Segundo LIBÂNEO, a indicação de etapas do desenvolvimento da aula não significa que todas as aulas devam seguir um esquema rígido. A opção por qual etapa ou passo didáctico é mais adequado para iniciar a aula ou conjugação de vários passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende de objectivos e conteúdos da matéria, das características do grupo de alunos, dos recursos didácticos disponíveis. Concernentemente às principais etapas da aula, destacam-se: preparação e introdução da matéria, tratamento didáctico da matéria nova, consolidação e aprimoramento dos conhecimentos e habilidades, aplicação, controlo e avaliação.

NIVAGARA, apresenta um esquema, para fazer perceber que as etapas de uma aula não possuem uma sequência necessariamente fixa, como ilustra a figura seguinte:

Introdução e Motivação

Esta etapa, LIBÂNEO, a designa de Preparação e Introdução da Matéria, que compreende as actividades que interligam-se à preparação prévia do professor e dos alunos, introdução da matéria e a colocação didáctica dos objectivos

Esta etapa irá preparar os alunos, de forma a criar condições de estudo, isto é, mobilizar a atenção para criar uma atitude favorável ao estudo, organizar o ambiente, suscitar o interesse e ligação da matéria nova em relação à anterior. Esse processo denomina-se Motivação inicial, que inclui perguntas para averiguar se os conhecimentos anteriores estão efectivamente disponíveis e prontos para o conhecimento novo. Portanto, a introdução do assunto, é a concatenação da matéria velha com a matéria nova.

Na mesma perspectiva, PILETTI, refere que a Motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreçam determinado tipo de conduta, ora, didacticamente procura oferecer ao aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz.

No mesmo contexto, que diz respeito a esta etapa, MECHISSO, sublinha que na Introdução e Motivação, o professor poderá realizar actividades como:

  • Preparação psicológica do aluno para poder aprender (despertar motivos, curiosidade, necessidades de aprender, colocação didáctica de objectivos, problematizar o conteúdo);
  • Identificação do nível dos alunos, exploração de pré-requisitos (o que os alunos sabem, e como sabem) para que o professor conduza a aula guiando-se com base nos alunos, e no fim todos alunos possam assimilar a matéria. O professor deve dialogar sobre o conteúdo, buscar as experiências e convivência.

No entanto, importa referir que a Introdução e Motivação é a etapa que faz iniciar a aula. De ressaltar que esta etapa pode estar associada a outras etapas da aula, ou seja, incorpora elementos doutras etapas.

A primeira etapa dura dependentemente da matéria, do tipo de aula, do preparo prévio ou do nível de assimilação dos alunos para enfrentarem a nova matéria.

No entanto, pode-se entender que a primeira etapa da aula corresponde ao momento inicial, que consiste em convidar o aluno/estudante à aula, para que este interesse-se ao que debater-se-á durante a aula, sob forma a que não incorra o risco de estar presente só fisicamente, mas que esteja presente psicologicamente e motivado para a aula. Salientar que, esta etapa auxilia e influencia a avaliação diagnóstica.

Mediação e Assimilação

A segunda etapa diz respeito a Mediação e Assimilação – realiza-se a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação, imaginação e raciocínio dos alunos. Esta etapa, sucede a primeira, ademais, não pode-se negar a sua interligação com a primeira, pelo que antes da conclusão da primeira, a segunda não possa ocorrer. Nesta etapa, o professor medeia um novo conteúdo, e na sequência disso, os alunos assimilam novos conceitos, teorias e princípios, que contribuem para o desenvolvimento de novos saberes (ser, estar e fazer).

A Mediação e Assimilação é a etapa que compreende actividades do professor e dos alunos, isto é, o professor medeia novo conteúdo e o aluno/estudante assimila novo conteúdo. Portanto, esta etapa pode ser entendida como um caminho que vai do não saber para o saber, admitindo-se que o ensino consiste no domínio do saber sistematizado e não de qualquer saber, ibidem.

