Características da sociedade africana na idade média

O desenvolvimento das sociedades africanas apresentava inicialmente, sem dúvida, aspectos contraditórios, mas o surgimento de grandes impérios que se baseavam numa diferenciação crescente em classes antagónicas agravou as desigualdades, em proveito de minorias constituídas por aristocracias guerreiras ou de prósperos comerciantes das cidades.

Foi durante esta altura que em África o Estado começou a surgir como necessidade organizativa, detendo funções militares, políticas e judiciais permanentes.

No entanto, permaneceram sociedades que estavam estruturadas de forma muito diversa – desde os bandos itinerantes dos pigmeus da floresta equatorial, a sociedades em que poder político permaneceu pouco diferenciado e as hierarquias sociais não eram acentuadas e ainda outras com sobados em vias de se, transformarem em reinos.

Essas sociedades beneficiavam também da facilidade de circulação na savana, que permitia as trocas comerciais e a difusão das novas técnicas. Como contrapartida, essa facilidade de circulação transformou também a savana num terreno fértil para o  agravamento dos antagonismos sociais.

Conteúdo e consequências das migrações bantu

A difusão da metalurgia do ferro na África a sul do Equador esteve intimamenteligada às migrações Bantu.

No princípio da nossa era, e a partir desse núcleo inicial, os Bantu ter-se-ão expandido para sul e atravessado a barreira da floresta equatorial ao longo das linhas de mais fácil penetração, seguindo o curso dos rios Ubangui e Congo.

A arqueologia mostra como essa expansão de povos conhecedores do ferro e praticando a agricultura se estendeu rapidamente a toda a região que vai do actual Shaba aos Grandes Lagos, e para sul até à Zâmbia actual.

Aquando da fundação do Reino do Kongo, já os Mbundu, um povo Bantu conhecedor da metalurgia do ferro, se tinham fixado no norte do actual território angolano. A utilização de ferro, o aumento da produtividade do trabalho agrícola, a possibilidade de desbravar mais facilmente as florestas e o cultivo de novas plantas contribuíram para melhorar os recursos alimentares dos Bantu, permitindo o aumento da população. Este facto terá obrigado as comunidades demasiado populosas a fragmentarem-se, partindo algumas famílias em busca de novas terras.

As regiões para onde os Bantu se expandiram estavam já ocupadas por povos caçadores-recolectores: Pigmeus na zona equatorial e Khoisan mais para sul.

Graças à sua superioridade técnica melhor equipamento de caça e combate, utensílios mais aptos ao desbravamento da floresta, recursos alimentares resultantes da actividade agrícola, os povos Bantu impuseram-se facilmente, empurrando os Khoisan para o sul do continente.

Os estudos arqueológicos em Angola não estão ainda suficientemente desenvolvidos para que se possa indicar quando se fixaram em Angola as primeiras populações Bantu. As tradições orais referem-se muitas vezes a migrações, mas só o seu estudo comparativo e exaustivo permitirá estabelecer uma cronologia.

As principais formações estatais da idade média em áfrica

A palavra “Sudão”, ou “Sahel” em língua árabe, significa “País dos Negros” e designa uma larga cintura de planícies cobertas de ervas que atravessa África do rio Nilo até ao oceano Atlântico, ao longo do flanco meridional do deserto do Sara.

Após a secagem progressiva do Sara, a região do Sahel (que assinalava o limite sul do deserto) tornou-se uma zona agrícola de refúgio, com grande densidade de povoamento e favorável, pela sua situação estratégica, ao desenvolvimento das trocas comerciais entre a África Meridional e o Magrebe.

Com efeito, a savana é uma região propícia à agricultura, de cereais e à criação de gado. Além disso, oferece grande facilidade de comunicações. O comércio do ouro parece ter, sido o elemento decisivo na consolidação dos primeiros Estados. Algumas minas situavam-se no interior dos grandes, impérios, outras, mais a sul, nas regiões da floresta. O ouro era trocado pelo sal, abundante no Sara, e por produtos mediterrânicos vindos através do deserto.

No século XV, a presença de Portugal no litoral provocou o desvio das vias comerciais transaccionas. Os pequenos Estados costeiros tornaram-se o centro do novo comércio internacional, em que o ouro africano era trocado por mercadorias europeias. Foi a perda do controlo das trocas comerciais mais importantes que trouxe o declínio dos impérios sudaneses.

Bibliografia

Pedro Nsiangengo, Rebeca Pereira Santana, Bento Kianzowa, Filipa André Francisco da Conceição, Rebeca Helena André: Manual de História – 7ª Classe, Livraria Mensagem editora; Luanda, 2006.