A Revolução Russa de 1917 foi o acontecimento de maiores implicações na história do Século XX. Como resultado das transformações realizadas por aquela revolução, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que foi constituída em 1922 e sua existência passou a ser um dos elementos estruturantes decisivos do quadro político e social estabelecido por quase todo o século, onde várias províncias, que haviam se separado da Rússia durante a Revolução, reintegraram-se depois que a situação ter se definido.

Em 1918 foi elaborado uma constituição que criava a República Soviética Socialista Russa e, 1923 outra que instituía a União Soviética (URSS), resultado de um acordo de União das diferentes regiões do antigo Império Russo, transformando em república Federativa e Socialista.

Trotsky apud Rodrigues (2006) afirma que:

A URSS é uma sociedade intermediária entre o capitalismo e o socialismo, na qual: a) as forças produtivas são ainda insuficientes para conferir à propriedade de Estado um carácter socialista; b) a propensão para a acumulação primitiva, nascida da necessidade, manifesta-se através de todos os poros da economia planificada; c) as novas formas de repartição, da natureza burguesa, encontram-se na base da diferenciação social; d) o desenvolvimento económico, melhorando lentamente a condição dos trabalhadores, contribui para a rápida formação duma camada de privilegiados; e) a revolução social, traída pelo partido governante, vive ainda nas relações de propriedade e na consciência dos trabalhadores (p:108).

Desta feita, a classificação feita por Trotsky sobre a URSS como um Estado operário, conclui-se que era apenas como uma forma de melhor definir aquela complexa formação económico-social, na qual foram alteradas as relações de produção e de propriedade dos meios produtivos, como resultado de uma revolução de carácter socialista.

As relações da África com os países socialistas remontam a época durante a qual, pouco após á revolução bolchevique de 1917, Lenin prometeu a cooperação do novo Estado soviético a todos os povos colonizados. Desde então, todos os países socialistas a URSS e os seus aliados, como a Republica Popular da China prestaram ajuda sob diversas formas, aos Estados africanos, tanto antes quanto após a sua conquista da independência.

A política externa dos países socialistas era permanentemente regida por dois imperativos: um imperativo ideológico, segundo o qual, o bloco soviético e a Republica Popular da China deviam sustentar os países partidários do marxismo-leninismo; e um imperativo estratégico, mediante o qual, eles defendiam os seus interesses nacionais. Isto implicava, para os comunistas, apoiarem as lutas de libertação, com o objectivo de acelerar a revolução colonial, parte integrante da revolução mundial.

A política posteriormente desempenhada pela URSS, por todo o conjunto dos países socialistas na África, é dividida em quatro Períodos:

  • 1917-1945, a influência soviética indirecta apoiava-se nos partidos comunistas europeus e nos militantes radicais, africanos, e norte americanos, do panafricanismo;
  • 1945-1965, os países socialistas apoiaram, directa ou indirectamente, os movimentos de libertação nacional e os jovens nos Estados africanos independentes, encorajados pelo enfraquecimento das potências coloniais e pela ascensão dos nacionalismos, no imediato pôs Segunda Guerra Mundial;1960-1975, assiste se ao a fluxo da intervenção dos países Socialistas e, especialmente, da URSS, em proveito de uma acção essencialmente diplomática;A partir de 1975, após o fim da guerra do Vietna, constatou-se uma recuperação da influência dos Estados socialistas, por exemplo, em Angola e no chifre da África.

Uma vez alcançada a independência, muitos Estados solicitaram a cooperação da URSS e das democracias populares europeias, quer seja para escapar ao neocolonialismo, quer para contrabalançar a influência unilateral dos Estados capitalistas. De 1957, data da independência de Gana, a 1985, a URSS assinou acordos com cerca de quarenta países africanos.

Uma das mais interessantes dimensões desta cooperação dizia respeito ao ensino e a pesquisa: formação dos quadros africanos na URSS, envio de professores e pesquisadores soviéticos as universidades e centros de pesquisa africanos e estabelecimento de laços científicos entre instituições soviéticas e africanas. Aproximadamente 30.000 africanos formaram se no sistema soviético de ensino superior.

Bibliografia

KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à
Crise da economia mundial. 
São Paulo: Paz e Terra, 1999
ARRUDA, J.J. História Moderna e Contemporânea. 23ª ed. Editora Ática, São Paulo.1990.RODRIGUES, Robério Paulino. O colapso da URSS. Um estudo das causas. São Paulo, 2006;
Mazrui e Christophe Wondji. História geral da África, VIII: África desde 1935, Brasília: UNESCO, 2010.KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à Crise da economia mundial. São Paulo, 1999