Origem do HIV

O HIV (Vírus de Imunodeficiência Humana), é um vírus que ataca o sistema imunológico causando a SIDA. Este pertence à família do vírus retroviridae, subfamília orthotrovirinae e ao género lentivírus (Pereira, s.d). Segundo AIDS (s.d.) o HIV pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogénicos que, para multiplicar-se necessitam de uma enzima denominada transcriptase reversa.

Embora não se saiba qual a sua origem ao certo, supõe-se que este seja proveniente de primatas não-humanos da África Subsaariana pois, foi identificado em uma subespécie de chipanzés um vírus com 98% de similaridade em relação ao HIV, o SIV (Vírus da Imunodeficiência Símia). Dentre estas similaridades estão o facto de pertencerem a mesma família, apresentarem estruturas semelhantes e possuírem a capacidade de infectar linfócitos através das células CD4. Alguns trabalhos científicos sugerem que o HIV passou a infectar o homem há poucas décadas (AIDS).

De acordo com a Unicef (1998), existem dois tipos de HIV: o HIV-1 e o HIV-2. Pereira (s.d.) diz que o HIV-1 terá sido transmitido inicialmente entre 1930 ± 15 e o HIV-2 terá sido transmitido por volta de 1940 ± 16, sendo que ambos causam a SIDA e os canais de transmissão são os mesmos, entretanto, a transmissão de HIV-2 é ligeiramente mais difícil e este serotipo causa uma progressão mais lenta das infecções.

Estrutura do HIV

De acordo com o Ministério da Saúde (2013) a estrutura do vírus tem três capas:

  1. Capa interna ou nucleoide, que contém duas moléculas completas de Ácido Ribonucleico (ARN), além do núcleo proteína e as enzimas virais.
  2. Uma capsida icosaédrica.
  • Um envelope que deriva da célula hospedeira, no qual inserem-se as glicoproteínas em projecções externas, e os antigénios de histocompatibilidade que derivam da célula hospedeira.

Ciclo vital do HIV

O HIV é bastante lábil fora do corpo humano, sendo inactivado por uma variedade de agentes físicos e químicos como o calor e o hipoclorito de sódio e glutaraldeído, respectivamente. Em condições experimentais controladas, as partículas virais intracelulares sobreviveram no meio externo, no máximo, por um dia, enquanto que partículas virais livres sobreviveram por 15 dias, à temperatura ambiente, ou até 11 dias, a 37ºC.

De acordo com o Ministério da Saúde de Moçambique (2013), o ciclo do HIV inicia a partir do momento que o vírus entra na célula hospedeira (TCD4) e termina com a formação de novas cópias do vírus, se desenvolvendo nas seguintes fases: fusão, transcrição, integração dentro do núcleo da célula, tradução ou reprodução das componentes virais e formação de novos vírus.

Aspectos Clínicos

Os aspectos clínicos aqui referidos, estão ligados a progressão da infecção pelo HIV para SIDA que, segundo o Ministério da Saúde (2013) varia de 8 a 10 anos e consiste do tempo que passa desde a infecção pelo vírus até ao momento em que a pessoa com o HIV desenvolve o SIDA. De acordo com AIDS (s.d), a infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas:

  1. Infecção aguda: fase em que o HIV entra no corpo e ataca os linfócitos CD4+;
  2. Fase assintomática, também conhecida como latência clínica: onde apesar do vírus já estar no organismo humano este não se manifesta;
  3. Fase sintomática inicial ou precoce; e Depois de alguns anos, o número de linfócitos CD4+ no sangue diminui e o sistema imunológico não consegue proteger o corpo;
  4. SIDA: é a fase caracterizada pelas doenças oportunistas.

A SIDA (Síndroma da Imunodeficiência Adquirida) é o nome que recebe o grupo de doenças que afectam as pessoas infectadas pelo HIV. Sendo que são doenças que aparecem ou manifestam-se quando o organismo da pessoa infectada com o vírus do HIV já não é capaz de se defender das infecções devido ao enfraquecimento do sistema imunológico.

Recebe esta designação SIDA, em que o “S” é de síndroma, uma combinação de sinais e sintomas que formam um quadro clínico distinto de uma disfunção; “I” e “D” são de Imunodeficiência, que se verifica quando o sistema imunológico ou protector de uma pessoa cede e esta torna-se vulnerável a infecções, e “A” é de Adquirida, o que significa que a doença não é hereditária nem congénita.

Opção metodológica

Para este artigo fez-se um estudo qualitativo e quantitativo. O estudo qualitativo resumiu-se em entrevistas à senhora Lídia Reis, do Centro de Aconselhamento e Testagem da UCM-FAGRENM e à Irmã Ivete Langa, da Universidade Zambeze, curso de medicina dentária. O quantitativo consistiu num inquérito aos estudantes da mesma instituição e à alguns dos residentes do bairro Francisco Manyanga, unidade Armando Tivane e do bairro Chingodzi.

