O Imperialismo foi a política de expansão de uma nação sobre outras(s) seja por meio da aquisição territorial, seja pela submissão económica, política e cultural de outros Estados, que teve início a partir da Segunda Revolução Industrial. O Imperialismo pode também ser entendido como o movimento do grande capital financeiro em busca de novos mercados na Ásia, na África e na América Latina. Os Estados e os grandes industriais europeus foram os principais encarregados desse movimento. Em busca principalmente de matéria-prima, mercado consumidor e mão-de-obra barata, a expansão imperialista não se deu de maneira uniforme, podendo a dominação econômica ser ou não acompanhada de ocupação político-militar do território dominado.

A segunda fase da Revolução Industrial gerou crescentes necessidades. A produção industrial, em larga escala, exigia cada vez mais matérias-primas e mercados consumidores. Havia excesso de capitais acumulados na Europa, e eles precisavam ser investidos. Uma das soluções era aplicá-los no exterior, onde o lucro seria maior. Além disso, novas possessões eram fundamentais para a navegação a vapor, pois em caso de conflitos, a importância das bases estratégicas aumentava. Assim, o imperialismo foi uma conseqüência lógica do capitalismo industrial.

A acumulação de capitais, o desenvolvimento tecnológico, a integração mundial da economia e o rápido crescimento populacional provocaram uma mudança no capitalismo. Ele passou da fase concorrencial para a monopolista, com o surgimento de trustes, holdings e cartéis, em que uma ou algumas empresas controlavam a produção e a comercialização de uma mercadoria.

A fundamentação ideológica do imperialismo era a teoria da su- perioridade racial do homem branco (o europeu), considerado o “civilizado”, chamando para si o direito de submeter os povos considerados “selvagens” (os africanos) e os “bárbaros” (os asiáticos). O modo de vida e as instituições do “civilizado” deveriam ser impostos a todos. Como conseqüência, vieram o desrespeito, as violações, as modificações e extinções de várias culturas nativas.

O imperialismo, também chamado neocolonialismo, foi levado a outros continentes das mais diversas formas, até mesmo pela ação de missionários cristãos e de pesquisadores científicos, facilitando a conquista e espoliação de muitos povos. Era a missão civilizadora, o “destino manifesto” do homem branco.

Um dos factores estimulantes foi a pressão demográfica na Europa, que exigia espaço para a colocação do excedente. Nas últimas décadas do século XIX, cerca de 15 milhões de europeus emigraram, procurando melhores condições de vida e a garantia de estarem vivendo sob a proteção das leis do seu país de origem. Portanto, as novas colônias deveriam ser um prolongamento da nação de origem.

A superioridade tecnológica do branco, especialmente em ar- mamento, justificava e facilitava a dominação e a repressão. Enquanto tropas nativas eram postas sob o comando de oficiais brancos, os colonizadores se aliavam às oligarquias locais para, de comum acordo, explorar as riquezas locais.

França e Inglaterra eram, por excelência, as grandes potências colonialistas. Mas Rússia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Japão, Estados Unidos, e até mesmo Portugal e Espanha (países não-industrializados) também participaram da corrida imperialista. Muitos países colonizadores administraram diretamente suas colônias. Também utilizaram o sistema de protetorado, mantendo a administração local sob controle metropolitano. A exploração econômica foi a base das relações entre os países imperialistas e seus impérios, condenados a fornecerem produtos primários e consumir produtos industrializados.

A Inglaterra colonizou o Canadá, a Austrália; conquistou a África do Sul, anexando as regiões do Cabo, Natal e o Transvaal. Dominava o Mar Vermelho, passagem do Mediterrâneo para o Índico, por meio do controle acionário da companhia que administrava o Canal de Suez, inaugurado em 1869. A Índia tornou- se uma colônia de exploração, administrada em proveito exclusivo da Grã-Bretanha. E boa parte da África negra pertencia ao império britânico.

A Inglaterra começou a penetrar na China, em 1840, fornecendo ópio, produzido na Índia, viciando o povo. O governo chinês tentou proibir esse comércio altamente lucrativo, mas os ingleses reagiram, ocorrendo a Guerra do Ópio (1840-1842), que terminou com a derrota chinesa. Pelo Tratado de Nanquim, a China cedeu os portos de Cantão e Shangai, além da ilha de Hong Kong para o Reino Unido. Mais tarde, outros países industrializados obrigaram a China a assinar o Tratado de Pequim, estabelecendo áreas de influências das grandes potências. A soberania chinesa não mais existia.

A França conquistou a Argélia em 1830, primeira etapa de sua política expansionista no norte da África, que se completou com a ocupação da Tunísia e do Marrocos. Instalou-se na Indochina; conquistou o Senegal, as embocaduras do Níger e Congo, dominando boa parte da costa ocidental da África. Fundou a África Ocidental e a África Equatorial.

