Localização geográfica

Marrocos situa-se a oeste da África do Norte, é limitado a norte pelo mar mediterrâneo, ao sul pela montanha dos Atlas, a leste pela Argélia e a Oeste pelo oceano Atlântico. Devido à sua privilegiada localização geográfica e às suas riquezas naturais, foi um território muitas vezes conquistado, e colonizado pelos mais diferentes povos ao longo de sua história.

Penetração Estrangeira

Sua primeira colonização foi por mercadores fenícios por volta do século X a.C, depois destes vieram os gregos que se instalaram na região entre os séculos VI a.C. e III a.C. Em seguida vieram os romanos por volta do século II a.C, que se mantiveram ali até o século V d. C quando os Vândalos tomaram aquelas terras bem como tantas outras do império romano. Depois dos vândalos veio o Império Bizantino no século VI. A colonização dos Árabes ocorreu durante os séculos VII e IX, onde invadiram a partir do leste, e no início do século VIII, ocuparam o país. Os Berberes mantiveram sua identidade através de todas as invasões, mas acabaram aceitando a religião Muçulmana, embora os Berberes fizessem alterações e adaptações que permitiram a religião se encaixar com suas formas tradicionais de vida. A colonização Árabe permaneceu por muito tempo, e ainda hoje rege o estilo de vida do povo do Marrocos.

Organização Política

Há poucos registos sobre a vida dos povos berberes antes da chegada dos primeiros colonizadores (fenícios) nesta região. Não obstante, a partir do século IV a. C, aparece em Marrocos a primeira organização política do país, resultado da federação de diferentes tribos berberes. A Mauritânia tinha uma organização centralizada em torno do rei, que detinha todo o poder. As cidades eram administradas por magistrados chamados Sufetes, inspirados do modelo cartaginês. Os chefes das tribos conservavam alguma autonomia, mas eram obrigados a contribuir com guerreiros para as tropas.

Perto do final do século VIII d. C, Idris I, um descendente de Maomé, estabeleceu a primeira dinastia Muçulmana do Marrocos. Seu filho, Idris II, fundou a cidade de Fez, que tornou-se conhecida como um centro de religião e cultura Islâmica. No mesmo século aparece também a dinastia dos Midraridas, ele tem por capital a cidade de Sijilmasa. O emirado de Sijilmasa atinge o seu auge no século IX graças ao seu papel como um centro de tráfico de metais preciosos, e sua fama se estende para o Mediterrâneo e para o médio oriente. Entretanto, o mesmo período foi destacado pelo Reino de Barghawata. A particularidade deste reino foi de criar uma religião puramente berbere, baseada em um livro sagrado inspirado do Alcorão, e conduzida por um governo teocrático, que fixa os rituais de um culto novo misturando Islão, Judaísmo e antigas crenças. O Barghawata mantém sua supremacia na região das planícies do Atlântico por quatro séculos.

Estas três dinastias compartilham o poder até meados do século XI; elas serão destruídas pelos Almorávidas.

Os Almorávidas (1061-1147), eram uma dinastia berbere, composto por um forte exército de Cavaleiros excelentes, ferozes lutadores e guerreiros a pé. Os combatentes a pé estavam disposto em linhas com saberes e lanças para deter o inimigo. Este movimento seguia uma táctica preceito no alcorânico. “Na verdade Deus ama aqueles que combatem segundo a sua via: em fileira, como se fossem um baluarte de pedra”.

Foi na base desta táctica baseada na fé, que este exército tornou-se muito forte sob comando do Yussuf e conquistaram vários territórios formado desta forma um vasto império Euro Africano que se estendia desde Ebro (Espanha) até as circunvizinhas do Senegal, tendo estabelecido a capital Marrakesh. Com a morte do Yussuf, sobe a trono seu filho Ali Ibun Yussuf criado nas delicias andaluzas facto que não mereceu confiança dos generais e como consequência, o império entra gradualmente no declino perdendo seus territórios distantes. Espanha e Portugal invadiram o país, construíram povoados fortificados, e ocuparam vários portos Marroquinos (Ibid.).

A dinastia almóada governou entre (1145-1269). Com a queda dos Almorávidas surge um novo estado de Marrocos, baseado em princípios, ideias e a formulação da reforma de Ibn Tūmart em matéria de moral, dogmática teológica e de legislação. Suas ideias parecem ter amadurecido progressivamente durante sua viagem de estudos ao Oriente, no caminho de regresso ao extremo Magreb, se instala no seu país natal.

