O que fez, oh cobrador?

Essa história começa muito triste, as vezes engraçada, as vezes mau.

Numa altura em que o povo clama por transportes públicos. “Espera lá, eu disse *clama*?; Não. Quis dizer”: numa altura em que o povo moçambicano precisa dos transportes públicosp ara se locomover. O barulho pelo aumento de mais autocarros que faculte o seu lengalenga, na minha ótica, só se fez sentir pela habilidade dos profissionais de jornal. Esse tipo é melhor que filósofo em levantar problemas. Mas é pior que um casal quando se trata de resolver los.

Sim! Vi na TV que há um rogo do povo para que se aumente significativamente os transportes públicos. De um lado, porque as pessoas ficam superlotadas. “nos enchem como se fôssemos sacos de areia” – dizia uma entrevistada. Por outro lado, porque, apesar de tanto encher, as pessoas não cabiam nos automóveis para sua locomoção. ATENÇÃO, esse termo locomoção, não é empregado como simples vaivém. As pessoas que reclamam mais disso são pessoas que se sentem mais lesadas com isso. E quem seriam essas? Os trabalhadores, é claro! Se os trabalhadores atrasam os trabalhos atrasam também. Sem falar dos que nem chegar conseguem nos seus locais de trabalho. Para esses, diz-se que o trabalho totalmente parou nesse dia. Se o trabalho para num país, o desenvolvimento para. Se o desenvolvimento para, o país empobrece.

Iii! Falei muito pá! Mas na verdade eu queria falar acerca duma virtude do cobrador que presume a tolice do mesmo. Essa virtude foi ou é de um dos cobradores que sobejamentea cumula fortuna por trabalhar como cobrador. Mas que cobrador acumula fortuna com isso?

É assim! Numa altura em que o povo não tinha percebido que se precisa de mais transportes. Os cobradores passam a render muito, eram reis! As pessoas subiam num autocarro independentemente de como se encontrava cheio. Ou melhor, os cobradores não iam atrás dos passageiros, mais o contrário. O cobrador não enchia os passageiros estupidamente, mas o contrário. Quem gritava “Baixa, Boane, Magoanine”, não era o cobrador, mas o passageiro. No futebol seria como a bola corresse atrás do jogador, assim como ocorre com a bola nos pés de Messi.

Verdadeiramente os cobradores foram reis da locomoção. Ricos, pois as pessoas nem escolhiam os transportes, subiam absurdamente, não importava como se encontrava cheio. Porque se perder esse, corre risco de não encontrar outro. Antes os cobradores lutavam pelos passageiros, mas nessa altura os passageiros lutavam por eles. De dia e de noite, carros de 16 passageiros, cabia 35. De 35 cabia 50. Os cobradores faturavam gradualmente, ser cobrador era como trabalhar na mina. Se a ideia era fazer 12 mil por dia, eles faziam mais de 18 mil por dia. Isto acontecia por causa da sede dos transportes dos passageiros e, da transigência do cobrador.

Foi nesta altura que o cobrador mostrou que não era egoísta, pensava no outrem. Bem, eu não sei se isso mostrava a falta de ganância, egoísmo, da parte dele! Mas foi isso, acompanhe comigo. Irás julgar segundo sua ótica. Como o cobrador é uma pessoa normal, e sempre uma pessoa normal conhece um parceiro sem job, que precisa de rendimento. Cobrador, vendo que sua área rende manigue1,  convoca a malta para passar a trabalhar como cobradores. A emergência de autocarros para servirem de transportes, era assaz.

E assim foi. Começou a surgir muitos reinados, na mesma estrada. O empobrecimento começa a se fazer sentir, de um lado porque os novos reis são simpáticos, carinhoso e tratam com delicadeza os passageiros, vão atrás deles, babam pois querem ser aceites, e preferidos pelo povo, já que são amadores né. Por outro lado, porque os transportes nas vias são muitos, e os passageiros passam a ter o poder de escolha, já não se aglomeram num único transporte. E o reinado dos cobradores entra em detrimento. E como forma de sobrepujar essa situação, os cobradores começam a ir a trás da bola, estupidamente. Começam a encher absurdamente, irracionalmente, loucamente. Isso porquê? Por quererem render o mesmo quando eram monárquicos, aristocratas. Eles não perceberam que na estrada já há democracia, apesar de que eles mesmos foram os que deram origem a esses reinados.

O que fez ô cobrador?

A festa estava boa, se comia muito bem. Mas quando começou a convidar, a festa encheu; como quererás comer da mesma forma se só se se aumentou pessoas não a comida?

Se na altura por exemplo, o dinheiro de 50 mil do povo, que os cobradores rendiam por dia, era divido para 2 cobradores. E um chamou mais um, outro mais dois cobradores. Em suma passam a ser 5 cobradores, então o dinheiro do povo que equivale 50mil, será distribuído 10 mil para cada, diferente de quando eram 2, onde um tinha 25mil. Já que os cobradores chamaram seus amigos irmão, porém não querem entender que o dinheiro que conseguiam automaticamente se divide e passaram a render menos valor. Como forma de falta de entendimento disso, eles fazem todo possível: nos apertam, encurtam rotas, etc. Só para poderem ganhar como antes. O que é já impossível.

O que diremos dos cobradores, foram altruístas, ou é prova do quanto foram irracionais? Conclua você mesmo!

 

 

Por Jorge JMJ

 

1 Manigue – muito, demasia.