Principais correntes da Historiografia africana

Corrente eurocentrista

É uma corrente marcadamente racista, pois defende a superioridade da raça branca sobre a negra. Sustenta que os africanos não tinham história antes de estabelecerem contactos com os europeus. Afirma que África não é uma parte histórica do mundo.

Hegel (1770 -1831) definiu explicitamente essa posição em sua Filosofia da História, que contém afirmações como as que seguem: “A África não é um continente histórico; ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento”. Os povos negros “são incapazes de se desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre foram tal como os vemos hoje”. (KI-ZERBO, 2010).

As coisas ficaram ainda mais difíceis para o estudo da história da África após o aparecimento, nessa época e em particular na Alemanha, de uma nova concepção sobre o trabalho do historiador, que passava a ser encarado mais como uma actividade científica fundada sobre a análise rigorosa de fontes originais do que como uma actividade ligada à literatura ou à filosofia.

Tal concepção foi exposta de forma muito precisa pelo professor A. P. Newton, em 1923, numa conferência diante da Royal African Society de Londres, sobre “A África e a pesquisa histórica”. Segundo ele, a África não possuía “nenhuma história antes da chegada dos europeus. A história começa quando o homem se põe a escrever”. (KI-ZERBO: 2010)

Os historiadores coloniais profissionais estavam, assim como os historiadores profissionais em geral, apegados à concepção de que os povos africanos ao sul do Sahara não possuíam uma história susceptível ou digna de ser estudada. Como vimos, Newton considerava essa história como domínio exclusivo dos arqueólogos, linguistas e antropólogos.

Nega assim, a possibilidade de os africanos terem contribuído para o desenvolvimento da História Universal. O Eurocentrismo defende que somente com as fontes escritas é que se faz a história.

Corrente afrocentrica 

Surge em reacção à corrente eurocêntrica. Critica radicalmente a colonização, afirmando que influenciou negativamente a evolução histórica africana. É uma corrente que valoriza excessivamente as realizações africanas. Recusa influência que os outros povos exerceram sobre a história de África. Para eles, a história é o que graças ao esforço exclusivo dos africanos, sem concorrência de nenhum factor externo.

O afrocentrismo defende que se deve interpretar e estudar as culturas não europeias, nomeadamente a africana, e os seus povos do ponto de vista de sujeitos ou agentes e não como objectos ou destinatários. Estes não defendem que o mundo seja interpretado sob uma única perspectiva cultural, como foi o caso do eurocentrismo, mais que seja reconhecida a existência de uma cultura e a sua avaliação em termo de pensamento e conhecimento através da sua própria perspectiva, nesse caso, mais concretamente a cultura africana seja analisada, por si, enquanto sujeito e não através de modelos culturais que por vezes não só a entendem como a desprezam e desvalorizam. (FARIAS, 2003).

Corrente progressista  

É uma corrente que reconhece o valor das fontes escritas, mas recusa aceitar que a história seja feita apenas com base em documentos escritos, negando assim, ao eurocentrismo. Contrariamente ao eurocentrismo e ao afrocentrismo, o progressismo não espelha complexo de superioridade nem de inferioridade. Reivindica

 Parafraseando Ki-zerbo (2010:3) O progressismo expandiu-se a partir de meados do século XIX com historiadores como: Albert Adu BoahenJoseph Ki-Zerbo, Teólifo Obenga, e Roland Oliver.

Uma investigação histórica séria e não discriminatória tendo como chave a combinação de várias base metodologias e fontes. Esta corrente depende a importância das fontes orais para todo o conhecimento – tudo o que é escrito é antes pensando e falado.

 

Conclusão

Apósterminado o trabalho, percebemos que a história de África foi por muitos pensadores ignorados na medida em que viam a África como se fosse um continente sem história devido a forte presença da oralidade e da ausência de escritos sobre ela. Outro passo foi dado na historiógrafa africana, quando Malinowski e Radcliffe Brown começaram a influenciar as obras sobre a África, pois eles criticavam uma história que não tivesse um lastro de fontes. Essa influência fez sair algumas obras de cunho mais histórico, como as de Leo Frobernius que era etnólogo, antropólogo cultural, arqueólogo e historiador camuflado.

Ele publicou inúmeros trabalhos com os resultados de suas pesquisas, dentre outros pontos ele encontrou as estatuetas da cidade de Ifé. Ele buscava uma influência etrusca na cultura africana, inclusive nas estátuas. Fage aponta que obras de Frobernius praticamente não são lidas e são muito criticadas, mas o autor ressalta que se faz necessária uma releitura das mesmas, pois elas são repletas de informações.

 

Bibliografia

Enciclopédia Miradora Internacional. São Paulo 1981

FARIAS, P. F. De Moraes. Afrocentrismo: entre Uma Contranarrativa histórica Universalista e o Relativismo Cultural. São Paulo. 2003

KI-ZERBO, Joseph. História Geral de África I: metodologias e pré-historia de África. Brasília: Unesco.