O primeiro principio dizia respeito, a afirmação da unicidade de Deus, (Deus único) e a negação de tudo o que não é divindade. Ele afirmava que era o primeiro dentre os conhecimentos obrigatórios, pelas três razões seguintes: é um dos fundamentos da religião, a mais importante das obrigações e a religião dos primeiros e dos últimos profetas.

 Os almóadas distinguiam-se pela austeridade de costumes e pela sobriedade, qualidades muito apreciadas pelos berberes, povo rural pouco afeito ao luxo. Importante e notar que o mahdī utilizava a língua berbere em suas pregações, e que um dos feitos desta dinastia foi a transferência da sua capital para Sevilha, onde fundaram o que é hoje a Catedral de Sevilha; também a Koutoubia em Marrakech.

 Esse estado foi governado por uma dinastia de origem berbere, porem profundamente arabizada, que contava com o apoio das cabilas makhzen e que, na prática, controlava apenas as cidades e os grupos sedentarizados das Planícies. As regiões montanhosas e as vastas estepes constituíam bastiões dos montanheses berberes ou de nómadas árabes sempre prontos a atacar as regiões periferias do território makhzenA obediência aos decretos do soberano media segundo o poder efectivo deste e sua capacidade de exerce-lo.

Durante o período pós-almóada, este estado teve que lutar contra a pressão cada vez mais forte que os Estados cristãos da península Ibérica, da Itália, da Sicília e da França exerciam sobre todo o Magreb. Tal pressão era consequência das modificações ocorridas no equilíbrio de forças entre a Europa ocidental e os países islâmicos do Mediterrâneo. O Estado Marroquino tentou encontrar os meios de enfrentar essa agressividade nova, do mundo cristão e, embora tivessem sofrido várias perdas menores e não conseguissem evitar que Granada, ultimo reduto da presença muçulmana, caísse em poder dos cristãos.

Em, 1230-1472 instalou-se no Marrocos a dinastia dos Merinidas que é o ancestral epónimo da dinastia foi o celebre companheiro do IbnTūmart, Abū Hafs Umar al-HintātĪ, xeque dos berberes Hintāta, que em muito contribuiu para o esplendor do Império Almóada seu filho Abd al-WahĪd Ibn.

Entre 1240, data em que os Merinidas foram derrotados pelo exército Almóada e 1269, conquistaram Marrakech, a luta desenvolveu-se com sucesso intermitente. A lentidão para se chegar a conquista sem dúvida se explica pela falta de motivação religiosa no conflito, já que foi essa motivação que contribuiu para que as conquistas dos Almorávidas e dos Almóadas se processassem num curto espaço de tempo.

Nas cidades e as zonas rurais adjacentes eram directamente administradas pelos sultões, ao passo que as tribos makhzenos árabes e os Zenāta desfrutavam de ampla autonomia, e, em troca do serviço militar que prestavam, recebiam o direito de cobrar impostos dos camponeses. Porém, como não pudesse confiar inteiramente na lealdade e eficiência desses contingentes nómadas, os governantes Merinidas, da mesma forma que seus predecessores e vizinhos, passaram a depender mais de exércitos compostos por escravos mercenários, aquartelados nas grandes cidades.

O rei de Castela assinou um acordo segundo o qual se comprometia a não intervir nos negócios dos territórios muçulmanos na Espanha e a restituir os manuscritos árabes de que os cristãos se haviam apossado anteriormente. Essa paz de compromisso (1285) foi exaltada pelos Merinidas como se fosse uma vitória.

O sultão Abū Ya‘kūb Yūsuf precisou reprimir uma serie de revoltas no sul do Marrocos, envolvendo-se com toda a energia na tentativa de conquistar Tlemcen e liquidar a Dinastia Zaianida. Por essas razões, estava pouco disposto a dispensar suas forças intervindo do outro lado do estreito; em 1291, porém, como o rei de Castela rompesse o acordo firmado seis anos Dinastia Merinida atravessou período de eclipse devido, principalmente, a dissidência de um dos membros da família reinante, que se havia apoderado de vastas regiões do sul do Marrocos e assumido o controle do comércio transaariano. Só se pós fim a rebelião depois que Abū ’l-Hasan ascendeu ao trono, em 1331. Enquanto durou essa luta intestina, os Marinidas tiveram que renunciar a sua politica ofensiva. Foi, sem dúvida, o maior dos sultões Marinidas. Pouco após sua ascensão ao poder, reafirmou a autoridade de Fés sobre o Marrocos meridional, pós fim aos conflitos internos e retomou a politica de conquistas.