A maior prevalência verifica-se em adultos (15-49 anos) e segundo a OMS a contaminação pelo HIV acontece predominantemente pela prática de relações sexuais sem preservativo. Estando a maioria dos estudantes da UCM-FAGRENM em idades pertencentes a este intervalo, e pelo facto de muitos iniciarem a vida sexual nesta fase, considerou-se que estes apresentam característica para constituírem amostras representativas. Por este motivo inqueriu-se pessoas com idades compreendidas dos 18 aos 25 anos de idade (por volta de 50 pessoas), com excepcção de alguns que representam a minoria cujas idades estão entre os 30-45 anos (cerca de 6).

Apresentação e análise de dados

No que concerne ao inquérito, este cingiu-se em três questões básicas:

  1. Já ouviram falar do HIV/SIDA?
  2. E qual é a diferença entre o HIV e o SIDA?
  3. O que sabem sobre o HIV/SIDA?

Em relação as duas primeiras questões, de um total de 56 inqueridos, 100% já ouviu falar do HIV. Deste universo, 41,07% correspondendo a 23 pessoas não sabiam que existe uma diferença entre HIV e SIDA, sendo 33,92%, o correspondente a 19 pessoas sabiam que existe uma diferença entre HIV e SIDA explicar a diferença. Apenas 14 pessoas, o que corresponde a 25,1% soube explicar a diferença entre o HIV e a SIDA.

Em relação a terceira questão, na primeira faixa etária (18-25anos), as informações básicas sobre o HIV/SIDA rondaram no conhecimento de que é uma doença que não tem cura e que afecta muitas pessoas pelo facto delas não saberem proteger-se, coincidentemente, na segunda faixa, as respostas não eram diferentes, sendo que diziam que já ouviram falar da doença, mas ao contrario da primeira faixa etária, para alguns pode haver cura, mas ninguém a divulga pelos benéficos que tem com ela, isto porque, os países africanos necessitam de ajuda externa para adquirirem os antirretrovirais e por isso tem que continuar dependentes dos mesmos, mantendo-se assim a afirmação de que não existe cura.

Existiram divergências em termos de opinião sobre quanto tempo uma pessoa infectada pode viver, sendo que 75% acredita que podem viver mais se estiverem a efectuar o tratamento antirretroviral, as restantes 25% acreditam que mesmo com o tratamento as pessoas vivem pouco, pois, mesmo as que fazem o tratamento, acabam abandonando-os por falta de condições em questões de dieta alimentar, pois os remédios são muito forte e necessitam de alimentação adequada.

Abordando sobre quais as diferenças entre o HIV e o SIDA, 65% dos jovens, acreditam que são a mesma doença, sendo os restante 35% que incluem as pessoas da segunda faixa etária, sabem que a diferença entre ambos esta no facto de que um é o vírus e o outro é a doença propriamente dita proveniente do alastramento do vírus no corpo que ocorre quando as defesas do sistema imunológico estão em menor quantidade e já não tem forca para defender o corpo, e que por esse motivo, quem te HIV pode não ter SIDA, mas o contrário não é possível.

Tratando-se de conhecimentos básicos, também foram abordados de forma espontânea algumas formas de transmissão do vírus, sendo as mais conhecidas por 90% das pessoas de ambas as faixas a prática de relações sexuais desprotegidas e o uso de objectos cortantes já usados por possíveis pessoas infectadas. Os restantes 10% acrescentaram a estas formas de transmissão, o facto do aleitamento materno da mãe que é portadora do vírus e não se encontra a fazer o tratamento e a transfusão sanguínea.

De acordo com Reis, no que concerne as relações sexuais, elas tem maior probabilidade de infectarem as mulheres, pois são elas que recebem os fluidos masculinos, entretanto, há mais risco quando é praticado o “sexo seco”, ou seja, onde não ocorre a lubrificação suficiente para que não haja atritos e abrasão durante o acto, sendo que muitas vezes isto é causado pelo facto de serem usados muitos acessórios sexuais por ambos parceiros.

No que tange ao estudo qualitativo, as entrevistas consistiram em saber quais os conhecimentos básicos sobre o HIV/SIDA, assim, a dona Lídia Reis abordou o seguinte:

Nalguns casos, há pacientes que possuem o vírus e não são transmissores da doença a outrem, isto é comprovado pelo facto dos mesmos viverem maritalmente com parceiros não seropositivos e os mesmos não são infectados. Quanto a origem do HIV, não houve nenhuma abordagem aprofundada.

Entretanto, no que concerne as relações sexuais, elas tem maior probabilidade de infectarem as mulheres, pois são elas que recebem os fluidos masculinos, entretanto, há mais risco quando é praticado o “sexo seco”, ou seja, onde não ocorre a lubrificação suficiente para que não haja atritos e abrasão durante o acto, sendo que muitas vezes isto é causado pelo facto de serem usados muitos acessórios sexuais por ambos parceiros.

