Quatro temas tratados por ele merecem menção particular em uma história do pensamento: 1) a nova interpretação da linguagem; 2) a nova concepção da história; 3) a tentativa de mediar spinozismo e teísmo; 4) a ideia do cristianismo como religão da humanidade.

1)A opinião comum é a de que cabe a Humboldt o mérito de ter fundado a linguística moderna. Mas alguns pensam que o mérito deveria ser atribuído a Herder (sobretudo pelo escrito "Tratado sobre a origem da língua").

O certo é que suas concepções a esse respeito são muito originais e inovadoras. A língua não é algo meramente convencional, puro meio de comunicação, mas expressoda natureza específica do homem.

O homem distingue-se do animal pela "reflexão". E a reflexão cria a linguagem, fixando o jogo móvel das sensações e dos sentimentos na expressão linguística. A poesia é algo de profundamente natural, que se constitui ainda antes da prosa que, ao contrário, pressupõe a mediação lógica.

A lingua fixa o marejar dos sentimentos, oferece ao homem os meios para expressá-los e faz com que todo progresso humano ocorra com e pela língua, a ponto de Herder afirmar que nós somos "criaturas da língua".

2) A visão herderiana da história também é profundamente nova em relação à visão iluminista.

a) Como a natureza é organismo que se desenvolve e progride segundo esquema finalístico, da mesma forma a história é desenvolvimento da humanidade que também se desdobra conforme um esquema finalístico. Deus opera e se revela tanto na primeira como na segunda.

b) Portanto, a história está necessariamente voltada para a concretização dos fins da Providência de Deus; por conseguinte, o progresso não é simples obra do homem, mas obra de Deus que leva a humanidade à plenitude da realização.

C) No decurso histórico, toda fase (e não somente a fase terminal) tem significado próprio (Herder reavalia fortemente a Idade Média na obra "Ainda uma filosofia da história", ao passo que na mais breve ideias para uma filosofia da história da humanidade a valorização que faz se revela bem mais contida).

d) Por fim, a concepção iluminista do Estado, Herder contrapõe a idtia de "povo" considerado como unidade viva, quase como organismo (ideia, aliás, que prosperaria muito).

3) Essa concepção da história pressupõe um Deus criador, pessoal e transcendente, ou um Deus imanente? Nesse ponto, Herder se mantém oscilante e ambíguo e, como já dissemos, chega até a tomar posição em favor de Lessing e de Spinoza. Ele tenta salvar Spinoza, concebendo Deus como substância que, embora passando pela natureza, não está contida inteiramente nela. Todavia, seu livro sobre o assunto, Deus, já citado, está cheio de aporias e incertezas.

4) Por fim, destaca-se a ideia de cristianismo, entendido não tanto como uma das religiões, mas como a religião da humanidade. Porém também nesse ponto Herder se mostra ambíguo, porque não parece disposto a conceder a divindade a Cristo, no sentido da teologia cristã.

Entretanto, não o transforma em ideia ou simbolo, mas o considera como homem que viveu aquele tipo de vida que leva de modo perfeito a Deus.

E nesta chave ele interpreta também a teologia paulina. Muitos dos conceitos que Herder expressou em uma moldura teórica incerta, quando situados em novas perspectivas idealistas, conhecerão desenvolvimento essencial; sucesso particular terh a filosofia da história, que encontrará em Hegel sua máxima expressão.