Durante a primeira metade do reinado, consagrou todos os esforços ao restabelecimento da soberania muçulmana na Espanha.

A partir de então, os Marinidas – assim como todas as demais dinastias marroquinas que os sucederam – viram-se sem condições de intervir activamente na Espanha. O último vestígio do que fora o glorioso império muçulmano na Espanha, o emirado de Granada, ficou, assim, entregue a si mesmo, em sua desesperada luta pela sobrevivência.

Economia

O Norte de África em especial Marrocos foi habitada por povos de caçadores colectores cujas indústrias microlíticas são geralmente designados por Capsenese no Magreb.

Há testemunhas disto na rocha no alto Atlas (Marrocos) provam a existência da agricultura em tempos muito mais antiga e cultivavam trigo duro, cevada, milhete e legumes embora as suas alfaias tenham permanecido bastantes rudimentares. Usavam também uma espécie de arado dentado, uma peça simples e curva de madeira que apenas arranhava a superfície, Técnicas essas que aprenderam com Cartagineses bem como o cultivo de plantas e árvores (oliveira e vinha).

A vida social

A civilização marroquina teve forte influência da religião Islâmica que desenvolveu um forte espírito comunitário baseado nas noções de parentesco onde agrupava-se em tribos e cada uma era organizada por um chefe eleito (Sayyid ou Shaykh) que era responsável por um conselho de família e o chefe de Clã.

Religião

Marrocos sofreu influência tanto do cristianismo assim como do Islão. Contudo a maior dos marroquinos professam a religião muçulmana, onde um dos maiores influentes na religião Islâmica foi o Ibn Tūmart, este apoiava-se no conselho dos notáveis, a maneira berbere, permanecendo fiel as regras do kabīla Shleūh. Adoptou as ideias dos mutazilitas, que consideravam Allah como puro espírito, e preconizou a interpretação alegórica de certos versículos do Alcorão, tidos como ambíguos, principalmente no que diz respeito aos atributos de Deus. Para ele, o importante era recorrer a interpretação alegórica, a qual excluía comparação e a modalidade. É este um dos pontos essenciais de sua condenação aos Almorávidas.

A doutrina Islâmica estava submetida a fé de que existe um único Deus, e foi através de Maomé que a sua vontade foi revelada, e todos tinham que cumprir com as quatro obrigações rituais mais importantes do islamismo a saber:

Rezar a Deus 5 vezes por dia ( Al-fajr, Al-zuhur, Al-ansr, Al-magrib e Al-isha);

Dar esmola aos necessitados que foi substituído pela cobranças de tributo regular Zacat, (pertencia a 10% da receita de cada um com a finalidade alimentar os pobres necessitados e manter o progresso do Islamismo).

Jejuar entre o nascer do sol e o pôr do mesmo durante o mês de Ramadão. Tudo o muçulmano se possível devia fazer peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.

Com o cumprimento dos quatros mandamentos todos homens tornavam-se irmãos comungando nos dever da oração, esmola, jejum e peregrinação sem qualquer discriminação de estatuto social, riqueza, parentesco ou raça, algo que se notabilizou até a morte de Maomé. Após a morte Deste, verificou-se uma divisão (sunita e xiita) o que culminou com a queda da religião islâmica.

Há um elemento da doutrina tumartiana que se desviava nitidamente das posições sunitas: é a crença num mahdī (o guia impecável), que é guiado por Deus. As tradições relativas ao mahdī remontam ao Profeta, a quem se atribuem hadīth que anunciam a vinda de um restaurador, de um redentor, pertencente a família do Profeta. Para os sunitas, o mahdī só devera aparecer a véspera do fim dos tempos, para restabelecer e aplicar a verdadeira religião. Para os xiitas, é um imã oculto que deve reaparecer e governar pessoalmente por direito divino. Entre as classes populares, a crença no mahdī era bastante difundida por simbolizar a justiça.

 Obedecer ao mahdī é obedecer a Deus e ao seu Profeta, pós mahdī aquele que melhor conhece Deus e seu Profeta. Para alguns, o facto de Ibn Tūmart ter-se proclamado mahdi corresponderia a culminação lógica de sua vocação para exaltar o bem e proibir o mal; para outros, não teria feito mais do que utilizar-se de tradições e crenças locais revestidas de referências islâmicas.

