Desde o início do século XIX começou a observar-se a Revolução Industrial transformara as condições de vida dos homens e a organização social. A sociedade constituiu-se num esforço para descrever estas modificações, para as explicar e para prever o caminho que tomava.

Avança que para analisar a nova sociedade em via de gestação, para lhes decernir as particularidades principais, houve a necessidade de a comparar a outros tipos de sociedade; dai a sociologia comparada e evolucionista. Houve a necessidade de confrontar a sociedade moderna com a sociedade tradicional; quanto mais o contraste entre estes dois tipos de sociedade surgiram como violento, mas os traços que caracterizavam a sociedade moderna adquiria relevo. Dai as tipologias dicotómicas esta dicotomia contínua a ter uma grande influência, encontrámo-las, quase todas na distinção ou na oposição que a sociedade contemporânea estabelece entre o que denomina de sociedade tecnológica e de sociedade tradicional.

Sociedade tradicional

Estrutura económica da sociedade tradicional

A estrutura económica da sociedade tradicional é simples pois, para prover as necessidades com que se dependem os membros dessa sociedade utilizam directamente os bens que a natureza lhes oferece, operando neles apenas um mínimo de transformação. Para proverem da subsistência recorrem a qualquer dos recursos seguintes: cultura de sol, criação de animais, caca, pesca, colheita de frutos, de árvores, e de raízes. De uma maneira geral os membros da sociedade geral pratica ao mesmo tempo ou sucessivamente dois ou várias dessas actividades.

O mesmo autor avança ainda um segundo factor que confere a economia tradicional que é o seu caracter simples na tecnologia arcaica usada nas diversas actividades de produção. A tecnologia é arcaica quando apresenta os traços seguintes: recurso a energia natural, a força animal, ao vento, a água e ao emprego de utensílios que são o prolongamento direito dos membros do corpo humano.

A economia tradicional é simples porque se funda numa divisão de trabalho extremamente elementar que consiste em repartir as tarefas em sexo, e em idade. Determinadas tarefas são atribuídas aos homens, outras as mulheres, as crianças e velhos ocupam-se de actividades mais simples ou menos fatigantes. Por ser rudimentar, a divisão de trabalho é muitas vezes rígidas, os homens recusam-se a fazer trabalhos dados a mulheres e vice-versa. Com tudo acrescenta-se que pode existir nas sociedades tradicionais determinadas especializações de caracter profissional; por exemplo o caso de feiticeiros ou de Shaman, e também de alguns tipos de artesãos que se especificam na fabricação de determinado tipo de objectos.

Uma economia de subsistência

Neste tipo de economia a sociedade produz os bens de que necessita de imediato para sua subsistência e defesa;

  1. Só acumula os excedentes de produção por período muito curto;
  2. O problema de abastecimento é cotidiano; é por isso que ocupa um lugar preponderante na actividade de cada um, tanto como no pensamento e nas conversas;
  3. A economia de subsistência é constantemente ameaçada por escassez e pela fome pelo rareamento de produtos de caleta.

Uma sicidade restrita

A economia de subsistência tem importantes implicações demográficas. Devido aos recursos naturais com que conta para sobreviver e a tecnologia arcaica que possui a sociedade tradicional deve poder dispor de um território bastante vasto em relação a população. Por outro lado, o crescimento demográfico deste tipo de população e os recursos naturais não se poderia manter, pois, na pratica, acontece que, devido a condições higiénica desfavoráveis e a conhecimentos médicos rudimentares, a esperança de vida é muito limitada e a mortalidade infantil elevada.

As migrações e as guerras fazem o resto para produzir, quando necessário, apressam demográfica. Existe portanto um máximo ou optimo demográfico que toda a sociedade tradicional se vê obrigada a respeitar.

A estrutura económica da sociedade tradicional

O parentesco

A organização social tradicional em dois pontos principais: o parentesco e a os grupos da idade. O parentesco funda se no reconhecimento dos laços de sangue e os laços de aliança pelo casamento, laços esse que unem um conjunto de pessoas. Estes laços criam uma rede complexa de relações com pessoas de diferentes idades, relações essas que são fundadas nos direitos, deveres, e obrigações por vezes muito restritas, pela pertença a um grupo de parentesco cada pessoa se vê obrigada a manter certos sentimentos relativamente aos outros membros do grupo, a ter mais respeito por alguns membros que por outros, ajudar uns mais que os outros.

Funções de parentesco

Na sociedade tradicional, o parentesco desempenha funções muito importantes. O parentesco, constitui alem do mais uma vasta rede de interdependência e de entreajuda, devido as numerosas obrigações que cria entre os membros. Em caso de necessidade pode se sempre contar com o auxílio dos membros de parentesco. Numa economia de subsistência, esta ajuda é muitas vezes preciosa para os que dela beneficiam, tanto como pode ser difícil e pesada para os que a vida colectiva da comunidade se organiza em mas que dai pode resultar nos países tradicionais em vias de industrialização, o parentesco constitui em quase todas as sociedades tradicionais o esqueleto da organização social, toda a vida colectiva da comunidade se organiza em torno do parentesco e lhe toma são formas. Assim muitas sociedades tradicionais são divididas em clãs ou em metades que não são mais que grupos de parentesco; de uma maneira ou de outra, todos os membros de um clã ou de uma metade se consideram parentes. Na sociedade tradicional, o parentesco é pois um factor essencial de diferenciação social.

