Os árabes desempenharam sobre tudo um papel de intermediário, com lucros consideráveis entre a África Negra e o resto do mundo. Trata-se feitorias que constituem, por vezes, como ilhas da costa oriental, verdadeiras colónias de povoamento trazendo consigo um conjunto de técnicas, de ideias e de produtos novos.

Com expansão comercial e o advento do Islão, os núcleos islamizados da costa do norte estruturaram-se em comunidades políticas como os xeicados e os sultanatos que depois reprimidos pelos Portugueses nos séculos XVI e XVII, haviam se ressurgir com o comercio de escravos no século XVIII.

De qualquer modo, a partir dessas comunidades e da sua actividade mercantil no interior de Moçambique, as sociedades do norte entraram definitivamente no comércio internacional.

 Os Árabes e outros Asiáticos vieram influenciar, de algum modo a cultura material e, sobretudo, a evolução económica dos povos costeiros. Através deles foram introduzidas na África oriental várias plantas alimentares tais como arroz de Regadio e a cana-de-açúcar, os citrinos e os coqueiros.

No século XIV, ao longo da costa, contavam-se dezenas de cidades e estabelecimentos influenciados pelo Islão, conforme diz o testemunho de Ibn Battuta em 1331. O crescimento deste estabelecimento bem como o seu poder assentavam na intensidade do comércio, sobre tudo de ouro marfim e escravos.

A fixação árabe-swaili, um pouco por todo litoral deu origem a comunidades que estendiam a sua actividade ao interior. Ao longo dos séculos de contacto e convivência sobrevivera a um processo de aculturação do qual resultara a um processo de civilização ecléctica.

Entre os casamentos, trocas comerciais e o islão veio a desenvolver-se na região uma civilização original da matriz banto civilização swahili.

As actividades comerciais fizeram com que, casamentos e outro tipo de contactos locais e com os recém-chegados “Povos do Oriente” que no Quénia e Tanzânia deram origem a uma cultura costeira “cultura swahili”, estimulara em Moçambique o aparecimento de núcleo linguístico diverso, como por exemplo: o Mwami na costa de cabo Delgado com influência da língua Maconde e Makua, o Naharra na ilha de Moçambique e regiões litorais do continente vizinho e o Koti de Angoche.

Para Rocha (2006), com a sua implantação e expansão estes núcleos islâmicos e já islamizados estruturaram-se em unidades politicas interligadas por relações sucessivas de subordinação e dependência, os xecados e os sultanatos que dinamizaram e controlarão, durante algumas dezenas de anos, todo o comercio durante todo o Indico e também com o continente Africano. Ate no século XV, eles foram determinantes na projecção de Moçambique, sobretudo na região a norte do rio Zambeze, mas também de Sofala a Ilha de Bazaruto, nos fluxos do comércio internacional da época.