Localização do império Zimbabwe
PEREIRA (2005), avança que o estado do grande Zimbabwe localizava se entre o Zambeze e o Limpopo, junto ao rio Mutirikwe perto da fronteira com o território Moçambicano.
Significado do nome “Zimbabwe”
O seu nome deriva dos amuralhados de pedra que a aristocracia fazia construir à volta das suas habitações e que chamavam se madzimbabwe.
Origem do Estado do Grande Zimbabwe
Antes do século IV os primeiros agricultores e metalúrgicos bantu chegaram ao sul do Zambeze, vindos da região dos grandes lagos, onde fixaram se numa zona rica em ouro, e juntaram se com as populações que ai viviam (khoisan), que dedicavam-se a exploração mineira. Mais tarde um grupo separou se deste núcleo e foi instalar se ao sul do Limpopo. Deste modo, com os sothos, tswanas, tongas e ngunis constituindo assim população da região Austral de África.
No século XI, nova migração, trouxe ao planto entre o Zambeze e o Limpopo, povos pastores shonas, grandes construtores de “muralhas de pedra” (Zimbabwe). Estas fortificações, designadas por Zimbabwe que significa “casa de pedra” estas casas eram normalmente para chefes, isto mostra a existência de uma comunidade muito organizada.
O estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da actual República do Zimbabwe.
Formação das Classes Sociais
Entre os Karanga-Shona do planalto do Zimbabwe desenvolveu-se uma aristocracia no seio das famílias alargadas, clãs e tribos. Os velhos, fundadores das famílias, tinham tarefas importantes. A população produzia, os chefes armazenavam e organizavam tarefas produtivas, pois restava lhes muito tempo para observarem o ciclo da natureza, que permitia lhes ter conhecimentos a cerca do tempo e prazo das sementeiras. O melhoramento das técnicas agrícolas e consequente aumento da produção. Permitiu aos chefes afastarem-se das tarefas agrícolas ao longo de um processo que durou centenas de anos, os velhos aumentaram o seu prestígio, tinham autoridade religiosa e exigiam tributos das populações submetidas. Assim os chefes detinham as melhores terras, além de reclamarem a posse das minas e o controle do comércio. O constante aumento da produção permitiu lhes viver na riqueza e com grande poder, ao mesmo que exigiam tributos cada vez maiores. Deste modo nasceu uma elite, que vivia dos trabalhos das populações, nas machambas, nas minas e no comércio, classe dirigente e uma classe dirigida.
Organização político-administrativa do grande Zimbabwe
O grande Zimbabwe, onde vivia o rei, era o centro politico-espiritual, ligado a diversos madzimbabwe (pequenas casas de pedra) regionais onde viviam os chefes províncias. Ali discutia-se os problemas do estado e diziam que dialogavam com os espíritos dos mortos.
A classe dirigente era composta por cerca de 1000 mil, dominavam as comunidades rurais, enquanto as minas eram directamente controladas pelo rei e seus funcionários, por ele enviados para diversas regiões do estado, a fim de forçar os camponeses a trabalharem nas minas.
Actividades Económicas
Agricultura
Tendo em conta o clima e outras condições do planalto, acumularam-se experiencias e aumentaram a produção agrícola, como o cultivo de terraços e uso de canais de irrigação. Melhoraram alimentação e produziram excedentes. Nem todos os homens eram agricultores, alguns especializaram-se como artesões, sendo estes abastecidos em alimentos pelos agricultores, produziam cereais como mapira, e a mexoieira.
Pastorícia
A actividade agrícola era acompanhada pela criação de gado, onde criavam boi, carneiro, cabrito, uma parte do gado era herdado pelos membros da aristocracia, em grande número, chegando atingir milhares de cabeças.
Durante as escavações arqueológicas foram encontradas grandes lixeiras de ósseos de vitelos perto da área residencial do chefe máximo do Grande Zimbabwe o que levou os investigadores a pensarem que os camponeses deviam pagar impostos em cabeças de gado.