Complexidade das formas de parentesco

Pelo facto de se basear no parentesco, a organização social não é simples, contrariamente a estrutura económica e social, a organização-social das sociedades tradicionais é muitas vezes complexa pois, as próprias formas de parentesco são:

As categorias e grupos de idade

O segundo eixo da organização social das sociedades tradicionais é o das categorias e grupos de idade, que cortam horizontalmente os grupos de parentesco. Na sociedade tradicional há direitos e obrigações ligados as diversas etapas da vida humana; e sobretudo, na maior parte das sociedades tradicionais, estes direitos e deveres deram lugar a um rico simbolismo que em por função exprimi-lo, facto que prova a sua importância, alem disso, a transição de uma idade para a outra é muitas vezes marcada por cerimónias e festas.

Globalismo da organização social

Globalismo da organização social é uma distinção entre o poder politico e o poder religioso, permanecem estreitamente interdependentes e associados. E o ciclo anual da vida quotidiana é entrecortado por grande número de festas religiosas e sociais. Pois, estas festas têm muitas vezes por objecto uma categoria ou um grupo de organização social; podem impor a uma categoria de idade responsabilidades bastante pesadas na preparação e no desenrolar das cerimónias rituais como danças, cantos, jogos e trocas.

O homem da sociedade tradicional obedece a normas, a modelos de conduta que lhe impõem simultaneamente em nome do sagrado e em nome da sociedade, pela mesma acção, pode incorrer em sanções imediatas do alem, neste contexto o poder politico reivindica o apoio dos espíritos sobrenaturais ao mesmo tempo que o peso da tradição e do direito. Os actos legais como tratados, casamentos, e promessas, tem igualmente um carater magico.

O controlo social

A isto é porque na sociedade tradicional o universo social é restrito e todos os membros se conhecem, acrescenta se o facto de o controlo social se exercer de uma maneira directa e imediata. Entre os mecanismos de controlo na sociedade tradicional é preciso considerar a bisbilhotice como um de primeira importância, estudado por vários antropólogos, rompendo a monotonia e a rotina de vida quotidiana, a bisbilhotice tem lugar de notícia escrita ou falada. Podemos portanto afirmarmos que cada membro da sociedade tradicional lhe pertence de uma maneira global e incondicional, segundo a terminologia de Parsons, o individuo esta ligado a sociedade mais de uma maneira difusa. Assim, a organização surge neste tipo de sociedade como particularmente estável e fortemente ligado.

A mentalidade da sociedade tradicional

O empirismo

Levy-Bruhl opunha a mentalidade logica da civilização oriental a mentalidade pré-lógica do homem primitivo, mostrando que esta ultima operava na base de certos princípios fundamentais diferentes da logica racional. Por consequência o primitivo não podia estabelecer entre os objectos as mesmas relações nós e por isso só podia chegar a classificações diferentes das nossas, dado que estabelecia entre as coisas e o conhecimento relações fundadas em princípio diferentes. levy-bruhl conclui que as duas mentalidades eram definitivamente irreconciliáveis.

Esta teoria é necessário, reconhecer que existe uma vasta gama de conhecimentos cientificamente validos nas sociedades tradicionais mais primitivas. Há muitos factos que são a prova concreta do que acabamos de afirmar. Nas sociedades mais arcaicas, os indivíduos tem um conhecimento profundo da natureza, das propriedades das plantas, dos movimentos dos astros, dos hábitos dos animais, mas estes conhecimentos são essencialmente empíricos.

Natureza do empirismo tradicional

O conhecimento empírico é fruto de uma observação paciente e atenta das coisas, pois, constrói se por acumulação de informações detalhadas e fragmentárias. O seu funcionamento não é dedução logica e nem experiencia em laboratório, mas uma longa tradição de exatidão. Apoia-se no facto de que o vou das aves nunca se enganou sobre as condições de tempo. Esse tipo de conhecimento é portanto tradicional, pois é a tradição transmitida deste tempo imemoriais que o garante. Encontramos aqui o sentido mais profundo e mais real da expressão sociedade tradicional.

O pensamento mágico

A magia é constantemente presente na sociedade tradicional torna-se como apreensível. A magia consiste essencialmente na manipulação pelo homem de factores ou energias invisíveis, depostas nas coisas, na origem que fazem parte da natureza destas. Ao contrário da religião a magia é necessariamente eficaz, na condição de se conhecerem e praticarem os ritos em exatidão. Tem portanto como a técnica e os conhecimentos empíricos uma finalidade de aplicação pratica. A magia esta, para a acção como o mito esta para o pensamento, ambos operam a síntese entre o sagrado e o profano, a integração de visível e do invisível.

 

Bibliografia

ROCHER. Guy. Sociologia geral: a organização social. Lisboa editorial presencial, 1999.