Introdução

No âmbito deste trabalho introduz-se que, como tema: a Cidade e o Urbanismo, que surge na disciplina de Geografia leccionada no ensino Secundário Geral, 12a classe.

Dada a relação que o conceito de cidade e urbanismo tem entre si, torna-se imperativa iniciarmos a análise desta temática pelo estudo do conceito de urbanismo.

No fim do trabalho terá a conclusão, onde está sintetizado conteúdo que compõem o trabalho e a referência bibliográfica, onde tem os autores do conteúdo que foi retirado.

2 – Cidade

A cidade – é o lugar geográfico onde se instala a superestrutura política administrativa de uma sociedade (M.Castells).

A cidade – é algo mais que um conjunto de indivíduos e de vantagens sociais; mais do que uma série de ruas, edifícios, luzes, telefones, e algo mais também do que uma mera constelação de instituições e corpos administrativos: tribunais, hospitais, escolas, política e funcionários civis de toda a espécie (Robert E. Park).

3 – Critérios da Definição da Cidade

Existem pois vários critérios para a definição de uma cidade, que são:

  • Critério demográfico – é um critério que tem em conta um determinado número de habitantes e a densidade populacional;
  • Critério morfológico – é aquele que tem em conta o tipo de edifícios, a densidade do trafego e vias de comunicação;
  • Critério funcional – é um critério que tem por base o tipo de actividades e funções existentes na cidade.

4 – Breve Introdução Historia da Cidade

O surgimento das cidades foi uma consequência da evolução da agricultura, especialmente da revolução do Neolítico, que permitiu a sedentarização dos homens num determinado lugar.

Em geografia chama-se sítio à localização exacta do espaço que originalmente deu origem à cidade por ser um lugar onde faziam a circulação de trocas comerciais ou de defesa. Foi a partir daqui que surgiram cidades com formas e funções diferentes.

A revolução urbana desencadeou-se na Palestina, na Mesopotâmia entre o Tigre e o Eufrates, no actual Iraque, no vale do Indo e no vale do Nilo: a região do crescente fértil, por volta de 3500 a.C. tais cidades surgiram em pontos diversificados, mas sempre nos vales dos rios, pois estes proporcionavam terras férteis, irrigação e comunicação.

Há ainda a salientar que as cidades egípcias do vale do Nilo apresentavam-se construídas paralelamente ao curso do rio, o significava a existência de um planeamento prévio.

Ao longo das planícies do rio Indo e do seu afluente Punjab, por volta de 3250 e 2750 a. C., desenvolveu-se uma outra civilização, que já possuía duas cidades muito povoadas, as cidades de Mohenjo-Daro e Harapp(a).

As cidades litorais fenícias, como Biblos, Sidon e Tiro, tinham, dada a sua posição geográfica, um grande papel atrativo.

4.1 – Período clássico

a.      Grécia

A Grécia de 800 a. C., possuía tribos que viviam isoladamente em ilhas. Aos poucos e no decurso do tempo, estas foram criando cidades-estado. As cidades-estado eram regiões controladas exclusivamente por uma cidade. Entre as cidades-estado destacam-se: Atenas, Esparta, Corinto, Tebas, Troia e Mileto. Nesta época, Mileto já possuía um plano geométrico que fora projectado pelo primeiro planeador de cidades chamado Hippodamus de Mileto.

b.      Roma

O período romano caracterizou-se pela adopção e aperfeiçoamento da arquitectura grega. Os romanos não só construíram pontes, estradas e edifícios, como também se preocuparam com o saneamento. Estes construtores procuravam realizar traçados regulares e geométricos, mas quando isso não era possível integravam nas cidades grandes conjuntos arquitectónicos, de grande aparato, e que constituíam a parte mais impressionante e majestosa da cidade, mas sempre mantendo traços de natureza rigorosamente geométrica.

A vida urbana fez surgir novas classes ligadas a ordem urbana, nomeadamente a aristocracia municipal, a burguesia rica da cidade, o funcionalismo do estado e a classe militar.

