Os primeiros Estado de Moçambique (Zimbabwe e Mwenemutapa). Mas primeiro abordaremos sobre o estado de Zimbabwe que foi fundada pelo povo Bantu denominado karanga que era falante da língua Shona por volta do ano 1250-1450 nas regiões Entre-os-rios Zambeze e limpopo. Este povo com o decorrer do tempo tomou um nome, tornou-se em um estado que teve as suas actividades principais económicas e ainda teve uma estrutura política e social.

Localização

Estava situado a 50Km da Baia de Vilanculos e a 450km do Grande Zimbabwe, Manyikeni insere-se pela sua arquitectura, materiais arqueológicos e datações absolutas. As investigações mostraram que foi continuamente habitado entre 1170-1610.

Contexto de formação do estado de Zimbabwe

  O Estado de Zimbabwe existiu, aproximadamente entre 1250 -1450. A classe dominante fez rodear as suas habitações de amuralhas de pedra conhecidos por Madzimbabwe (singular Zimbabwe). Essas amuralhadas não traduziam apenas uma ostensiva demonstração de poder, mas também tinham a função de protegê-la militarmente. Nos primeiros séculos da nossa era, os planaltos do Zimbabwe era habitado pelos karanga, grupo Bantu que falavam Shona. Foram estas populações karanga que fundaram o reino do Zimbabwe, entre rios Zambeze e limpopo.

Formação das Classes Sociais

Entre os karanga do planalto do Zimbabwe desenvolveu-se uma aristocracia no seio das famílias alargadas, clãs e tribos. A população produzia os excedentes e os chefes armazenavam-nos e organizavam as tarefas produtivas. Restava-lhes, pois, muito tempo para observar o ciclo da natureza, o que lhes permitia obter conhecimento acerca do tempo e prazos das sementes. Os melhoramentos das técnicas agrícolas, com o consequente aumento da produção, permitiu aos chefes afastarem-se das tarefas agrícolas e, com isso, formarem uma administração, um estado.

Actividades Económicos

As actividades económicas do estado Zimbabwe dividiam-se entre a agricultura, a pastorícia, o fabrico de ferro, a mineração e o comércio.

Na agricultura os Bantu desenvolveram, no século I nossa era, as técnicas agrícolas cultivavam a Mapira e a Mexoeira. Esta actividade era mais importante de todas e era praticada na sua maioria por Mulheres.

Na pastorícia a presença de ossos de gado bovino nas ruínas do grande Zimbabwe leva-nos a pensar que a criação de gado bovino, carneiros e cabras era uma actividade dominante no seio dos membros da aristocracia.

O uso e fabrico de ferro no grande Zimbabwe os habitantes eram bons conhecedores do uso da tecnologia de ferro, dai o grande desenvolvimento de técnica de fundição. Os ferreiros adquiriram privilégios especiais e tornavam-se uma camada social importante e respeitada, pois eram eles que fabricavam enxadas de cabo curto para o cultivo dos campos, as armas para as defesas e a conquista de terras. O cobre e o ouro também eram trabalhados, mas sobretudo para fins comerciais e para o uso da aristocracia.

Mineração a grande riqueza mineira que encontrava se na região permitiu a estes povos uma extracção relativamente fácil de ouro, ferro, cobre e do estanho.

No comércio interno e externo

No grande Zimbabwe, faziam-se trocas de produtos entre as populações das várias aldeias. Entre estas populações, trocavam-se essencialmente: cereais, gado, sal, objectos de adorno (missangas e conchas) e instrumentos de ferro. Com a acentuada presença persa, indiana, chinesa e árabe na costa nos séculos XI e XII, o comércio oceânico intensifica-se e novos produtos são trocados. Com a chegada destes mercadores estrangeiros, o comércio acabou por se tornar a actividade económica mais importante do estado do Zimbabwe. O comércio era controlado pela aristocracia, a partir do grande Zimbabwe, capital do estado, e serviu para o reforço e consolidação do poder político.

Produtos importados Produtos exportados
Missangas de vidro colorido;

 

Porcelanas, louça vidrada;

Finas garrafas de vidro.

Esferas fundidas de ouro;

 

Missangas de ouro.

Organização político-social

O estado do Zimbabwe era liderado por um rei. Abaixo deste estavam os velhos, fundadores das famílias que tinham tarefas importantes.

A exploração das minas era directamente controlada pelos funcionários do rei.

A administração das culturas e gado era feita localmente pelos respectivos anciões.

As classes dominantes deveriam ter um número aproximadamente dos mil. As demais sociedades zimbabueana eram compostos pelos camponeses e exploradores mineiros. Estes constituíam o povo e viviam fora das muralhas. As crenças magico-relegiosa e práticas ideológicas desempenharam, nesta sociedade, um papel importante. A ideologia magico-relegiosa constituía uma arma fundamental do poder, da coesão social e de aparente imobilidade social. O rei e os chefes das linhagens imploravam aos antepassados para si e para o seu povo, as chuvas, a saúde, a protecção para a caca e para as viagens. Como elo da cadeia que liga os anciões mortos aos vivos, o chefe sacerdote detinha uma função que era uma base.

A religião e aparato ideológico

O povo acreditava no poder sob natural dos chefes, que se diziam serem capazes de interpretar a chuva, o trovão, as doenças e outros fenómenos naturais, cujas origens se desconheciam. Julgando que acreditava a ira dos espíritos, dedicavam lhe ritos e sacrifícios. Os chefes dirigiam cerimónias religiosas, Esta autoridade em assuntos espirituais servia para consolidar o seu poder político, foram encontrados muitas estátuas altas em pedra sabão, belas esculturas de uma ave com as asas fechadas. Estas aves estavam ligadas a crenças religiosas.

Decadência do Estado do Zimbabwe

Dentre as causas que contribuíram para a decadência do Estado do Zimbabwe destacam – se:

O esgotamento dos jazigos de ouro e a infertilidade dos solos que provocaram a imigração da população para regiões mais segura;

A redução do caudal do rio save, que dificultou a navegação e a ligação entre i reino do Zimbabwe e a costa;

O aumento da população na região do grande Zimbabwe e a consequente falta de terras aráveis;

Contradições e lutas entre os clãs Rozwi e Tawara pelo controle do comércio de ouro;

A agudização de lutas internas pela ânsia de poder e consequentemente instabilidade social.

 

Referencias Bibliográficas

RECAMA, Dionísio Calisto. História de Moçambique, de África e Universal. 1ª ed. Maputo, plural editores, 2006. 160P.

SERRA, Carlos. História de Moçambique: Parte I- Primeiras Sociedades Sedentárias e Impacto dos Mercadores, 200/300-1885; Parte II- Agressão Imperialista, 1886-1930. Volume I e II, 2ª edição, Maputo, Livraria Universitária, UEM, 2000. 260P.

SUTO, Amélia Neves de, Guia Bibliográfico para o Estudantes de História de Moçambique, UEM/CEA, Maputo, 1996. 234P.RITA-FERREIRA, Fixação Portuguesa e História Pré-Colonial.de Moçambique, instituto de investigação científica tropical/ junta de investigações científicas do ultramar, LISBOA— 1982.