O iluminismo foi entre outras coisas, a matriz do pensamento liberal, pelo que este movimento, recolhe a herança do século anterior e cria ou reelabora temas que vão constituir a base teórica do liberalismo. Para entender isso, basta olhar-se ou citar-se a doutrina de tolerância defendida por Voltaire, ou das garantias contra o Estado, com Montesquieu, ou ainda, a ideia do progresso com Condorcet, ou de forma geral, a teoria dos direitos humanos que apresenta-se em maior ou em menor grau dos principais autores.
Ainda que assim se considere, as principais ideias do iluminismo tinham o racionalismo (a razão humana) como sua base, ou seja, fonte do conhecimento. Os iluministas perspectivavam um mundo perfeito, regido pelos princípios da razão, sem guerras e injustiças sociais, onde toda humanidade fosse expressar livremente seu pensamento. Assim, intelectuais olhavam para o iluminismo como um movimento que iluminava a capacidade do homem – de criticar e almejar um mundo melhor.
Na concepção dos iluministas, só por via da razão científica o homem poderia conseguir o alcance do verdadeiro conhecimento, a harmonia na convivência social, a liberdade individual e a felicidade. Assim sendo, a razão era o único guia da sabedoria capa de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da natureza.
Para os filósofos iluministas, as injustiças sociais não passavam de vitórias temporárias do irracionalismo. Portanto, a humanidade que fosse guiada pela razão e pela ciência com os homens livres e autónomos, poderia conhecer o progresso e a felicidade. É a partir desses ideais que os iluministas propunham a reorganização da sociedade, com uma política centrada no homem, acima de tudo no sentido de garantir-lhe a liberdade, reconhecendo valores como o bem-estar geral e o progresso social.
Há três princípios básicos que os iluministas propunham para que a sociedade adoptasse de modo a ser justa e racional:
Liberdade: todos os homens deveriam gozar de liberdades individuais fundamentais, tais como a liberdade de poder dizer e escrever sobre o que quisessem, e liberdade de possuir qualquer crença religiosa ou política. A ideia dos direitos fundamentais do homem foi criada pelos iluministas, que eram contra a escravidão, a servidão feudal e as torturas.
Tolerância: ninguém deveria ser punido por defender ideias políticas ou religiosas. É justamente isso que o filósofo Voltaire tinha em sua mente quando declarou: Não concordo com uma só palavra que tu dizes, porém, defenderei até a morte teu direito de proferi-las.
Os Iluministas defendiam ainda mais, um regime em que o rei estivesse submetido a uma Constituição e no qual houvesse a separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que são concretamente princípios básicos do liberalismo político. É de salientar que as ideias iluministas surgiram como resposta aos problemas concretos enfrentados pela burguesia, como é o caso da intervenção do Estado na economia, o qual impunha limites à expansão dos negócios empreendidos por essa camada social.