No final do período Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados Pelasgos ou Pelágios. A partir de 2000 a.C., aproximadamente, povos de origem indo-europeia começaram a chegar à região, os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C., originários das estepes russas, que, em busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da Ásia Menor e pelo sul da Itália).
O contacto dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micénica, e a seguir, chegaram os jónios e os eólios (1500 a.C.), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor (Península da Anatólia) e a última leva foi a dos dórios (1200 a.C., que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micénica.
O povo grego é o resultado de um longo processo histórico de invasões, todas vindas do norte, em direcção à península e ao Mar Egeu, o mapa nos mostra a “descida” dos gregos, todos povos indo-europeus ocupando territórios e guardando características linguísticas e culturais que se conservaram ao longo da história grega: jónicos, eólios, aqueus e dórios darão o carácter definitivo ao povoamento da península e da Anatólia. Os dórios, os últimos a chegar, destroem a civilização micénica e reduzem a península e as ilhas adjacentes a um estado de barbárie. Foram necessários quatro séculos para que nascesse uma nova cultura, que é a que conhecemos como cultura grega.
Localização da Grécia Antiga
A Grécia Continental fazia limites: Ao norte com a Ilíria (atuais: Sérvia, Montenegro, norte da Albânia, Bósnia e Herzegovina e Croácia); A leste com o mar Egeu; A oeste com o mar Jônico; Ao sul com o mar Mediterrâneo; A nordeste estão, em sequência, o estreito de Dardanelos, o mar de Mármara, o estreito de Bósforo e, finalmente, o mar Negro; e A noroeste está o mar Adriático.
A Grécia Peninsular: Ao sul da Grécia Continental, ligada pelo Istmo de Corintho, está a Grécia Peninsular constituída pela península do Peloponeso. A Grécia Insular: O mar Egeu é um mar interior da bacia do mar Mediterrâneo situado entre a Europa e a Ásia. Estende-se da Grécia, a oeste, até a península da Anatólia, a leste. Ao norte, possui uma ligação com o mar de Mármara e o mar Negro através dos estreitos de Dardanelos e do Bósforo. Diversas ilhas estão localizadas no mar Egeu, inclusive Creta, Rodes e Delos. Essas ilhas compõem a Grécia insular.
A Grécia Asiática (Ásia Menor ou Península da Anatólia): Correspondia a costa ocidental da península da Anatólia ou Ásia menor (actual litoral da Turquia) e algumas ilhas do mar Egeu. A ampliação do Território Grego: O território da Grécia europeu foi ampliado (a partir do século VII a.C. com a Segunda Diáspora Grega) com a fundação de diversas colónias na orla mediterrânica ocidental, destacando-se o sul da península Itálica que foi denominada Magna Grécia.
O território grego, situado ao sul da Península Balcânica, é montanhoso, com poucas áreas férteis. Está cortado ao meio pelo Golfo de Corinto, ficando ao norte a porção continental da Grécia e, ao sul, a Península do Peloponeso. Quando se desenvolveu a civilização grega, a comunicação entre os vales e as planícies era trabalhosa, por causa das dificuldades impostas por esse tipo de relevo. Por esse motivo, a ocupação da região se fez sob a forma de diversas cidades independentes entre si, as cidades-Estado. Não havia unificação política entre elas. A civilização da Grécia Antiga define-se pela existência de características culturais em comum, que ligavam as Cidades.
Sociedade
Os historiadores costumam dividir esta primeira fase da história grega em duas etapas. A primeira, que se inicia com as invasões dos dórios e é denominada de obscura, medieval, vai do século XII ao século VIII a.C. A segunda vai do século VIII ao século IV a.C. Para os gregos, arcaico é um adjectivo de significado altamente positivo, pois indica princípio, ponto de partida, fundamento.
O período arcaico é, então, para os gregos, aquele em que a sociedade plantou seus alicerces e deu feição à sua cultura e civilização. É o período em que foram criadas as instituições sociais, políticas e intelectuais que lhe deram um lugar único na História: a sua experiência democrática, de um lado, e a experiência militarista e autoritária, de outro, uma em Atenas e a outra em Esparta. Foi também quando se iniciou uma nova forma de pensar e conhecer o mundo: a Filosofia e a Ciência. De ambas (Atenas e Esparta), da democracia, da Filosofia e Ciência, somos herdeiros direitos.
