lutas de independência de diversos países africanos contra o domínio europeu.