Povoamento humano é a forma como a população se organiza no espaço e o utiliza. Povoamento humano é a distribuição e redistribuição da população num determinado espaço que pode ser regional, nacional, continental ou mundial.
Tipos de povoamento
Povoamento rural
Povoamento urbano
Distribuição e redistribuição da população rural
A distribuição e redistribuição da população rural é definida pelas políticas explícitas ou implícitas, e tem importância para o desenvolvimento social e económico e adquire maior relevo em países de economia mais débeis.
Até 1950 os países mais desenvolvidos não tinham definido qualquer política neste domínio. Contudo, entre 1950 e 1970, perante os problemas criados pelo crescimento descontrolados das grandes cidades, facto que gerou graves crises de emprego e do uso de solo, em particular urbano, assim como levou ao esvaziamento de vastas áreas do mundo rural, aparecem as primeiras medidas que podem ser consideradas como uma politica, ainda amorfa, de redistribuição da população. Esta situação foi evoluindo de forma que, actualmente, nestes países, os planos de desenvolvimento incluem de modo explícito, a componente de redistribuição territorial da população, com o objectivo de diminuir ou atenuar as disparidades regionais.
No continente africano assiste-se, hoje em dia a um enorme e descontrolado crescimento demográfico da principais cidades o que contribuído para a crise socioeconómico aguda que neles se vive. Mas apenas nos últimos anos, e de forma ainda algo tímida, através do desenvolvimento da administração territoriais e das autonomias regionais e locais, as políticas da distribuição e redistribuição da população se tem tornado mais explícitas. A preocupação principal é de descongestionar as grandes cidades, fazendo desenvolver o espaço rural. E com isso, reduzir as disparidades do desenvolvimento regional.
Em África um outro fenómeno exige atenção especial neste âmbito; são os grandes movimentos migratórios provocados por perturbações sociopolíticas diversas, incluindo os conflitos armados.
O volume de populações deslocadas e refugiada em seu retorno, exigem a aplicação de políticas explícitas integradas nas políticas gerais de desenvolvimento socioeconómico. Pode referir-se os casos, põe exemplo, de Moçambique com o reassentamento das populações deslocadas e refugiadas durante a guerra civil, de Angola, Ruanda e da Libéria
Nos países subdesenvolvidos podem identificar-se três tipos principais de políticas que tem vindo a ser aplicadas com diferentes graus de implementação e de sucesso, a saber:
Redistribuição inter-regional da população rural tendo em conta uma relação equilibrada com os recursos naturais;
Reorganização local das formas de assentamentos humanos rurais;
Abrandamento do crescimento da capital nacional e de algumas capitais regionais.
A distribuição e redistribuição territorial da população rural têm uma íntima relação com os tipos de ocupação, uso e posse da terra. Esta repartição é, antes de mais, resultado directo da aplicação de políticas implícitas ou explicitas de âmbito demográfico e de ordenamento de território. As causas da organização de população no espaço geográfico devem ser ainda procuradas nas relações sociais, culturais e económicas que produziram a história da área em estudo. As diferenças territoriais que sugerem resultam de um desigual processo de produção.
Formas de Povoamento Rural
Povoamento disperso
O povoamento disperso não possui, por definição, qualquer limite estatístico, podendo explicar-se, por isso, a residência de uma só pessoa ou família. Em contrapartida o limite máximo que deveria separar o disperso do agrupado levanta grandes dificuldades, surgindo assim como uma franja de incertezas onde a distinção não é clara nem fácil.
Esta falta de fronteira entre o disperso e o agrupado cobre duas formas de interferência: a associação e a transição dimensional.
Por associação entende-se a coexistência, num mesmo território elementar, de um ou vários grupos maiores que reúnem algumas dezenas ou centenas de fogos, no meio de uma dispersão ou mais baixo nível quantitativo, situação muito frequente em países que, como Moçambique, iniciam transformações de organização e de desenvolvimento rural. Por seu turno, a transição dimensional revela uma situação onde é nítida uma passagem da dispersão para a organização em núcleos de povoamento agrupado, mas onde homogeneidade entre os lugares ainda é muito evidente
A dispersão pode ser mais ou menos acentuada. A forma mais pura de dispersão corresponde a uma nuvem de casas isoladas, localizadas no interior do produtivo familiar. Esta é a forma de organização em que a unidade entre os espaços residencial e produtivo se torna mais íntima e completa, constituindo um todo indissociável. É um tipo de organização residencial produtiva muito frequente no meio rural africano e ainda muito evidente em Moçambique onde a casa da família está rodeada pelas parcelas de terra que esta usa.
Povoamento disperso também está associado á reorganização de antigas propriedades que, por passaram de exploração directa para indirecta, por arrendamento, parceria ou outras formas, ou por terem sido expropriadas para serem incluídas num programa de reforma agrária, são divididas em lotes menores onde se estalam as famílias que os passam a explorar.