Já na entrevista a Irmã Ivete, fez-se uma explanação detalhada sobre as manifestações clinicas da Infecção pelo HIV – SIDA, como a seguir ilustra-se:

Existe o período de incubação que dura de 2 a 4 semanas, no qual existem:

  1. Infecção aguda (e uma fase assintomática70%): onde aparecem doenças como a gripe, febre, fadiga, exantema (lesão avermelhada ou rosada a nível da pele), cefaleia, faringite ou dor de garganta, mialgia (que é um termo utilizado para caracterizar dores musculares em qualquer
    parte do corpo), hepatoesplenomegalia é o aumento do tamanho do fígado e do baço acima do normal, perda de peso, náusea, vômito, diarreia. Essas manifestações podem ter uma duração duas há três semanas.
  2. Infecção Persistente Crônica: é a fase onde pode haver da transmissão viral, sendo caracterizada pela:
  3. Fase Assintomática ou Latência Clínica que pode durar uns 5-10 anos. E pela presença de Linfadenopatia generalizada que aparece em nalgum momento desse período.
  4. Fase Sintomática (intermediária e tardia), a pessoa pode ter: Sudorese noturna – que quer dizer suor noturno que quase sempre representa uma doença grave; Cefaléia, (dores de cabeça); mal-estar, fadiga, (cansaço extremo); Febre diária (até 38ºC); Perda de peso; Diarreia por longos períodos; Sinusite (inerente a inflamação das vias respiratórias superiores – mucosa dos seios nasais); Bronquite (é uma inflamação dos brônquios que gera sintomas como tosse e
    falta de ar); Linfadenopatia nas axilas, (inchaço das axilas); Linfadenopatia do pescoço (inchaço dos gânglios linfáticos é geralmente causado por uma infecção ou uma massa maligna (tumor) no corpo; Infecções oportunistas; Neoplasias que e um tumor maligno é uma massa anormal de tecido (ex: sarcoma de Kaposi,); Debilitação – fraqueza e falta de movimentos normais; Demência relacionada à AIDS.

Infecções Oportunistas

Surgem por diversos meios como:

  1. Fungos: Candidíase (Também conhecida por Monoliase Vaginal, a candidíase vaginal é uma infecção ocasionada por fungo, que causa um corrimento espesso, grumoso e esbranquiçado, acompanhada geralmente de irritação no local.);
  2. Bactérias: Micobacteria tuberculosis (provoca a tuberculose);
  • Septicemia por Salmonela, e uma infecção múltipla ou recorrente por bactéria piogênica (bactérias que provocam inflamação e pus);
  1. Vírus: Citomegalovirose. Herpes Simplex, é uma infecção viral que afeta principalmente a boca ou
    genital. Se caracteriza pelo aparecimento de pequenas bolhas agrupadas especialmente nos lábios e nos genitais, mas que podem surgir em qualquer outra parte do corpo, e que às vezes confundidas com aftas. Herpes Zoster, (afeta somente um lado corpo, pois acompanha o
    trajeto de algum nervo, formando um caminho de bolhas e feridas na pele). Sarcoma de Kaposi que e mais frequente e pode se observar em 20% dos pacientes com HIV-SIDA. É um tumor maligno, pode tornar-se risco de vida quando afeta o órgão
    principal como os pulmões, o fígado, ou o aparelho gastrointestinal. Manifesta-se inicialmente na pele formando placas ou nódulos roxos, vermelhos ou marrons, que são chamados de lesões. Linfomas é um câncer que começa nas células do sistema linfático.

Referências bibliográficas

AIDS: etiologia, clínica, diagnóstico e tratamento” (s.d). Unidade de Assistência. Acedido a 20 de maio de 2016, em bvsms.saude.gov.br.

Lima, B., Cecílo, J. & Bonate, S. (2013). AIDS: Uma Visão Geral. VII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica. Acedido a 22 de maio de 2016, em www.cesumar.br

Ministério da Saúde (2013). Manual de Referência Para Clínicos: Avaliação e manejo dos doentes com HIV/SIDA. I-Tech. Acedido a 20 de maio de 2016, em www.ensinoadistancia.edu.mz.

Pereira, J. (s.d). HIV- Estrutura, Organização Genética e Ciclo de Replicação. CPM-URIA.FFUL. Acedido a 20 de maio de 2016, em www.ff.ul.pt.

Unicef (1998). A Prescripção. HIV/AIDS: Prevenção, tratamento, cuidado. Publicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância em cooperação com a Organização Mundial da Saúde e o UNAIDS. Acedido a 20 de maio de 2016, em www.unicef.org

Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Estatística & ICF Macro (2010). Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informações sobre o HIV e SIDA em Moçambique de 2009. Acedido a 20 de maio de 2016, em www.ine.gov.mz