Unificadas tardiamente, Alemanha e Itália reivindicavam uma parte na partilha da África e da Ásia. A possibilidade de ocorrerem conflitos entre as potências imperialistas motivou o Congresso de Berlim de 1884, convocado por Bismarck. O congresso estabeleceu normas de conquista, reconhecimento e delimitação das áreas conquistadas, mas sem quaisquer consultas aos nativos. Assim, a Alemanha pôde anexar a costa oriental e o sudoeste africanos, enquanto a Itália estabeleceu seu domínio na Líbia e na Somália, embora fracassasse na conquista da Etiópia.

O Rei Leopoldo II da Bélgica criou uma colônia particular no Congo, depois incorporada ao Estado Belga.

Várias guerras coloniais marcaram o domínio europeu na África e na Ásia. Na Índia, houve vários levantes contra os ingleses, como a Guerra dos Cipaios. Soldados cipaios, seguidores do islamismo, foram recrutados pelos ingleses para formar um exército colonial. Porém, o uso de gordura de porco para engraxar armamentos revoltou os soldados e a rebelião se alastrou. Terminou com um enorme massacre dos nativos, em 1858.

Na África do Sul, ocorreu a Guerra dos Bôeres, colonos de ori- gem holandesa que fundaram os Estados de Natal e Transvaal. Gozavam de alguma independência. Mas a descoberta de ouro e diamante em território bôer, no fim do século XIX, motivou a invasão, a guerra e a sua derrota em 1902. Houve milhares de mortos, inclusive nos campos de concentração montados pelos ingleses.

Em 1900, nacionalistas chineses, chamados “boxers”, tentaram expulsar os ocidentais. A Guerra do Boxers culminou com a invasão de Pequim e a derrota dos sublevados. A dinastia manchu não conseguiu unir chineses contra o imperialismo, nem impedir a divisão do império em áreas de influências das potências estrangeiras. Uma verdadeira revolução popular estava em marcha. A confusa situação nacional, a humilhação do país e a fraqueza imperial manchu causaram o triunfo da República, em 1911, por Sun-Yat-Sen.

O Japão permanecia praticamente fechado ao mundo ocidental desde o século XVI, sob o domínio do chefe de armas imperial, o shogun. O período do shogunato durou até 1853, quando os americanos forçaram a abertura dos portos.

Os japoneses concordaram em estabelecer relações comerciais com os americanos. Outras nações também se impuseram, forçando o Japão a assinar os “tratados humilhantes”. Ao Japão restavam duas alternativas: ou se modernizar ou se submeter ao imperialismo ocidental, como acontecia com a vizinha China. A opção foi a “Revolução Meiji”. O imperador concentrou o poder político e extinguiu o shogunato. Substituiu-o pelo primeiro-ministro. Em 1868, o imperador Mitsuhito iniciava a ocidentalização nacional.

Os antigos senhores feudais se transformaram em modernos capitães de indústria. O Japão passava do feudalismo para a Revolução Industrial, enviando japoneses para estudar em es- colas nos Estados Unidos e Europa e importando técnicos e tecnologia ocidentais, queimando etapas.

Ao se industrializar, o Japão se transformava em uma potência imperialista. Por ser pobre em matéria-prima, a expansão imperialista era vital para o Japão manter sua produção industrial, concorrendo com os países ocidentais. O Japão atacou a China, derrotou-a e se apossou de Formosa (Taiwan).Maistarde,incorporouaCoréia,apósderrotaraRússia, que também a disputava. O domínio do Extremo Oriente era objeto da geopolítica japonesa.

Os Estados Unidos consolidavam sua hegemonia na América Latina, pela criação de um Conselho Pan-Americano, com sede em Washington, em 1901. O conselho facilitava a intervenção americana nos assuntos internos de vários países, como o México, a República Dominicana, Cuba, Nicarágua, Guatemala etc. Como corolário do seu imperialismo, os americanos receberam do recém-criado Panamá o direito de construir e explorar, perpetuamente, o c Toda essa ânsia pela conquista dos territórios, tanto na Ásia como na África, entre as potências européias mais os Estados Unidos gerou um ambiente de estabilidade nas relações internacionais.

O imperialismo do final do século XIX e início do século XX pregava a conquista de territórios espalhados pelo mundo onde se pudesse promover a exploração e a influência ideológica. A tensão acirrada entre os países que participaram desse novo momento de conquista de colônias na história da humanidade foi um dos motivos geradores da Primeira Grande Guerra Mundial.anal que ligaria o Atlântico ao Pacífico