Ao referir se o ensino de História, compreende-se que o entendimento da sua produção, assim como qualquer outra área de conhecimento, não são tarefa fácil. Os significados e as indagações sobre os conteúdos ensinados no espaço escolar parecem distantes e incapazes de encantar os jovens, que são influenciados por um mundo moderno e por conhecimentos constantemente redefinidos e difundidos por meios tecnológicos que seduzem mais do que o ambiente escolar.

Como lembra Silva, vivemos num mundo de paradoxos, pois ao mesmo tempo em que nos tornamos capazes de alterar as noções de tempo e de espaço, em que “novas identidades culturais e sociais emergem, se afirmam, apagando fronteiras, transgredindo proibições e tabus identitários, num tempo de deliciosos cruzamentos de fronteiras, de um fascinante processo de hibridização de identidades.

Etimologicamente, a palavra história tem origem grega e significa “testemunha” ou “investigação”, ou ainda procurar. No entanto, é utilizada, frequentemente, com significados diferentes. Pode significar: a procura dos actos que os homens fizeram; o objecto dessa procura, isto é, o que os homens realizaram; a narração do que os homens fizeram.

Na Antiguidade

O conceito de história na antiguidade se tornou uma discussão entre gregos e romanos, pois eles discordavam entre si sobre o que seria a História e qual era a finalidade dela. Heródoto, Tucídides, Políbio e Cícero – os três primeiros eram gregos e o último era romano, fizeram parte dessa análise do conceito de história entre outros historiadores antigos, guardada as diferenças entre suas visões. Pode-se dizer que todos concordavam no facto de que escrever os factos acontecidos fariam com que os mesmos não caíssem no esquecimento.

Naquela época, a palavra era neutra em relação a qualquer conteúdo. Poderia se estender a tudo que poderia ser pesquisável. Segundo MAGALHÃES, (2003), Heródoto foi coerente em adotar como título de sua obra a designação metodológica geral; hoje ela abrange múltiplos objetos que designaríamos como históricos, geográficos e etnológicos.

Para Heródoto, era interessante preservar aquilo que aconteceu a partir dos homens e de grandes e admiráveis obras que foram apresentados por gregos e bárbaros. Quanto as obras, não eram apenas compostas por ações políticas e militares, mas também obras arquitetónicas, ele também considerava nas maneiras institucionalizadas em que factos acontecem, como costumes e organizações, formas de vida. Heródoto cria a história como algo multisubjetivo, de múltiplas ações, de múltiplos acontecimentos e tudo isso ao longo de três gerações. Foi através desse processo inédito que a História surgiu entre os gregos. Em todo caso, ele não tinha uma palavra específica para definir o que era o entrelaçamento de múltiplas ações e acontecimentos ao longo das gerações por ele observadas.

O cotejamento de informações obtidas por meios orais ou pela leitura de livros não deve, porém, substituir a “investigação pessoal”. Políbio fora um examinador dos instrumentos geralmente usados pelos historiadores da época, a visão e audição. Ele afirmava que o melhor a ser feito era fazer com que a fonte de pesquisa fosse diversa, seja por via oral ou escrita, para que as diferentes visões sobre o acontecimento pudesse ser analisadas.

A história era uma verdadeira ciência e tinha que ser estudada com amor à verdade e como já foi dito, necessitava de um exame crítico dos acontecimentos e relatos. Ao contrário de Tucídides, Políbio não se limitou a dar importância somente à “história política”, ele discutiu questões políticas, militares e sociais. E não analisava tais fatos de forma cronológica apenas, mas analisava também as possíveis consequências. Políbio achava que a história era algo passado que podia moldar o futuro constituindo assim, um aprendizado para as novas gerações.

Na idade contemporânea

Ao longo do tempo, surgiram diferentes definições de História, de entre as quais pode-se destacar as seguintes:

  • A história é um profeta com o olhar voltado para trás. Pelo que foi e contra o que foi e anuncia o que será.”(Eduardo Galeano);
  • A História é a ciência dos homens no tempo – historiador francês Marc Bloch;
  • A História é o estudo do processo de mudança contínua da sociedade humana – Lucien Febvre;
  • A história, portanto, é uma ciência que estuda as sociedades humanas ao longo do tempo, desde a sua origem até a actualidade.

Dos conceitos acima apostos, pode-se compreender que, apesar de algumas divergências, o conceito da História esteve sempre ligada ao estudo do passado e presente do homem tendo como propósito de perspectiva o futuro. Pode se dizer que a História é a ciência humana básica na formação do aluno, pela possibilidade de fazê-lo compreender a realidade que o cerca e, consequentemente, dotá-lo de espírito crítico, que o capacitará a interpretar essa mesma realidade