4.2 – Idade Media

A Idade Media foi marcada pela queda do império romano do ocidente em 476 e o declínio da civilização urbana em favor da economia rural dos povos bárbaros, que dominaram paulatinamente o antigo império, em 1453, com a tomada de Constantinopla. A maioria das cidades europeias surgiu na Idade Media, sendo estas classificadas em dois tipos:

  • As cidades adaptadas – que eram o produto de um crescimento lento ao longo dos séculos;
  • As cidades planeadas – são aqueles que resultam de um planeamento inicial.

a.      A cidade muçulmana

A velocidade de expansão do Islão, durante os séculos VIII, IX e X pelos territórios mais urbanizados do Mediterrâneo, provocou nas cidades inovações e adaptações a uma nova cultura e religião. Os árabes fundaram também novas cidades Islâmicas, como Bagdad, Samarcanda, Cairo, Fez, Marraquexe, entre outras.

Desde o Norte de África até à Índia, passando pelo Golfo Pérsico, as cidades muçulmanas apresentam características semelhantes e típicas que não se parecem em nada com as outras civilizações.

4.3 – Renascimento

Este período é assinalado por uma nova perspectiva de vida, onde o Homem é o seu centro.

O Renascimento foi marcado pela construção de grandes amuralhados (inicialmente na Itália, e depois em toda a Europa, França, Inglaterra, Espanha e Portugal) que tinham dentro de si grandes palácios, monumentos e igrejas.

São os arquitectos italianos que dão novas formas à arquitectura e ao planeamento urbano, em que se pretendia destacar a arte, o fácil acesso e o aperfeiçoamento das muralhas e fortificado que circundavam as cidades. Constituíram igualmente marcos típicos deste período a construção de largas avenidas de matriz geométrica, palácios possuidores de enormes jardins interiores, ruas, pontes, lagos, canais, tudo construído respeitando um traçado regular, casas alinhadas, ruas rectilíneas e largas, que mais tarde, no século XVI, foram alargadas para possibilitar a passagem de carruagens e consequente utilização por parte dos cavaleiros.

4.4 – As cidades depois da Revolução Industrial

Com a Revolução Industrial a cidade passa a ter outros atributos, isto é, deixa de ser unicamente o local para se habitar, mas o lugar por excelência que oferece oportunidades de habitação e emprego aos seus habitantes.

As transformações que se operaram em resultado da industrialização trouxeram profundas alterações no tamanho das cidades e da população, na ocupação do solo e na conservação do ambiente. Como consequência do aumento das unidades de produção, o que induziu a concentração de grandes massas de trabalhadores, novas cidades surgiram. O desenvolvimento das cidades e dos campos ficou a dever-se ao progresso das indústrias, do mercantilismo e dos transportes.

A expansão urbana foi continuando, ficando contudo restrita a certos limites, pois transporte de alimentos a grande distancia mantinha-se caro e a agricultura de subsistência continuou nos arredores das grandes cidades.

Portanto, na época contemporânea, o desenvolvimento urbano acelerou, para melhor aferirmos rapidamente como é que se propaga o movimento de urbanização da população mundial e comparando com a população total urbano em cidades com mais de 100 mil habitantes, o movimento nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.

5 – Taxa de Urbanizacao

A taxa de urbanização define-se como sendo o percentual da população urbana em relação à população total. Calcula-se usando geralmente dados censitários, segundo a fórmula seguinte:

Taxa de urbanização = população urbana/população total x 100.

6 – Classificação das cidades – as principais funções das cidades

As funções da cidade são determinadas pela actividade principal desenvolvida pela população, embora a maioria das cidades exerçam todas as funções, há uma actividade preponderante que leva a que se considere tal actividade como especialidade desta ou daquela cidade. É partir da estatística ou sondagem ou informações físicas que se obtêm dados que nos permitem classificar ou ordenar as funções de um aglomerado urbano.

