A Operação Nó Górdio foi a maior e mais dispendiosa campanha militar portuguesa na província ultramarina de Moçambique, na África Oriental. Decorreu em 1970, durante a Guerra Colonial
Portuguesa (1961 – 1974). Os objectivos desta campanha consistiam em erradicar as rotas de infiltração das guerrilhas independentistas ao longo da fronteira com a Tanzânia e destruir as suas bases permanentes em Moçambique. A Nó Górdio durou sete meses, mobilizou no total trinta e cinco mil militares e foi parcialmente bem-sucedida.
A operação consistia num cerco intenso com vista ao isolamento do núcleo central do Planalto dos Macondes, onde se encontravam as grandes bases de Gungunhana (objectivo A), Moçambique (objectivo B) e Nampula (objectivo C). Após conseguido o isolamento, estava programado o assalto e destruição destes objectivos. Atingindo estes objectivos, esperava-se uma desarticulação e desmoralização da FRELIMO, embora esta não tenha sido impedida de actuar em qualquer dos teatros de operações, conforme se verificou posteriormente.
A Nó Górdio foi lançada sob ordens de Kaúlza de Arriaga, entretanto promovido a comandante-chefe após oito meses de comando de forças terrestres no teatro de operações moçambicano, e executada pelo Comando Operacional das Forças de Intervenção (COFI). O início da Operação Nó Górdio foi marcado para 1 de Julho de 1970, com a presença do general Comandante-Chefe e do seu Estado-Maior em Mueda, prolongando-se até 6 de Agosto, tendo participado mais de oito mil homens, onde se incluía a totalidade das forças especiais (Comandos, pára-quedistas e Fuzileiros) e dos Grupos Especiais e a quase totalidade da artilharia de campanha, unidades de reconhecimento e de engenharia.
Esta operação incluía acção psicológica, com uma secção instalada em Mueda, e equipas de acção psicossocial em Mueda e no Sagal. Segundo os relatórios em Portugal, terão sido mortos 651 guerrilheiros e 1840 capturados contra 132 militares portugueses mortos. Kaúlza de Arriaga reivindicou também que as suas tropas teriam destruído 61 bases e 165 campos, e capturadas 40 toneladas de munição, apenas nos primeiros dois meses.
O Massacre de Mueda (1960)
O Massacre de Mueda, foi um dos últimos episódios da resistência dos moçambicanos à dominação colonial antes do desencadear da luta armada de libertação nacional. Em Moçambique, a efeméride coincide com o Dia da Moeda Nacional, , e Dia da Criança Africana.
O Massacre de Mueda, deu se a 16 de junho de 1960. Naquela data, realizou-se uma reunião entre a população do actual distrito de Mueda e a administração colonial, que terminou com o massacre de mais de quinhentos moçambicanos pela tropa colonial portuguesa.
A reunião foi pedida pela população de Mueda que cansada do trabalho forçado, da violência, e da repressão, procurou um meio para acabar com a triste situação de vida. Para o efeito, uma delegação, foi expor ao administrador de Mueda, as reivindicações da população. As populacoes reclamaram o trabalho obrigatorio, a ocupação das terras férteis pelos colonos e a expulsão dos moçambicanos para as áreas áridas e improdutivas.
O administrador tinha ordenado que fossem abertas trincheiras em redor da secretaria da administração. Nesta data, o governador do então distrito de Cabo Delgado, deslocou-se a Mueda, escoltado por um pelotão de soldados portugueses, que os ordenou a esconderem-se nas margens do rio Chudi, próximo do local da concentração
Na sua alocução, o governador procurou convencer a população a abandonar a ideia da independência o que a populacao não aceitou.
O ambiente gerado não era consensual, daí que o administrador sugeriu que um grupo representativo fosse discutir com ele na secretaria. Mal o grupo chegou, os seus membros foram algemados e, em seguida, foram levados à força para um carro que estava preparado para os levar.
O governador gritou: Fogo! O fogo das espingardas, metralhadoras e o ribombar das granadas. Nos dez minutos que se seguiram, pouco depois das cinco horas da tarde, mais de 500 moçambicanos foram chacinados pelas forças de repressão colonial.
Depois da independência, o dia 16 de junho passou a ser comemorado. Foi nesta data, em 1980, que se inaugurou a nova moeda nacional de Moçambique, o metical. Em 1980, foi lançado o filme Mueda, Memória e Massacre, dirigido por Ruy Guerra.
Bibliografia
CABAÇO, José Luís de Oliveira. Moçambique identidades, colonialismo e libertação.Universidade, São Paulo, 2007;
MONDLANE, Eduardo. Lutar por Moçambique. Maputo, colecção “Nosso Chão” 1969;
NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Mem-Martins, Publicações Europa-América, 1997.