Na africa central desenvolveram se no território que hoje toma o nome de Angola os ovimbundu. As raízes destes estados emergem da constituição e concentração populacionais na região do rio Lui que datam de anos anteriores a 1500.

Os Ovimbundu (Ovi-mbundu, singular Oci-mbundu, adjectivo e idioma U-mbundu) (em português frequentemente referidos como Ovimbundos, uma forma híbrida que expressa o plural pelo prefixo umbundu “ovi” e pelo sufixo português “-s”) são uma etnia bantu de Angola. Os seus subgrupos mais importantes são os Mbalundu (“Bailundos”), os Wambo (Huambo), os Bieno, os Sele, os Ndulu, os Sambo e os Kakonda (Caconda).

Actividades económica

Na fase anterior a formação dos estados, três actividades destacavam se na africa central, agricultura, a caça, a pesca, a agricultura era feita em toda parte de angola menos na angola meridional, devido a proximidade com o deserto de kalahari. A facilidade de comunicações nas regiões das savanas terá permitido que os diversos povos especializados em actividades diferentes estabelecessem trocas naturais.

Os pescadores contactavam agricultores e caçadores a quem vendiam peixe em troca de vegetais e de carne. Contrariamente, na região da floresta densa e relevos montanhosas, esta articulação económica foi diminuta devido as dificuldades de comunicação que os elementos naturais ofereciam.

Agricultura

os principais cereais cultivados eram o sorgo vermelho e outros milhetes. Dentre os tubérculos, predominavam os inhames africanos, de várias espécies; provavelmente não se cultivava o taro asiático (coco- yam), enquanto a bananeira e a cana- de- açúcar, da mesma proveniencia, eram cultivados principalmente na floresta, embora também o fossem na savana. Como legumes, consumiam- se feijões e amendoim. As proteínas indispensáveis a alimentação eram fornecidas pela caça, pesca e coleta de lagartas e larvas.

Animais domésticos – galinhas, cabras e cães – também eram criados em toda a região. No sul da floresta, criavam- se carneiros; e, pelo menos na parte inferior do rio, também gado de chifres e porcos. Certamente existia uma tecnologia agrícola diferenciada na floresta e na savana: nesta, a alimentação se baseava nos cereais, contrastando com as bananas e os inhames da primeira. Havia a te áreas dedicadas especialmente ao cultivo de palmeiras.

Artesanato e comércio

Por toda a região, as técnicas artesanais ja haviam assumido em 1100 as características que conservariam ate mais ou menos 1900: a metalurgia do ferro estava bem desenvolvida, e entre as demais atividades se incluíam a cerâmica, a fabricação de cestos, a tecelagem em rafia, a tanoaria e a extração de sal do mar, dos mangues, de plantas ou ainda de sal-gema.

Com essas técnicas, nasceu um comércio regional. As primeiras indicações do emprego de cruzetas de cobre como moeda aparecem no Cinturão do Cobre, por volta do ano 1000; ate 1450-1500.

Os portugueses encontraram no Kongo, em 1483, uma moeda imaginaria, a que se dava o nome de nzimbu; por volta de 1500, quadrados de rafia circulavam, como unidade de valor, nas rotas comerciais de toda a savana meridional fronteira ao Atlântico. No seculo seguinte, o sal- gema de Kisama funcionou como moeda8. Os primeiros transportadores eram provavelmente os pescadores, cuja atividade não se resumia a obtenção de peixe, mas também incluía a produção de cerâmicas que podem ser encontradas ao longo dos canais navegáveis dos numerosos rios da região.

A sociedade Ovimbumdu

Com o aumento demográfico que sucedeu a expansão e difusão das técnicas artesanais e do comércio, a sociedade organizou-se em linhagens patrilineares. De início, os grupos de fala bantu agrupavam-se em aldeias bastante compactas.

Fortificaram tendências matrilineares no interior dos grupos e que elas se tenham desenvolvido na savana meridional. Afirmaram também que os povos da floresta a oeste do rio Lualaba estavam todos organizados matrilinearmente. O sistema matrilinear bantu admitia o princípio da autoridade dos homens sobre as mulheres, o que frequentemente acarretava uma residência patrilocal, que por sua vez favorecia a fragmentação dos clãs. As linhagens matrilineares se debilitavam, ao passo que se fortalecia a estrutura da aldeia, já que era necessário manter uma ordem na vida comunitária. Essa autoridade na aldeia se baseava em princípios territoriais e, portanto, políticos. Assim, desde o começo, os povos de língua bantu tiveram chefes políticos a nível de aldeia.

Havia senhores da terra, reconhecidos como tais, em toda a parte meridional da savana, assim como na orla da floresta, tanto ao sul como ao norte. Eles mantinham uma relação privilegiada com a terra, por intermedio de espíritos de quem eram os sacerdotes; assim, desfrutavam de uma autoridade que, na verdade, era política. Esses senhores da terra parecem ter governado conjuntos de aldeias, cada um dos quais constituía uma espécie de distrito ou uma unidade territorial um embrião de reino.

Organização política dos Ovimbumdus

O rei, como um líder politica, conservava ainda o essencial de seus atributos de chefe religioso – dai o carater “sagrado” que lhe era conferido. Mas, uma vez superada essa fase, a medida que se multiplicaram os conselheiros, juízes, dignitários e guardas do chefe que se estava transformando em rei, tornou-se necessário, para atender as necessidades do Estado, organizar um sistema de redistribuição dos excedentes retirados dos produtores.

O trabalho era o único fator que poderia ser mudado, provavelmente, o estatuto do escravo domestico. Um escravo era um servidor que produzia obedecendo as diretrizes de seu amo e aumentava em uma unidade a forca de trabalho agrícola, ate então basicamente composta de mulheres. Os primeiros escravos foram certamente prisioneiros de guerra.

Religião dos Ovimbumdus

Certas características religiosas provavelmente eram comuns aos agricultores de toda a região: a feitiçaria, os rituais de fecundidade dirigidos pelo senhor da terra, a importância dos espíritos locais e de ancestrais, o respeito tributado aos adivinhos e curandeiros. A reconstituição de uma serie de termos comprova que tudo isso já existia no mundo proto bantu.

Todas as formas de autoridade, desde a do pater-familias até a do soberano ou de uma associação, detinham carater sagrado. Não deve surpreender, portanto, que toda a realeza fosse sacralizada, nem que fossem semelhantes as concepções do sagrado – porque as bases religiosas eram as mesmas por toda a região.

Bibliografia

AFONSO Mendes. A transformação da sociedade ovimbundu. Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, 1966;JOSÉ Redinha. Etnias e culturas de Angola, Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 1975.