Conceito de Plano Quinquenal

Foi um plano económico, assente numa economia planificada, criado sob governo de Stálin, que almejava enorme crescimento económico soviético em períodos programados para cada cinco anos, contemplando com destaque para os sectores industrial e agrícola, vocacionados à produção de bens tais como: aço, cimento, eletricidade, petróleo, mineração e construção civil.

É uma previsão de acções, quer políticas, económicas, educacionais, entre outras que um determinado organismo prevê implementar num espaço delimitado, com vista a alcançar certos objectivos e metas previamente definidos, durante cinco anos de calendário civil.

A Situação Económica da Rússia, nos anos 1920

De 1917 a 1921 Vlademir Lenine – o primeiro líder tentou em debalde, implantar o Comunismo Liberal baseada na igualdade absoluta entre indivíduos.

Apesar da incontestável vitória, (sob comando de Trotsky) do Exército Vermelho na Guerra Civil (1918 – 1921), diante das Tropas Brancas, os bolcheviques herdaram: uma Rússia atrasada e isolada, arruinada pela guerra civil, faminta e com falta de emprego. Por uma questão de sobrevivência, estabeleceram o (Comunismo de Guerra) – regime de controlo rigoroso da produção e da distribuição, que não tendo convertido o cenário, conduziu o país a uma situação problemática insustentável, tendo ainda agravado a escassez de alimentos; retorno da população para o campo; baixou os índices de produção na agricultura e na indústria.

A realidade e o fracasso do Comunismo de Guerra levaram Lenine a perceber que o mercado teria que ser restabelecido, e reconhecendo o erro, justificou-o com o lançamento, em 1921, da Nova Política Económica – NEP, que trouxe algum alívio ao país pela recuperação económica. Lenine já aderia aos camponeses e aos pequenos capitais privados, produção em pequena escala e mesmo a tentativa de atrair investimentos externos, todavia ele viria a morrer a 21 de Janeiro de 1924.

A morte de Lenine, assumiu a direcção do partido José Estaline seguindo o Leninismo, defendia a construção de um Estado Socialista na União Soviética, instalou o seu Programa – Socialismo num país, que implicava a edificação maciça da indústria russa, para a sua auto-sustentabilidade e poderoso diante de um mundo hostil, cuja medida, passaria por um abrangente Plano Económico. Para Estaline, o plano teria uma vantagem acrescida de aumentar o domínio do Estado sobre as vidas dos seus súbditos, impedindo-os da possível tentativa de derrubar o seu regime. Assim sendo, não exitou lançar em 1929 o seu primeiro Plano Quinquenal, que se apelidou de II Revolução Bolchevique.

A morte de Lenine, instalou-se no comando do partido da direita uma divergência de ideias, que culminou com a vitória de Stalin, que ambicionando um desenvolvimento agrícola e industrial, implementou a partir de 1929 os Planos Quinquenais, assentes numa máquina repreensiva.

Impacto dos Planos Quinquenais na Economia Russa, 1929 a 1942

Com os possíveis detalhes, o capítulo trata sobre a implementação dos três Planos Quinquenais durante o governo de Stalin, igualmente com as suas consequências. Finalmente os factores que de forma imensa contribuíram para o grande progresso económico.

Primeiro Plano Quinquenal (1929 – 1933)

Aprovado em Abril de 1929, e a colectivização forçada encerraram uma fase – a Nova política Económica (NEP), e abriram outra quanto ao ritmo de crescimento da economia soviética. “Alcançar e ultrapassar” os países centrais, foi palavra de ordem de Lenine e, a nova burocracia acrescentaria “no menor tempo possível”. O plano previa, em apenas cinco anos a renda nacional deveria crescer 506%, os investimentos 237%, a produção industrial 136%, a produção de aço 160%, a de energia eléctrica 335%, a de carvão 111%, a de petróleo 88%, a de roupas e lã 178%, a de bens de consumo 104%, a produção agrícola.

A partir do segundo semestre de 1929, a direcção Stalinista adoptou medidas que significaram a completa expropriação das terras de milhões de camponeses. 25 milhões de explorações agrícolas passariam a ser sovkhozes e kolkhozes. Em um espaço de apenas cinco meses, entre Outubro de 1929 e Fevereiro de 1930, aproximadamente 60% dos camponeses pobres foram agrupados forçadamente em organizações colectivas de produção. (Ibid)

Perante esta medida, plantou-se um clima de “uma Nova Guerra Civil”, contra um inimigo interno – o camponês russo, que reagiu à colectivização forçada através da rebelião armada contra os representantes do governo do PCUS, optando pela destruição do estoque de cereais e do equipamento, da chacina do gado e incendiando as instalações das propriedades. O Stalinismo desencadeou uma violência sem precedentes contra os kulaks, e consequentemente milhares de camponeses, classificados como contra-revolucionários, foram fuzilados. A superação da agricultura era vital para a alimentação das cidades em processo de rápida industrialização e modernização, como também para a sobrevivência do novo Estado.

Durante o primeiro plano, os sectores de indústria pesada, energia e infra-estrutura de transportes receberam prioridade máxima, absorvendo 78% do total dos investimentos.

Segundo Plano Quinquenal (1933 – 1937)

O governo inaugurou o IIº Plano Quinquenal, no qual deveria-se dar ênfase aos bens de consumo, contudo o governo enveredou extraordinariamente pela produçao do equipamento militar. Uma particularidade notável ao longo deste plano, foi a Grande Purga de 1936/7, onde milhares de pessoas (desde trabalhadores, figuras importantes e militares) foram condenados ao “julgamento”/morte, alegadamente em crimes de boicote, espionagem e à traição.

A implentação deste plano, coincidiu com a grande depressão que tinha flagelado o mundo capitalista, os dirigentes soviéticos acentuaram a propaganda dos êxitos da planificação que permitiria superarar os grandes países industriais. Incentivaram a emulação, como forma de aumentar a produção. O plano conseguiu a duplicação da produção industrial conjunta, ainda que de acordo com os investimentos a indústria ligeira e de bens de consumo, não tenha conseguido percentagens similares de incremento.

Visando acelerar o desenvolvimento construindo o metrô de Moscovo, continuou a privilegiar a indústria pesada, mas desenvolveu também as indústrias ligeiras produtoras de bens de consumo. No sector rural, constituíram-se pequenas propriedades privadas.

Posta em prática o 2º plano, conclui-se que os índices de progresso eram significativos, onde a produção da indústria de base, superava a da de consumo. Todavia a acção catastrófica surtiu efeitos negativos na produção.

Terceiro Plano Quinquenal (1938 – 1942)

Foi o IIIº e último Plano Quinquenal, cuja grande aposta era de desenvolver a Indústria Química. Infelizmente, não chegou a ser concluído, tendo sido interrompido pela IIª Guerra Mundial, com a invasão alemã de 1941, que retornou a URSS para uma situação semelhante do Comunismo de Guerra.

O terceiro plano que iniciou em 1938 era muito ambicioso. Tratava de superar nalguns sectores os países capitalistas mais avançados. Os maiores investimentos eram direccionados à algumas indústrias, como a Química, em que a Rússia estava muito atrasada. Foi interrompida em 1940, perante a entrada da Rússia na guerra.

O IIIº Plano Quinquenal visava desenvolver a indústria especializada, destacadamente a Química. Entretanto não pôde ser colocado em execução devido à eclosão da II Guerra Mundial.

Concluindo, o 3º Plano Quinquenal, previsto de 1938 a 1942, não chegou a alcançar os seus intentos dado o deflagrar do segundo conflito à escala internacional, devido à agressão militar alemã à Rússia em 1941.

Fatores do Crescimento Económico na URSS

As medidas estabelecidas pela Revolução Russa para uma transformação tão vertiginosa durante as décadas de 30 e 40, explicam-se, em primeiro lugar por: (I) enorme esforço do povo soviético na erradicação do capitalismo e da propriedade privada; (II) nacionalização dos principais meios de produção e de troca; (III) monopólio do comércio exterior; (IV) planejamento centralizado a partir do Estado; (V) exploração de músculos e nervos da classe trabalhadora, em suma “Toda uma geração foi penalizada para garantir a industrialização e a modernização do país em tempo recorde”, pois a execução dos planos a qualquer custo era garantida por uma mobilização militar de centenas de milhares de quadros do partido e do Estado, regime que se transladava às empresas e à sociedade através da mais severa repressão. De certa forma, tratava-se dum novo tipo de trabalho “escravo”, contudo socialista.

Balanço dos Planos Quinquenais

Apesar da contestação, devido à aplicação de medidas coercivas para fixar os operários e aumentar a produtividade, os resultados destas políticas foram satisfatórios, pois a Rússia atingiu bons resultados.

Durante a década de 30 na qual foram desenvolvidos os três planos, o ritmo de crescimento da Rússia foi maior do que o de qualquer país capitalista em toda a sua história, isto é, a economia cresceu a taxas impressionantemente altas. Contrariamente ao Capitalismo amargava a severa crise da “Grande Depressão” iniciada em 1929, que se prolongou durante a década 30 e durante quase 40 anos (1914 a 1950), para além de que o Ocidente prepara-se para uma nova guerra pela repartilha do mundo, quase tudo deu errado para o capitalismo mundial. A URSS impressionava o mundo, e partindo do seu exemplo, a ideia de realizar planos económicos para muitos anos, ganhou prestígio internacional, atraindo a atenção e despertando a admiração passaram a fazer caravanas até Moscovo para aprender e observar in loco as vantagens do planejamento.

Nalguns aspectos, o Estado soviético cumpriu em menos de duas décadas tarefas económicas e educativo – culturais já há muito cumpridas nos países capitalistas avançados, tendo superado em “tempo recorde”, o que a Inglaterra levou séculos para avançar, como se pode detalhar: (I) entre 1926 e 1939, a população urbana ascendeu de 26 para 56 milhões, passando de 18% para 33% da população total; (II) novas cidades foram criadas quase que do nada; (III) durante os anos 30, surgiram cerca de oito mil indústrias; (IV) a Rússia conheceu um crescimento quantitativo e qualitativo, pois levou ao surgimento de novos ramos económicos, a título da construção de máquinas, automóveis, a indústria química, electro – técnica e aeronáutica; e

Na Rússia, a parcela do orçamento alocada à defesa nacional subiu de 3,4% em 1933, para 33% em 1940, como se o país pressentisse antecipadamente sobre que recairia a maior porção da ira nazista.

Apesar do enorme sucesso que os Planos Quinquenais lograram, importa observar o seguinte, dentre outros aspectos: (I) os planos representavam um ideal, descolados da realidade, inclusive com a utilização de recursos minerais ainda não totalmente explorados; (II) como visavam a superação dos obstáculos à uma industrialização rápida, apoiavam-se na indústria pesada e de bens de capital (máquinas), em detrimento das indústrias de consumo, que condenavam a população à penúria em geral, por longos períodos; (III) houve uma profunda alteração na localização das indústrias, forçando com que os investimentos fossem aplicados em áreas orientais, próximas de fontes de recursos minerais, remotas; (IV) eram incompatíveis com a estrutura agrária existente, o que forçou o deslocamento de milhões de agricultores ao final dos anos 20, para que uma nova realidade do campo se adequasse aos planos do governo; (V) foram aplicados com recurso às medidas coercivas que causaram descontentamento e mortes no seio das massas.