O terceiro princípio representa o momento da "síntese". A oposição entre o Eu e o não-eu ocorre no Eu, como já vimos. Ora, essa oposição não é de tal monta que o Eu elimine o não-eu e vice-versa, e sim um delimita o outro e vice-versa.

Com efeito, é evidente que a produção do não-eu não pode surgir senão como limite ou como determinação do Eu. Assim, necessariamente, o não-eu determinado comporta um Eu determinado.

Fichte usa o termo "divisível" para expressar esse conceito, de modo que a fórmula daí resultante torna-se clara: o Eu opõe no Eu um não-eu divisível ao Eu divisível. Fichte identifica esse terceiro momento com a "síntese a priori" kantiana. E, nos dois primeiros momentos, indica as condições que a tornam possível.

Além disso, Fichte esta convicto de estar em condições de "deduzir" as categorias, que Kant pretendeu extrair de modo metódico seguindo um fio condutor, mas que, na realidade, extraiu mecanicamente do quadro dos juízos.

Dos três princípios examinados, por exemplo, podem-se "deduzir" as três categorias da qualidade: 1) afirmação (primeiro princípio); 2) negação (segundo princípio); 3) limitação (terceiro princípio).

De modo análogo, Fichte procede para deduzir também as outras. A antítese entre Eu e não-eu e a limitação recíproca explicam tanto a actividade cognoscitiva como a actividade moral:

1) a actividade cognoscitiva funda-se no aspecto pelo qual o Eu é determinado pelo não-eu;

2) a actividade prática funda-se, por sua vez, no aspecto pelo qual o Eu determina o não-eu.