A África Oriental nas Vésperas da Partilha
Nas vésperas da partilha do continente africano, as sociedades da África
Oriental apresentavam níveis de organização bastante díspares. Algumas
sociedades como os Baganda e Banyoro, no Uganda, Banyambo no
Tanganhica e Wanga no Quénia eram centralizadas. Outras como os
Nyamwezi, do Tanganhica e os Nandi no Quénia estavam em processo de
organização como estados centralizados. Outras, ainda, viviam em regime
nómada sem uma organização social estável.
As diferenças entre as sociedades da África Oriental também se
manifestavam a nível do contacto com os árabes e europeus.
Os povos do litoral tinham um contacto mais profundo com os europeus e
árabes do que os do interior, como por exemplo os akamba do Quénia e
os Nyamwezi do Tanganyika que se ocupavam do comércio de caravanas

O comércio a longa distância. Os baganda e os wanga também estavam
envolvidos no comércio, de marfim e escravos, com os árabes.
A seguir vai ver como aconteceu o processo de ocupação do Quénia.
A Resistência e Conquista no Quénia
Os Nandi foram os que ofereceram a resistência mais viva e mais
prolongada (1890 – 1905) do país.A força militar dos Nandi explica-se
pela grande coesão social e pela confiança dos guerreiros em si próprios e
no seu chefe. Graças a sua enorme força combativa os Nandi
conseguiram resistir à ocupação estrangeira por mais de sete anos.
No centro do país a reacção não teve a mesma dimensão devido as
divisões entre os diferentes grupos, chefes ou clãs e as alianças de uns
com os ingleses contra outros chefes africanos. Por exemplo o chefe dos
Gikuyu - Waiyaki – decidiu aliar aos ingleses tendo chegado a fazer um
tratado de fraternidade de sangue com Frederick Lugard, agente da Ibeac.
Procedimento idêntico teve Lemana de um dos grupos Masai que, em
compensação, foi nomeado chefe supremo dos Masai.
No litoral a resistência foi protagonizada pela família Mazrui encabeçada
por Mbaruk Bin Rashid. A resistência dos Mazrui deveu-se à crescente
influência britânica nos assuntos internos das sociedades do litoral
A revolta de Mbaruk teve lugar em 1895 quando, após a morte do váli
(rei) de Takarungu os ingleses da Ibeac indicaram, para substituto, um
aliado seu em vez de Mbaruk que era o legítimo herdeiro do trono.
Entretanto Mbaruk foi derrotado pelos ingleses.
Mais para o interior, os akamba revoltaram-se contra a pilhagem inglesa e
consequente apropriação de cabras, bovinos e até imagens religiosas
consideradas sagradas. A reacção foi encabeçada por por Nziba Mwea
que, em 1890, decidiu recusar-se a fornecer alimentos aos ingleses. No
norte, nos confins do país Kisimayo, os ingleses enfrentaram a resistência
dos Ogdens somális, dos Mazrui e dos akamba, que acabou sendo
derrotada após a intervenção de tropas indianas em 1899. Os Taita
também se envolveram em conflito com os ingleses após se recusarem
fornecer carregadores.
No Quénia Ocidental a principal figura foi Munia, o rei dos Wanga, que
via nos ingleses mais um grupo de mercenários que podia ser usado como
tal na luta contra os seus inimigos (Iteso e Luo). Assim este rei optou
sempre pela aliança.
A Resistência no Tanganyika
No Tanganyica a resistência decorreu tanto por via diplomática como
com emprego da força. 

Em 1891 e 1893 Mbunga envolveu-se em conflitos com os alemães,
enquanto Hasani Bin Omari também se confrontava com os alemães no
interior diante de Kilwa. Em 1891 os hehe, liderados por Mkwawa
derrotaram os alemães que se vingaram em 1894, tomando a capital, mas
sem conseguir prender o chefe Mkwawa. Já 1899 em foi a vez dos
maconde combaterem os alemães.
A conquista alemã no litoral, liderada por Karl Peters, enfrentou a
resistência de Abushiri ao longo da costa e das tribos gogo, chaga e Hehe.
As duas primeiras foram subjugadas com relativa facilidade, mas os hehe,
liderados por Mkwawa resistiram até 1898.
Sob comando de Abushiri, em Setembro em 1888, os povos do litoral
incendiaram um navio de guerra alemão, antes de atacar Kílwu e matar os
dois alemães que lá residiam e assaltar Bagamoyo.
Reagindo aos acontecimentos, a Alemanha, enviou Hermann Von
Wissman, para a região. Tendo chegado em Abril de 1889 atacou
Abushiri em Bagamoyo, forçando-o a retirar-se para Uzigua onde acabou
sendo preso e enforcado em Dezembro de 1889. Em Maio de 1890 Kílwa
foi bombardeada e tomada de assalto pelos alemães terminando assim a
resistência no litoral do Tanganyica.
A seguir veja, caro aluno como aconteceram as coisas no Uganda.
Uganda
No Uganda a resistência à ocupação inglesa foi particularmente
conduzida pelos reis Kabarega do reino Bunyoro e Mwanga do reino
Buganda.
A resistência de Kabarega decorreu entre 1891 e 1899. A opção inicial
deste rei foi o confronto, mas após falhar nos seus intentos decidiu
recorrer à diplomacia, tentando sem sucesso um acordo com Lugard. Na
fase final e diante do fracasso das tentativas de aproximação com os
ingleses, Kabarega decidiu-se pela guerrilha. Assim abandonou o
Bunyoro e refugiou-se no país Lango, a norte de onde lançou ataques de
surpresa infligindo baixas aos ingleses.
O rei Mwanga de Buganda, proclamado protectorado britânico em 1894,
privilegiou a diplomacia.
Desde a sua chegada ao trono, em 1894, Mwanga tentou limitar o
contacto dos europeus com os baganda, punindo, às vezes com a morte os
que abraçassem o Cristianismo.
Na sua tentativa de impedir o domínio dos estrangeiros em seu território,
Mwanga adoptou a estratégia de “dividir para reinar” ora aliando-se aos
cristãos contra os muçulmanos, ora aliando-se aos muçulmanos contra
cristãos. Portanto, para ele todos os estrangeiros representavam uma
ameaça ao seu poder pelo que era preciso pô-los fora. 

Um dos últimos actos de resistência de Mwanga teve lugar em 1898,
quando, alegando uma tradição dos Baganda tentou atrair todos os
estrangeiros para uma parada naval numa ilha do lago Vitória, onde
pretendia deixá-los morrer a fome. Contudo o plano foi descoberto pelo
que os europeus montaram-lhe um golpe substituindo-lhe pelo irmão.
Pouco depois tentou retomar o poder e juntou-se a Kabarega na guerrilha,
mas ambos foram capturados e deportados em Kisimayu, onde Mwanga
morreu em 1903.