Moçambique e Angola são dois territórios da África Austral que estiveram sob a dominação portuguesa. Tal como noutras regiões de África, os povos destes territórios resistiram contra a dominação colonial através de acções militares e alianças na esperança de manterem a sua independência.
A resistência em Moçambique
A história da nossa pátria é repleta de exemplos de guerreiros que resistiram heroicamente contra a conquista e dominação coloniais: Nwamantibjana, Mahazule, Ngungunhane, Maguiguane, Kanyemba, Matakenya, etc.
Zixaxa e Magaia
Em finais do século XIX, os povos de Zixaxa e Magaia, dirigidos por Nwamantibjana e Mahazule, respectivamente, ocupavam terras que se estendiam desde a baía de Maputo, onde os portugueses tinham uma guarnição militar, ate as margens do rio Incomati. Para dominar aqueles territórios, os portugueses iniciaram uma campanha militar.
Os dois chefes uniram-se e enfrentaram o exército português na batalha de Marracuene, a 2 de Fevereiro de 1895. Esta famosa batalha ficou conhecida pelo nome de Guaza Muthini, o que em língua local significa atrair o inimigo para o matar em casa.
Apesar da derrota, os chefes locais provocaram pesadas baixas ao inimigo. Nwamantibjana e Mahazule refugiaram-se no império de Gaza onde foram acolhidos por Ngungunhane .
Os prazeiros
No cento de Moçambique a resistência foi liderada pelos prazeiros ou pelos seus antigos guerreiros, os A-chicundas. Estes estados tinham o nome de prazos e devido a sua forte militarização foram também chamados estados militares do Vale do Zambeze.
Inicialmente, os prazeiros aliaram-se aos portugueses, servindo os seus interesses mas, mais tarde, recusaram-se a pagar impostos a Coroa portuguesa e lutaram contra a penetração colonial portuguesa.
Dinastia dos Matacas
A dinastia dos Matacas, do povo yao, reinou nos territórios que hoje pertencem a província de Niassa. Os membros desta dinastia enriqueceram com a venda de escravos aos comerciantes europeus.
Nos finais do século XIX, os portugueses entregam o território da dinastia dos Matacas a companhia do Niassa, para desenvolver as suas actividades agrícolas com recurso a mão-de- obra local.
Resistência na África do Sul
A resistência Zulu
Os Zulu eram um povo numeroso que vivia na região Norte da África do Sul. Este povo resistiu contra a dominação dos ingleses que pretendiam submete-lo e usar os seus filhos como mão-de-obra barata nas plantações agrícolas e nas minas.
A resistência dos Zulu foi liderada por Cetswayo e teve inicio em Dezembro de 1878, quando os ingleses enviaram um ultimato para que este dês mantelasse o seu exercito.
Em Janeiro de 1870, os ingleses atacaram o território Zulu mas foram derrotados na batalha de Isandlwana. Em Junho do mesmo ano, os ingleses, mais bem armados, derrotaram finalmente os Zulu na batalha de Ulundi. Depois desta vitória, os ingleses dividiram o império Zulu em treze chefaturas cuja administração entregaram a pessoas da sua confiança.
Renitência em Namíbia
Na África austral, os alemães ocuparam o Sudoeste Africano (a zona ocupada hoje pela Namíbia) ate ao fim da primeira guerra Mundial, altura em que perderam esta colónia a favor da União Sul-africana.
Em 1896, na sequência da crise ecológica que se abateu sobre os povos herero, os alemães aproveitaram para entrar e usurpar as suas terras. Comerciantes e missionários brancos penetraram no território central do Sudoeste Africano e anexaram as terras dos povos locais.
Em 1904, os povos herero iniciaram a sua resistência, liderados por Samuel Maherero. Resultou na morte de mais dos 100 alemães e recuperação das terras usurpadas. Porem, a resistência dos Herero seria derrotado, em 1905, quando as tropas alemães contra-atacaram expulsando estes povos para as regiões desérticas.
Derrotados, os alemães pediram reforços do exterior e contra-atacaram, acabando por isolar os Herero em Waterberg.
Outro chefe importante da resistência foi Handrick Witbooi, líder dos Nama. Este líder morreu em 1905, na guerra contra os alemães, sendo substituído por Jacob Murengaque, que seria igualmente morto em 1907, quando os alemães sufocaram o ultimo foco de resistência no Sudoeste Africano e tomaram o controlo do gado e das terras.