Léon-Gontran Damas nasceu na Caiena, no dia 28 de março de 1912 - 22 de janeiro de 1978, foi um escritor, poeta e político francês, nascido na Guiana Francesa e falecido nos Estados Unidos. Seu pai é mestiço africano-europeu; sua mãe, africano-ameríndia. Com um ano de vida, perde a mãe. A criança, asmática e de saúde frágil, vai ser criada pela tia Grabielle Damas, apelidada “Man Gabi”, que o formará numa educação burguesa à francesa. Aos doze anos, é enviado à Martinica, uma das Antilhas francesas, para estudar no Liceu Victor Schoelcher, onde terá como colega Aimé Césaire e como professor, Gilbert Gratiant. Alguns anos depois, vai concluir seus estudos fundamentais na França. Em Paris, trava relações com Léopold S.
Senghor e reencontra Aimé Césaire. Assim, surge o tripé do movimento literário e intelectual que passará a ser conhecido como Negritude
Foi um dos fundadores da Negritude, juntamente com Aimé Césaire e Léopold Sengor nos anos 1940. Amante do jazz, publicou em 1937 o livro Pigments, reunião de poemas prefaciada por André Gide, que se revolta com violência contra a educação crioula que ele vê como uma aculturação imposta. Um de seus grandes temas é a vergonha da assimilação. Engajado na política, foi deputado da Guiana.
Para Damas, a Negritude é “a tomada de consciência de um estado de
coisas que se caracteriza por três elementos: a colonização, a assimilação, uma vontade de integração humana”. Embora sempre mencionado com um dos três“ pais fundadores” do movimento, Damas acabou por ficar marginalizado e hoje goza de uma posteridade menos brilhante que a dos outros companheiros. Talvez porque sua carreira política não tenha sido tão prestigiosa quanto a do deputado-prefeito Césaire ou do presidente Senghor. Além disso, em Paris, manteve-se afastado da revista Présence Africaine, que era o núcleo da cultura negra na capital francesa. Finalmente, sua poesia, mais bruta e rebelde, demasiado agressiva em alguns aspectos e, na aparência, mais “fácil” que a de Césaire e Senghor, não se presta tanto, talvez, à publicidade literária.
Léon-Gontran Damas é poeta da insurreição. No entanto, sua poesia também apresenta outro engajamento, o engajamento amoroso, no qual a mulher é idealizada numa tonalidade doce-amarga, às vezes com um lampejo de raiva que beira o escárnio. Sua obra poética inclui Pigments (1937), Graffiti (1952), Black Label (1956), Névralgie (1966). Sua produção ensaística se compilou em Retour de Guyane (1938). Em prosa, temos os contos de Veillées noires: contes nègres de Guyane (1943). Morreu em 1978.
Escolhemos traduzir alguns dos poemas curtos da série Graffiti, os quais,
como indica o título da coletânea, poderiam ter sido “rabiscados num muro”. Para tornar conhecido o autor, não por sua obra engajada, mas por sua poética amorosa, selecionamos, dos Graffiti, aqueles que têm por núcleo irradiador a mulher: amada, recordada, perdida, vista de passagem. São poemas de melancolia amarga (“minha aflição/de cachorro doido”), de tristeza prevista (“meu coração que se inquieta/e que já receia/um belo dia/ter de esperar-te em vão”) e de impaciência (“Deus como és bela/mas/lenta para ficar nua”). A aparente simplicidade da forma e da
linguagem não deve nos enganar: por trás dos versos curtos, dos poemas rápidos, pulsa uma forte tensão, característica da voz rebelde de um poeta que foi também um homem de lutas incessantes contra o racismo e o colonialismo.
Referências bibliográficas
ACHOUR, Christiane C. (2010). Dictionnaire des écrivains francophones classiques. Paris: Honoré Champion.
DAMAS, Léon-Gontran (1956). Black-Label et autres poème. Paris: Gallimard.
ROUCH, Alain; CLAVREUIL, Gérard (1986). Littératures nationales d’écritures française.Paris: Bordas.
JOUBERT, J.-L.; LECARME, J.; TABONE, E.; VERCIER, B. (1986). Les littératures francophones depuis 1945. Paris: Bordas.