As cidades desempenham uma série de funções: funções de direcção e comando; funções de produção e consumo; e funções que asseguram serviços.

a.      Funções de direcção e comando

As funções de direcção e comando compõem-se de:

  • Função política – exprime-se pelos poderes do Estado que muitas cidades detêm. São simbolizadas por um grande número de actividades públicas e é onde muitas vezes se encontram os centros de decisão de grandes empresas;
  • Função financeira – é conjuntamente com a função política a mais urbana de todas as funções urbanas;
  • Função directiva ou administrativa – esta função é conferida às cidades com uma vasta gama de serviços, onde as sedes administrativas de grandes empresas industriais, comerciais e financeiras se concentram, em áreas específicas.

Funções de produção e consumo

Estas funções compreendem a:

  • Função industrial – pese embora a actividade industrial esteja patente em quase todas as cidades, existem algumas que resultaram exclusivamente da actividade industrial;
  • Função comercial – a actividade comercial teve e continua desempenhando um grande papel na criação e desenvolvimento das cidades;
  • Funções de consumo – as cidades recebem e consomem grandes quantidades de produtos agrícolas, materiais de construção, energia, água e diversos produtos manufacturados.

c.       Funções de prestação de serviços

Estas funções compreendem a:

  • Função sanitária – é aquela função desempenhada pela cidade com o fim de assegurar as condições básicas de higiene e serviços de saúde dos seus habitantes.

d.      Função de ensino, de edução e cultural

Estas funções compreendem a função de:

  • Função cultural – as cidades exercem um papel de destaque na área cultural;
  • Funções de turismo e de recreação, estas funções compreendem a concentração e a procura diversidade, sossego, paz e tratamento;
  • Função religiosa, esta função trata-se de cidades que resultam de factores religiosos;
  • Função múltipla ou mista, esta função é aquela que congrega dentro duma mesma cidade vária funções, nomeadamente a função político – administrava, industrial, comercial, financeira, de defesa, cultural, religiosa, turística e outras mais.

7 – Relação campo-cidade

As relações campo-cidade não são um problema novo, mas um problema que já se verifica desde há séculos, e que ganhou uma importância considerável com o advento da revolução industrial, nos dias que ocorrem, a morfologia, a estrutura e o dinamismo de muitas cidades são expressão da vida rural.

A cidade tem um forte de atracção definitivo ou temporário sobre os habitantes do campo e ao mesmo tempo, um poder de escoamento que se manifesta num espaço periférico ao núcleo de atracção. Estes poderes de atracção podem ser resumidos nos seguintes pontos:

  • Atracção de imigrantes – resultantes das migrações diárias ou pendulares (o valem diário dos que trabalham na cidade e vivem no campo), e mesmo das migrações definitivas, sobretudo dos jovens que tanto procuram emprego, saúde, edução e outros atractivos que a cidade aparentemente oferece;
  • Fluxo de comunicação – os fluxos de comunicação representados pela frequência de transportes públicos (autocarro, comboio, barco, metro), de chamadas telefónicas, distribuição de jornais diários, permitem uma ligação estreita entre a cidade e o campo, diminuindo por conseguinte, aparentemente, a distância entre estas duas áreas;
  • Influencia sobre a agricultura – o campo fornece diariamente uma vasta gama de produtos agrícolas diários, principalmente hortícolas, leite, mandioca, batata-doce lenha, frutos silvestre e outros. Por outro lado, a cidade é fornecedora de materiais manufacturados diversos, como instrumentos agrícolas;
  • Influência comercial – a área da influência urbana verifica-se e avalia-se pelo poder de fluxos comerciais que se afastam na direcção do campo a partir das vendas a grosso e a retalho através dos mercados, feiras e centros comerciais;
  • Influência da cidade como pólo de emprego de serviços especializados – a cidade pode oferecer oportunidades de emprego e especificamente de serviços especializados aos cidadãos qualificados e acaba atraindo significamente quer cidadãos das áreas circunvizinhas, quer outros provenientes de regiões distantes destas, à procura de emprego;
  • Influência intelectual – as cidades oferecem as maiores e melhores oportunidades de formação, ensino e educação devido à existência de escolas, sobretudo escolas de nível universitário;
  • Influência recreativa e cultural – devido à existência de cinemas, teatros, bibliotecas, campos desportivos, a cidade torna-se um pólo de atracção para as populações rurais;
  • Influência administrativa – a cidade actua como um local aglutinador de vários serviços administrativos como notários, finanças, tribunais, que exercem uma influência proporcional ao grau hierárquico das funções disponibilizadas e que deixam o meio rural na sua dependência;
  • Influencia no estilo de vida rural – quando os citadinos passam férias ou fins-de-semana no campo e a influência que daqui resulta é alteração do estilo de vida e padrões culturais dos habitantes do meio rural.

