O termo História Moderna foi elaborado didaticamente para o trabalho e facilitação do entendimento dos períodos da História humana, onde por este conceito a História Moderna é um período compreendido do século XV (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453) ao século XVIII (com a eclosão da Revolução Francesa em 1789).

Diante do exposto Fabiano Dawe no caderno de estudos de História Moderna nos informa o seguinte:

O termo ‘Idade Moderna’ foi criado no século XVI, para dar nome ao novo período histórico que se entendia que a Europa estaria atravessando. Francesco Petrarca criou, em 1341, a distinção entre a época antiga (greco-romana) e a época nova, o seu próprio período (separados por um longo período de obscuridade, a Idade das Trevas). A partir do século XVI, a época nova passou a ser chamada de moderna.

A Idade Moderna representava, assim, o momento em que a Europa despertava de sua ‘longa noite de mil anos’ e dava os primeiros passos para conquistar o mundo. Desta forma, o termo ‘moderno’ ganhava um sentido de transformação e de recuperação das antigas tradições, em oposição aos tempos medievais.

Contudo, precisamos ir além deste conceito de História pronto e acabado, pois esta é uma visão tradicional e positivista de enxergar a história, onde os fatos são apresentados em uma cadeia linear, factual e narrativa, privilegiando a história diplomática, a figura de grandes heróis e suas batalhas, esquecendo-se da cultura popular, dos gestos, sentidos, sentimentos, das relações sociais e, acima de tudo, dos sujeitos sociais em geral: homens, mulheres e crianças os verdadeiros agentes do processo histórico em sua arte viver em sociedade, que são transformados e transformam a sociedade e a história da qual fazem parte.

Diante do exposto corrobora com nossa afirmação Karnal em seu artigo “História Moderna”, onde o autor analisando o que chama de “a busca da certidão de nascimento e óbito” (KARNAL, 2010, p. 127) da História Moderna compreende: “[…] Acima de tudo, uma aula de História não deveria apresentar dados acabados, mas evidenciar em algum momento o processo de construção da verdade histórica e trabalhar com a dúvida, dado comum de todas as ciências.” (2010, p.129)

No Dicionário de Conceitos Históricos de Kalina Silva e Maciel Silva, estes autores apresentam um conceito mais amplo e diversificado do que é História Moderna, onde a partir do verbete “Modernidade” compreendeu-se de forma ampla e abrangente o que privilegiar no ensino de História Moderna, em que temos de acordo com os autores as seguintes questões:

A ideia de modernidade surge, segundo Jacques Le Goff, quando há um sentimento de ruptura com o passado. Nesse sentido, um dos primeiros pensadores a utilizar a ideia de modernidade foi Charles Baudelaire, escritor francês da segunda metade do século XIX, autor de As flores do mal, que pensava a modernidade como as mudanças que iam se operando em seu presente, utilizando a palavra sobretudo para a observação dos costumes, da arte e da moda. Etimologicamente, entretanto, Andrew Edgar apresenta a modernidade como um termo derivado do latim modernus (significando recentemente), que desde o século V, com os escritos de Santo Agostinho, passou a ter diversos significados.

Na origem, opunha-se ao passado pagão; a partir do século XVI, todavia, quando os eruditos revalorizaram a cultura pagã, ser moderno era se opor ao medieval e não ao antigo ou à Antiguidade. Os homens do século XVI julgavam estar vivendo em um mundo novo (moderno), embora o passado greco-romano devesse ser respeitado na construção desse novo mundo e do novo homem, liberto do “obscurantismo” medieval. Nesse sentido, a Era Moderna é de fato moderna, ao menos para os que nela viveram.

Mas não se pode esquecer que o termo modernidade (modernitas) propriamente dito já aparece no século XII, referindo-se aos últimos cem anos então vividos e ainda presentes na memória dos contemporâneos. Apesar disso, modernidade é um conceito histórico que difere do sentido original da palavra e surgido com o Iluminismo, tendo seu ápice nos séculos XIX e XX.

De acordo, com estas conceituações expressas acima devemos evidenciar o estudo de História Moderna como um conjunto de transformações e rupturas da sociedade moderna com a sociedade medieval, onde devemos orientar aos nossos alunos que tais rupturas não aconteceram da noite para o dia, mas de forma lenta, evidenciando que a principal forma de mudança operada foi à racionalização das instituições em seus processos políticos, econômicos, culturais e sociais.

E, a partir destes fatores são lançadas as bases dos principais processos históricos do período Moderno: Surgimento do Capitalismo, Movimento Protestante, o Renascimento, o Iluminismo com as proposições do pensamento do Liberal, os movimentos operários e as ideias socialistas, anarquistas e comunistas em que todos estes processos históricos influenciaram e influenciam a politica, a economia, a cultura e a sociedade em geral.

 

Bibliografia

BITTENCOURT, Circe. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2008.

CARDOSO, Ciro. MAUAD, Ana Maria. História e Imagem: Os exemplos da fotografia e do cinema. In: CARDOSO, Ciro Flamarion Santana, VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da Historia: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.