Faz parte dessa etapa também a formação do imaginário religioso mediante a criação de uma complexa sociedade de deuses e deusas e entes divinos que foi inteiramente assumido mais tarde pela religião dos romanos. É nessa fase que se escrevem as duas grandes epopeias, a Ilíada e a Odisseia, e a poesia lírica, que nasce o teatro com suas tragédias e comédias, bem como a sofisticada arquitectura urbana e a inimitável arte da escultura.
Todo esse complexo cultural e civilizatório que se forma no período arcaico atinge sua plenitude e força no período seguinte, o clássico, nos séculos Vº e IVº a.C. Toma forma igualmente no período arcaico um traço que marcará as sociedades romanas e modernas ocidentais: a escravidão. Nenhuma dessas sociedades foi possível sem a escravidão. E mais, a civilização grega e romana e a sociedade moderna europeia do século XV ao XIX plantam seus fundamentos na escravidão, mas, por contraste, exaltam a liberdade daqueles que, em última instância, vivem do trabalho compulsório.
A Primitiva Sociedade Homérica
O período obscuro e bárbaro que se sucede à invasão dos dórios foi-nos revelado pelos poemas homéricos: a Ilíada e a Odisseia, atribuídos a um poeta jónico chamado Homero. Os gregos reconhecem-se descendentes de três grandes grupos étnicos: jónios, aqueus/eólios e dórios. Os laços de identidade lhes advém de uma comum cultura religiosa, de uma língua que se impôs a todos com suas próprias variantes dialectais e, sobretudo, de um modo descentralizado de organização política, chamada polis, cada uma dela completamente independente.
Esse conjunto de elementos dava-lhes uma identidade própria, e permitia marcar a diferença em relação aos demais povos: a si denominavam gregos e civilizados; aos demais chamavam de estrangeiros e bárbaros. Produziu-se na Grécia, da diversidade, uma unidade e uma identidade, uma civilização. Compelidos a expandir-se na orla do Mediterrâneo, os gregos faziam-no fundando colónias que, embora guardassem entre si profundos vínculos culturais e religiosos com a metrópole, constituíam unidades políticas e económicas completamente autónomas
A sociedade descrita nos poemas de Homero é uma sociedade de classes bem definida: Horizontalmente, pode-se distinguir um certo número de classes que se definem por sua fortuna, liberdade jurídica e actividade económica. No topo, estão os grandes proprietários de terra, os nobres, que são os companheiros do rei. Eles apropriam-se das melhores e mais extensas terras (trabalhadas por escravos e dependentes e concentram em suas mãos também prestígio social e poder). A participação nas guerras lhes dá direito à partilha do botim.
Nesta sociedade há também os camponeses livres que trabalham a terra do nobre. São pequenos produtores, pastores que habitam com suas famílias sua própria casa. Vêm depois os demiurgos, artesãos especializados (carpinteiros, ferreiros), mais ou menos ambulantes, pagos por tarefa. Vêm a seguir os “thetes”, que só possuem sua capacidade de trabalho. São livres, descendentes de estrangeiros ou camponeses expropriados, vivem junto à casa do nobre e são pagos por tarefa. Não pode confundi-los com os escravos.
Os escravos que Homero denomina de “andropoda” ou animal de duas patas, são, sobretudo as mulheres, presas de guerra. A esta estrutura de classe horizontal sobrepõe-se, uma clivagem vertical que lhe dá sentido, “a sociedade homérica é dominada por um grupo que é, ao mesmo tempo, unidade de produção económica e uma das bases do poder político.
Descrição Físico das Polis Gregas
A pólis grega era formada pela ÁSTEY, basicamente, por uma ACRÓPOLE, uma ÁGORA e pela KHORA. A acrópole corresponde à parte mais elevada da pólis, onde existiam templos dedicados aos deuses, ficava ao lado da Ágora, que era a parte mais pública da comunidade, existia o mercado e as assembleias do povo.
A Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica. Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos seus limites, assim como por edifícios de carácter público. A khora corresponde à parte agrícola, onde moravam os camponeses e onde eram cultivados alimentos que supriam a ástey, que era a “cidade” da pólis, a parte urbana (termos anacrónicos, mas que representam mais proximamente o que era a ástey), entretanto no processo de consolidação da formação das polis gregas trataremos dos dois exemplos mais marcantes e importantes: Esparta e Atenas.