O Mapa Político da África após a Conquista e Ocupação
O período de 1880 a 1910, um intervalo de 30 anos, foi marcado por
profundas transformações no mapa político de África.
Se em 1880, apenas 20% do território africano, correspondente às regiões
costeiras, é que registava a presença de europeus; em 1914 o continente
africano estava quase totalmente ocupado exceptuando apenas a Libéria e
a Etiópia. Os vários estados, reinos e impérios africanos que existiam em
1879 deram lugar a cerca de 40 novos estados. 

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Mapa: África de 1914
A maneira como foram edificados os novos estados africanos suscita
algumas divergências aos historiadores.
Para alguns historiadores, as fronteiras dos novos estados são arbitrárias,
artificiais e aleatórias, na medida em que não tomam em conta a ordem
política anterior à conquista e ocupação.
Outros consideram que as fronteiras resultantes da ocupação colonial são
mais razoáveis.
Em qualquer dos posicionamentos existe uma certa dose de verdade,
senão veja.
Cerca de 30% da extensão total das fronteiras dos países africanos são
linhas rectas, que cortam as fronteiras etno-linguísticas dos povos neles
residentes. Por outro lado os limites mantidos seguiam traçados nacionais
pelo que não são tão arbitrários e inapropriados. Além disso a
modificação de fronteiras como resultado de guerras internas, como o
Mfecane, as djihads dos peul e outras, mostra como as fronteiras
africanas anteriores à partilha eram bastante móveis.
Como se explica que os europeus tenham conseguido subjugar todo um
continente que, até, é lhe muito maior em extensão e número de
habitantes?
Poderíamos aqui neste espaço destacar alguns factores que concorreram
para a tomada da África pelos europeus:
1. A ausência de uma acção concertada de luta contra a ocupação,
levada a cabo pelos africanos, chegando alguns estados africanos a
aliar-se aos europeus para lutar contra outros estados africanos; 

2. A superioridade económica dos europeus assente na industrialização
que se traduzia na capacidade destes constituir e suportar exércitos
profissionais, enquanto os africanos dificilmente conseguiam ter
exércitos permanentes, limitando-se a recrutar homens, muitas vezes,
sem nenhuma experiência de guerra, sempre que houvesse ameaça de
guerra.
3. A superioridade militar dos europeus-numa altura em que os
europeus usavam as últimas criações da indústria bélica (as modernas
metralhadoras Gatling e Maxim e a artilharia pesada das forças
navais, incluindo veículos motorizados e aviões), os africanos
usavam as armas tradicionais e as obsoletas espingardas de
pederneira e de carregar pela boca. Além disso a convenção de
Bruxelas de 1890 proibia a venda de armas aos africanos.
Portanto, a superioridade económica, política, militar e tecnológica dos
europeus em relação aos africanos tornaram a luta entre africanos e
europeus, bastante desigual, o que explica o triunfo relativamente fácil
dos europeus diante da resistência africana.
Outras questões que importa colocar em torno da partilha são:
• Como é que se explica que os estados europeus tenham decidido
ocupar a África?
• Em que medida consideravam eles, essa acção legítima e
defensável no quadro das relações entre as nações?
Durante o período da partilha, estas questões prendiam a atenção de
vários historiadores, políticos e cientistas, em geral, que apresentaram
diferentes ideias sobre o fenómeno. A diversidade de ideias sobre o
assunto é tal que podemos falar em diferentes teorias sobre a partilha.
Esta matéria será, pois, objecto de estudo da nossa próxima lição.