Alguns autores definem Geografia como o estudo da superfície terrestre, esta definição apoia se no próprio significado etimológico do termo Geografia, que procura descrever a superfície da terra com objectivo de analisar a variação espacial dos fenómenos físicos e humanos. O seu objecto de estudo é a paisagem, isto é, estuda aquilo que o homem alcança nos seus olhos ou horizonte. Alguns defendem que o objecto de estudo da Geografia é tudo aquilo que é mensurável. Segundo Vidal de La Blache a Geografia tem como seu objecto de estudo a relação entre o homem e a natureza. Entretanto caberia ao estudo geográfico descrever todos fenómenos manifestados na superfície do planeta, sendo uma espécie de síntese de todas ciências.

Críticas de Vidal de La Blache à Geografia Humana

Geografia Humana é uma área de Geografia que estuda a relação entre os seres humanos e o ambiente em que vivem, estuda também o uso que o homem faz do meio. A Geografia Humana tem como o seu principal objectivo o estudo das relações do homem com o meio físico, isto é, o homem depende da natureza.

Face a isto, a primeira crítica de princípio, efectuada por Vidal às formulações de Ratzel dizia a respeito à politização explícita do discurso deste. Isto é, incidia no facto de as teses ratzenianas tratarem abertamente de questões políticas. Vidal, condenou a vinculação entre o pensamento geográfico e a defesa de interesses políticos imediatos.

A outra crítica de princípio às formulações de Ratzel incidiu no seu carácter naturalista. Isto é, Vidal criticou a minimização do elemento humano que aparecia como passivo nas teorias de Ratzel. Com isso, defendeu o componente criativo (a liberdade) contido na acção humana, que não seria apenas uma resposta as imposições do meio e valorizou a história valendo se de sua formação académica de historiador.

Uma Terceira crítica de Vidal a antropogeografia, derivada da anterior, atacou a concepção fatalista e mecanicista da relação entre os homens e a natureza. Atingindo directamente a ideia da determinação da história pelas condições naturais. Vidal vai propor uma postura relativista no trato dessa questão, dizendo que tudo o que se refere ao homem “é mediado pela contingência”.

Em termo de método, a proposta de Vidal de La Blache não rompeu com as formulações de Ratzel, foi antes um prosseguimento destas. As únicas diferenças residiriam naqueles pontos de princípios já discutidos. Vidal era mais relativista, negando a ideia de casualidade e determinação de Ratzel, assim seu enfoque era menos generalizador.

 

Ficha Bibliográfica

MORAES, António Carlos Roberto. Geografia: Pequena História Crítica, 21a, ed., São Paulo, Annablume, 2007.