As formas mais recentes de povoamento disperso resultam do loteamento dum espaço aberto ou reaberto á actividade agrária. A organização pode ser feita de duas formas; a implantação da residência no interior do lote (dispersão absoluta), ou o agrupamento das habitações num local escolhido e localizado, normalmente, no ponto de contacto de alguns lotes, o que da origem a um pequeno lugar elementar.
O povoamento disperso foi durante muito tempo, considerado como forma óptima da relação entre a residência da família camponesa e as suas terras de produção. O povoamento disperso tende a diminuir a favor de diferentes formas de povoamento agrupado apesar da intensificação crescente da actividade agrícola.
O povoamento disperso ‘e um tema de convergência de formas semelhantes, mas não idênticos, de relações entre povoamento e espaços explorado.
O povoamento agrupado
As populações rurais mais numerosas, vivem em aldeias que se podem definir como a forma elementar de organização das sociedades rurais, pois responde as necessidades fundamentais e identifica-se com a acção do grupo. As atitudes da população relativamente a estas necessidades, as estruturas das dos grupos e as relações económicas e sociais que se estabelecem, são muito variadas mas conduzem invariavelmente, ao mesmo resultado.
Também neste tipo de povoamento convêm distinguir, dentro de uma categoria estatísticos e morfológicas de âmbito universal, um grande número de caso especiais e de forma de transição que correspondem a diversas condições históricas, culturais, económicas e sociais.
Originalmente, o grupo humano constitui-se voluntariamente para iniciar a exploração de uma porção de espaço que foi reconhecido com potencialidades para a produção agrícola. Primeiro, o grupo toma posse do solo, o que implica uma posição de força e uma decisão. Por esta razão, o comando e estímulo de grupo é, muitas vezes, por um clã ou uma personalidade forte. Mas a posse de um espaço para ser trabalhado torna indispensável a presença, no local da população necessária para a sua defesa e valorização. Surge assim a aldeia como reunião de camponeses colocados sobre a protecção de um chefe que a organiza em comunidade de trabalho e de defesa. A forma mis simples deste mecanismo é aldeia dominial, que se pode comparar em África, aldeia clanica, a qual se identifica com o domínio, cujo cento concreto e de comando é a residência do chefe. Esta aldeia reuni todos aqueles que possibilitam a produção de tudo o que é necessário a vida de todo o grupo. A repartição dos resultados de produção e a natureza das relações sociais entre o chefe e os membros da colectividade podem variar segundo um leque bastante amplo de esquemas históricos e culturais.
As aldeias e inclusive as fracções destas que constituem os povoados, apresentem-se como conjuntos de edifícios, eles próprios por sua vez mais ou menos dispersos, dissociados espacialmente uns dos outros. O trabalho agrícola, actividade económica dominante supõe, com efeito, que as terras que se cultivam estejam na proximidades imediata da aldeia, pois que na ausência de toda a técnica de deslocação tem que se minimizar o tempo necessário para ir e voltar e, logo a distância concreta a percorrer. Estas características pressupõem que, para ser viáveis, as aldeias devem ser de pequenas dimensões, pois quanto menos pessoas agrupadas, mais próximas e acessíveis estarão o local de trabalho e os recursos necessários a vida diária da família – água e combustível lenhoso.
O povoamento agrupado apresenta-se com descontinuidade espacial das aldeias o que fornece uma paisagem em que o espaço residencial surge mais ou menos disseminado entre os campos, florestas, savanas, pradarias, etc., que os elementos circundantes da aldeia que dominam a percepção do observador.
Actividades das populações rurais
A População rural trabalha no setor primário geralmente: agricultura, pecuária, pesca, extrativismo vegetal e mineral, pastagens, caça, artesãos (carpinteiros, serralheiros, latoeiros, etc.)
No sector primário, as mercadorias produzidas não sofrem alteração e são comercializadas sem passar por nenhum estágio de transformação, como no caso da agropecuária, da pesca artesanal, do garimpo e do extrativismo vegetal.
Problemas rurais
Baixa remuneração da mão-de-obra, os salários são baixos, as actividades se concentram no plantio e na colheita (trabalho temporário). Os empregos permanentes correm nas grandes fazendas.
A propriedade das condições de trabalho, trabalho exaustivo, trabalho por produção, poucos trabalhadores com contrato assinado, remetendo-se a uma situação de trabalhos semi-escravagista.
A dificuldade de acesso à terra: a luta pela reforma agrária, as terras é destinada a reforma agrária.
Bibliografia
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GARRIDO, Dulce e COSTA, Rui. Dicionário breve da Geografia, ed. Presença, Lisboa, 1996.
NAKATA, Hirome e COELHO, Marcos Amorim. Geografia Geral, Editora Moderna- São Paulo, 1978.
SANTANA, Tânia De. Geografia da população, Brasil.