os Sofistas – PROTÁGORAS.

PROTÁGORAS nasceu provavelmente em 481 a. C., em Abdera (logo, é conterrâneo de Demócrito) e transferiu-se, ainda jovem, em Atenas onde ensinou. Não se conhece a data da sua morte bem como a causa. Da sua obra pouco ou nada nos resta, mas seu pensamento nos foi conservado por Platão que usou seu nome como título de uma das suas maiores obras, com o seu nome, Protágoras, e ainda usou sua figura como personagem noutra obra intitulada Teeteto, mas nunca se sabe se Platão apresentou sua figura com justiça ou se apenas a usou como expressão de sua vingança ou ressentimento. Talvez se apresentado tal como Protágoras era, seria uma honra para Platão citá-lo. Foi o expoente máximo da Sofística.

PROTÁGORAS defende que não existe verdade absoluta (verdade acima de todas as verdades ou opiniões, verdades universais), que todo o conhecimento do homem não é senão uma interpretação da realidade por meio dos sentidos e os sentidos são diferentes. Daí que as interpretações das coisas são também diferentes. É assim que quando reclamamos que está frio o outro pode dizer o contrário. Nesta circunstância ninguém está errado, porque para estar errado é necessário que exista uma verdade absoluta que confirmará se está frio ou não. Mas os dois estão certos na medida em que cada um interpreta tal realidade (o clima) segundo seus sentidos que são diferentes. E como esse exemplo vale para tudo, PROTÁGORA resume isso numa única e célebre frase: “O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS.”

E SE O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS, então tudo é RELATIVO, existe uma verdade para cada um e nenhuma falsidade, pois não há uma referência, uma verdade acima de todas as opiniões. E como é mesmo assim, dirá PROTÁGORAS, não é a verdade que sobrepõe as mentes, os homens, mas a palavra. Todo aquele que por meio da palavra conseguir fazer prevalecer a sua opinião, esse é o detentor da verdade. Daí a retórica ser para os Sofistas a ciência das ciências e a arte mais nobre.

Talvez nossa sociedade hoje não passa de uma sociedade robótica onde todos estamos destinados a fazer o que a cultura nos programou a fazer, por meio dos valores absolutos. Por isso falamos como falamos, sentimos como sentimos, pensamos como pensamos. Nunca questionamos nossos valores, nossos costumes, muito menos nossa fé, tudo porque ao nascer já encontramos tais verdades misturadas no leite materno. É certo que o mundo ante a nós já o encontramos e o deixaremos, mas talvez o mesmo mundo está longe de ser o que acreditamos ser. Talvez, digo com PROTÁGORAS, se o amigo está a me dizer que sente frio quando eu sinto calor, o mundo está apenas querendo me dizer que na verdade não está nem frio nem calor, mas que está como cada um acredita estar, como cada um sente, como cada um pensa. Talvez o medo de exprimir nossos pensamentos só porque a sociedade pensa diferente é o único crime que exista. TALVEZ O HOMEM SEJA MESMO A MEDIDA DE TODAS AS COISAS e a o certo ou errado não devi procurar fora, mas da MINHA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA.