No presente tópico pretendemos de forma concisa apresentar o desenvolvimento cronológico da religião romana através das grandes etapas da História (Realeza, República e Império) desde as obscuras e discutidas origens.

Religião Romana Anterior a República

a) Religião Doméstica

A religião doméstica foi um factor decisivo na união das famílias antigas. A religião fez com que a família formasse um corpo nesta vida e na outra. A família antiga é mais uma associação religiosa do que uma associação da natureza.

Cada Família Romana prestava um culto especial a determinadas divindades. Podemos chamar Penates, simplesmente, todos os deuses que recebiam o culto doméstico. Pode ser incluído o culto aos mortos no estudo da religião doméstica.

b) Religião Oficial

Não é fácil traçar um quadro exacto do panteão romano em épocas mais recuadas, pois as fontes não só não oferecem muitas vezes segurança, mas também se prestam a diferentes interpretações. Para um breve estudo dos deuses da religião romana primitiva, o mais seguro é simplesmente, enunciá-los, seguindo-se o calendário romano que registar os nomes de certo número de divindades às quais se prestava culto oficial nos inícios da época histórica. Vejamos alguns exemplos da mesma:

Angerona – deusa dos mortos

Carmenta – deusa das fontes

Ceres – protegia a fecundidade

Consus – preside a conservação dos cereais

Janus – um dos maiores deuses da primitiva religião romana

Juno – protector das mulheres

Júpiter – deus da claridade celeste, regedor dos fenómenos atmosféricos.

Lares – os Gênios protectores da propriedade Rural.

Aqui estão alguns dos muitos deuses da religião romana primitiva.

No Culto que os romanos prestavam a suas divindades observamos o já tantas vezes sublinhado espírito prático que norteou a civilização de Roma. Eles tratavam seus deuses como se com ele tivesse estabelecido um contrato. Os Actos essenciais do culto eram a oração e o sacrifício. Não encontramos, contudo, em Roma uma classe sacerdotal, qualquer patrício podia desempenhar esta função.

A Religião Na Época Republicana

Não existe evidentemente, um quadro estático da religião romana. Da realeza ao Império, ela se transformou constante e profundamente.

Na realeza, sob o domínio etrusco, podemos assinalar importantes transformações: como a introdução de uma tríade de divindades supremas: Júpiter, Juno e Minerva.

Uma segunda transformação foi à introdução dos harúspices. Esses adivinhos pretendiam desvendar o futuro mediante o exame das entranhas das vítimas e especialmente, do fígado.

À medida que Roma ia entrando em contato com a civilização grega, novas divindades afluíam à capital, “naturalizavam-se” romanas.

Pelo início do Sec. III AC. Foi introduzido directamente da Grécia o deus-médico Asclépios, que recebeu o nome Esculápios.

O velho e austero ritual da religião romana foi, paulatinamente, sofrendo a concorrência da suntuosidade litúrgica que acompanhava o culto das divindades helênicas.

No Sec. II A.C outro perigo ameaçou as velhas crenças romanas: A Filosofia Grega. Ceticismo e ateísmo são difundidos pela atraente dos recém chegados intelectuais gregos. Nos meios populares, entretanto, continuava a existir um sentimento religioso. ´É verdade que a religião oficial tendia a uma desagregação completa; a religião doméstica, porém, persistia bem viva nos meios rurais.

A Religião No Império

Augusto – A Época de Augusto, “o período mais próspero para a religião romana”, observou-se, com efeito durante seu principado, um reflorescer admirável da religião, promovido diretamente pelo soberano, que acumula em sua própria pessoa diversos sacerdócios, entre os quais o de Pontifex maximus (12 A.C).

Venus Genitrix, Marte, Apolo eram divindades às quais, por razões familiares e pessoais, Augusto rendia culto especial. A Apoteose do Imperador morto e a divinização do soberano vivo são dois aspectos de um novo culto introduzido em Roma na época imperial: o culto ao imperador.

Em Roma, 45 A.C. foram gravadas ao pé de uma estátua do ditador César a inscrição: “ao deus invicto”. Após o assassinato de César, a multidão reclamou a sua divinização, o senado e os comícios colocaram oficialmente o divus Julius entre os deuses da cidade.

A restauração religiosa ocorrida em Roma durante a época da república deu um novo impulso às crenças romanas tradicionais, mas não impediu que prosseguisse a infiltração cada vez mais acentuada, de correntes filosóficas e de cultos religiosos orientais. Entre essas correntes filosóficas salientamos duas, nas quais havia uma acentuada tendência mística: o Estoicismo e o Neopitagorismo. As religiões orientais exerciam maior fascinação e encontraram um campo fértil em Roma.

Vale apena ressaltar que duas religiões, principalmente, ficaram à margem desse sincretismo: o Judaísmo e o Cristianismo.

O progresso do Cristianismo foi gradativo, mas seguramente vencendo e liquidando as velhas religiões.

Em 392, Teodósio proibiu em todo o Império qualquer culto pagão, embora claro que as velhas crenças não desapareceram logo.

Bibliografia:

BURNS, Edwards Mcnall, História da Civilização Ocidental: Do Homem da Caverna até a Bomba atômica – O Drama da Raça Humana. Editora Globo – Porto Alegre – Rio de Janeiro.GIRDANI, Márcio Curtis, História da Grécia: Antiguidade Clássica I. Editora Vozes. LTDA. Petrópolis RJ. 1972.GIRDANI, Mário Curtis, História de Roma: Antiguidade Clássica II. Editora Vozes. LTDA. Petrópolis RJ. 1981.