8 – Planeamento urbano e sua importância

O planeamento urbano é o processo de criação e desenvolvimento de programas que visam melhorar e revitalizar certos aspectos, como por exemplo a qualidade de vida das populações dentro de uma área urbana, nomeadamente, vilas ou cidades. O planeamento urbano lido com os processos de produção, estruturação, e apropriação do espaço urbano.

Esta actividade é de importância capital pois tem em vista aconselhar os municípios, vilas e outros assentamentos urbanos, sugerindo possíveis medidas que podem ser tomadas com objectivo de minimizar e melhorar (congestionamento de transito, construções de áreas comerciais e habitacionais, parqueamento de viaturas). Os planeadores têm como missão de prever os futuros impactos positivos e negativos provocados por um plano de desenvolvimento urbano.

9 – Principais problemas urbanos e suas consequências

A urbanização desordenada que aflige muitas cidades do mundo, sobretudo dos países pobres, muitas vezes não preparados para atender s necessidades básicas das populações e sobretudo dos migrantes, causa uma série de problemas sociais e ambientais. De entre eles, destacam-se o desemprego, o subemprego, a criminalidade, o aumento da delinquência juvenil, a prostituição, o consumo de drogas, a exclusão social, a mendicidade, o suicídio, a falta de infra-estruturas sociais como escolas, hospitais, habitação, a insuficiência de água canalizada, de energia, de transportes, de espaços verdes, alimentação, precárias condições higio-sanitárias (ruptura de esgotos, deficiente gestão de resíduos sólidos, de valas de drenagem), poluição da água, sonora e do ar, construção desordenada, entre outros problemas.

As cidades começaram a crescer rapidamente, o que ocasionou a perda das características originais das mesmas, dando origem a um crescimento desordenado e colocando problemas a nível ambiental. A concentração das pessoas num determinado lugar aumenta o desperdício dos recursos naturais e a pressão sobre o solo pois os citadinos não cuidam dos espaços em que vivem, o que contribui para a degradação dos solos urbanos e seus recursos naturais.

10 – Conclusão

No âmbito deste trabalho conclui-se que a cidade – é o lugar geográfico onde se instala a superestrutura política administrativa de uma sociedade.

Existem pois vários critérios para a definição de uma cidade, que são: demográfico, numérico e funcional.

As cidades desempenham uma série de funções: funções de direcção e comando; funções de produção e consumo; e funções que asseguram serviços.

Um planeamento urbano bem desenvolvido dentro de uma cidade é muito importante para a gestão ambiental adequada, pois valoriza a conservação ambiental e aumenta a qualidade de vida das pessoas, garantindo a sobrevivência das pessoas nas grandes cidades. Assim, o planeamento urbano tem grande importância no controle do crescimento desordenado dentro das cidades, onde o mesmo contribui para o agravamento da degradação do ambiente.

11 – Bibliográfica

Francisco Manso, Ringo Victor. Pré-universitário – Geografia 12aclasse.1a Edição, Longman Moçambique, Lda, Maputo, 2010