Para acumular riquezas, os chefes exigiam ou cobravam tributos de diferentes formas:
- Prestação de serviços nas minas de ouro e na caça ao elefante;
- Impostos sobre as mercadorias, pagos pelos mercadores em trânsito pelo território;
- Oferta simbólica aos deuses (paga através dos chefes)
- Dias de trabalho forçado nas terras dos chefes.
Mineração
A grande riqueza mineira que encontrava-se na região permitiu a estes povos uma extracção relativamente fácil de ouro, ferro, cobre e do estanho. Mas também a posse do ferro significava maior poderio militar, como armas, mais poderosas e a possibilidade de conquistar novas terras, com a produção de ferro desenvolveu-se a arte do ferreiro, que tornava a sociedade do Zimbabwe privilegiada. O trabalho dos metais era muito praticado, o cobre e o ouro eram os mas trabalhados para fins comerciais e para o uso da aristocracia.
Comércio
A possibilidade de as aldeias fazerem troca directa de cereais, gado e sal, além de objectos de adorno (missangas e conchas) e de instrumentos de ferro lentamente, começaram a desenvolver o comércio com o Exterior. As primeiras trocas comercias realizaram-se provavelmente entre os séculos IX – X, Al- Masudi viajante árabe, referiu-se a Sofala no século X. Por volta de 900 N.E. começaram a vender ouro e cobre em mercados do oceano indico. Através dos Swahilis da costa oriental mantiveram contactos indirectos com mercadores: (árabes, indianos e chineses) e enviaram agentes para todos os portos da costa.
O ouro era extraído das minas e exportado para a Costa dai para mercados da arábia e índia. A aristocracia forçava os camponeses a trabalhar nas minas e controlavam o produto do seu trabalho. O marfim também era muito procurado pelos mercadores, atingindo valores muito elevados nos mercados da Arábia e da índia.
A troca directa (produto por produto) foi o primeiro sistema comercial que se utilizou. Depois, as trocas começam a fazer-se com moeda. Nascendo assim o comércio. Este comércio começou por ser local (entre as aldeias), depois regional (comércio a curta distancia) e por fim internacional (a longa distancia).
Evolução cultural
A religião e poder ideológico
Segundo PEREIRA (2005:44), diz que o povo acreditava no poder sob natural dos chefes, que se diziam serem capazes de interpretar a chuva, o trovão, as doenças e outros fenómenos naturais, cujas origens se desconheciam. Julgando que acreditava a ira dos espíritos, dedicavam lhe ritos e sacrifícios.
Os chefes dirigiam cerimónias religiosas, Esta autoridade em assuntos espirituais servia para consolidar o seu poder político. No grande Zimbabwe foram encontrados muitas estátuas altas em pedra sabão, belas esculturas de uma ave com as asas fechadas. Estas aves estavam ligadas a crenças religiosas. O povo do grande Zimbabwe conhecia dois nomes para esta ave. Uma era shirichena (ou ave da plumagem brilhante) e o outro shiri ya Mwari (ou ave de Deus), no grande Zimbabwe, dizia se que os sacerdotes eram sábios, pois eles, aconselhavam os governantes, e eram capazes de descobrir os desígnios de deus se escutassem os gritos da ave, por isso eles estavam isentos, do trabalho para poderem observar o ciclo da natureza, da agricultura, do tempo das doenças e a sua evolução, transmitindo depois a sua experiencia aos sucessores.
Causas da Decadência
Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se conhecendo as razões desse abandono mas, pela mesma altura, verificou-se uma grande invasão de povos também de língua chiShona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas Estes invasores submeteram os povos duma região que se estendeu até ao Oceano Índico, desde o rio Zambeze até a actual cidade de Inhambane, pelo que não é claro o abandono do Grande Zimbabwe.
As razões do abandono do grande Zimbabwe são de natureza económica (esgotamento dos recursos naturais, interrupção das rotas do Save), mas também aborda questões relacionadas com o aumento demográfico na região do planalto, a procura de terras férteis para a prática da agricultura, a luta entre os chefes dos clãs pelo controlo do comércio a longa distância.
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