Assim, as fontes que devem ser utilizadas no estabelecimento das leis da religião são, para Ibn Tūmart, o Alcorão e a suna e, em certas circunstâncias, o consenso e o raciocínio por analogia.

Essa diferença era especialmente perceptível no que tange as modalidades da vida religiosa. Em Fés e em todas as grandes cidades esta se organizava em torno das universidades, nas quais predominava o rito ortodoxo maliquita, sob a protecção oficial dos sultões merinidas; os moradores dos campos, por sua vez, sentiam-se cada vez mais atraídos pelas zāwiyapelas lojas das confrarias místicas (tarīka) e pelos santuários dos santos locais, os marabus. Essa tendência já começará a manifestar-se sob os Almóadas; estes haviam incorporado ao ensino oficial a doutrina de al-GhazzālĪ (morto em 1111) que integrara o misticismo ao islamismo ortodoxo. Sob o reinado dos Merinidas, a criação de varias ordens sufique na sua maior parte constituíam ramificações da kādirīya, marcou a institucionalização do misticismo. Tal manifestação do islamismo popular muito contribuiu para a islamização das áreas rurais na medida em que conseguiu penetrar as regiões mais afastadas do Marrocos, alcançando as populações montanhesas berberes, que até então mal haviam sido atingidas pelo Islão.

Cultura

Norte da África, enquanto laboratório de transformações culturais impostas por mudanças históricas, constitui um campo de análise extremamente rico para o cientista humano. Esta região pode ser considerada, geograficamente, uma ilha, pois encontra-se separada da Europa pelo mar e do resto da África pelo deserto. De facto, sua ligação física mais directa é com o Oriente, esse mesmo Oriente com o qual grande parte de sua História se mescla. No entanto, apesar das barreiras físicas, a Península Ibérica em especial, mas igualmente a região mediterrânica central, desde tempos os mais remotos, estabeleceram uma série de contactos e intercâmbios humanos, culturais e económicos com a região norte-africana. Por outro lado, estabeleceu um vínculo cultural permanente com os povos autóctones desta região. Com a chegada dos invasores islâmicos no século VII de nossa era representou, de uma certa maneira, uma continuidade de contacto com o Oriente.

As fotografias tiradas no trazbent revelam uma grelha correspondente a campos divididos por muros baixos o que representa prova da cultura dos socalcos muito antes do reinado de massinissa. O artesanato evidencia um elevado grau de conservadorismo, onde nas zonas rurais era praticado pelas mulheres fabricando utensílios de esparto, a fixação de lã e a tecelagem de tapetes, coberturas e roupas. Nas cidades eram fabricados armas, utensílios e tecidos púrpura em várias oficinas.

Nota-se também o avanço da olaria e da cerâmica decorada com características impressão de conchas, geométricos consistindo em desenhos triangulares misturados com motivos florais e animais. Nota-se que a arquitectura Marroquina sofreu influências andaluzas (de Granada). Estas influências são menos manifestas na IfrĪkiya, onde se conservam relativamente poucos monumentos hafessidas, os grandes construtores da época foram os Mirinidas. O século XIII foi marcado pelo surgimento de novo tipo de monumento de inspiração oriental: a madraça, instituto de estudos islâmicos. Embora tecnicamente perfeita, não aponta nenhuma evolução, permanecendo num estado de estagnação rígida, que anuncia sua decadência.

O afluxo regular de imigrantes andaluzes, que traziam consigo estilo mais requintado em matéria de arquitectura, artes e artesanatos diversos, assim como na literatura, imprimiu novo vigor a vida e a civilização urbanas. A capital, Fés, tornou-se o grande centro cultural do Marrocos, enquanto a antiga metrópole, Marrakech, atravessou período de decadência. O enriquecimento cultural urbano, contudo, só veio aprofundar a separação entre as cidades e as zonas rurais, que continuavam a ter existência autónoma.

 

Bibliografia

FAGE, John Donnely “Historia de África” edição 70 Lisboa 2010.

KISERBO, Joseph, “História da África negra”, 4ª edição, Portugal, 2009.

SAIDI, NIANE Djibril Tamsir, “A unificação do Magreb sob os Almóadas. “História da   África – África do século XII ao XVI” Vol. IV. 2.ed. São Paulo: UNESCO, 2010.

UNESCO, “Historia da humanidade do século VII a.C. século VII d.C.” Volume III editor Verbo Lisboa 1996.

UNESCO, “Historia da humanidade,” Volume I editor Verbo Lisboa 1994.