MECHISSO, não foge da visão anterior, este diz que a Mediação e Assimilação corresponde ao momento em que o professor leva o aluno a construir aquilo que chama-se de conhecimento. Nesta etapa, o professor orienta, medeia ou explica a aula. Ora, refere ainda, que o professor tem que ter em conta que o aluno possui capacidades, experiências, conhecimentos, hábitos, atitudes e crenças. Assim sendo, o professor deve explorar o mundo do aluno (económico, social, cultural e político), de forma a trazer a realidade do aluno, a sua percepção.

LIBÂNEO denomina a segunda etapa de Tratamento Didáctico da Matéria Nova, onde refere que nesta etapa realiza-se:

A percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de conceitos, o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas de observação, imaginação e de raciocínio dos alunos. Na transmissão prevalecem as formas de estruturação e organização lógica e didáctica dos conteúdos. Na assimilação, importam os processos da cognição mediante a assimilação activa e interiorização de conhecimentos, habilidades, convicções, (1990: 183).

Do exposto acima, pode-se depreender que, na Segunda Etapa, objectiva-se ao aluno a percepção de conteúdos inerentes ao tema, desenvolvendo capacidades cognoscitivas do raciocínio. Portanto, centra-se como actividade do professor a transmissão de novos conteúdos ao aluno, e ao aluno centra-se a assimilação do conteúdo da matéria, ora, que lhe é transmitido pelo professor.

NIVAGARA, postula que para a realização desta etapa, o professor deve ter em conta considerações como:

  • Qual é o nível dos alunos?
  • Quais são os objectivos a atingir?
  • Quais são os conteúdos através dos quais os objectivos devem ser atingidos?
  • Quais os métodos através dos quais os conteúdos devem ser mediados e os objectivos atingidos?
  • Que meios de ensino serão mais adequados aos alunos, aos objectivos definidos, ao conteúdo, aos métodos escolhidos e às características do professor, de maneira a atingir uma assimilação activa por parte dos alunos?

A partir das questões apontadas anteriormente, pretende-se clarificar que a atenção do professor não deve estar exclusivamente centrada ao conteúdo em mediação, mas também sobre as outras categorias didácticas, como os métodos, objectivos e meios do PEA, de modo a efectivar a aprendizagem dos alunos.

Domínio e Consolidação

Para NIVAGARA, esta etapa consiste em aprimorar e fixar conhecimentos na mente dos alunos, para que esses conhecimentos estejam disponíveis para orientá-los nas condições concretas de estudo e de vida. Refere ainda, que “os conteúdos só são realmente dominados, assimilados, apropriados, quando se atingiu a capacidade de operar com eles nas varias tarefas de aplicação teórica e pratica”, entendendo-se desta feita que, esta etapa resulta dos conhecimentos que o aluno/estudante apreende, porém, para o domínio, o aluno precisa aplicar seus conhecimentos em vertentes teórica e prática.

Concernentemente à consolidação, LIBÂNEO refere que pode ser:

  • Reprodutiva – tem um carácter de exercitação, ou seja, após a compreensão da matéria, os alunos reproduzem conhecimentos, aplicando-os a uma situação conhecida;
  • Generalizadora – que inclui a aplicação de conhecimentos para situações novas, posteriormente a sua sistematização. Ora, implica a integração de conhecimentos de forma que os alunos estabeleçam relações entre conceitos, analisem os factos e fenómenos sob várias perspectivas, façam também a ligação de conhecimentos com novas situações e factos da prática social.
  • Criativa – refere-se a tarefas que levam ao aprimoramento do pensamento independente e criativo, na forma de trabalho independente dos alunos sobre a base das consolidações anteriores.

NIVAGARA, sustenta que o Domínio e Consolidação têm componentes que de alguma forma servem como métodos:

  • Sistematizar e Integrar;
  • Exercitar (exercícios de aplicação, memorizar);
  • Resumir ou repetir;
  • Questionar.

Apresenta-os ainda sob forma esquemática, a seguir:

  • Repetição – acompanha o processo de ensino em todas as suas fases. Porém, pode ser:
  1. Directa: tem por objecto um controle dos rendimentos através de resumos durante a aula;
  2. Indirecta/Imanente: é a actividade de fixação que ocorre de passagem, que normalmente os alunos não estão conscientes – ligando o velho com o novo e vice-versa.

Importa referir que há maioritariamente professores que omitem a repetição por temer perda de muito tempo. Mas em verdade, o segredo para ganhar tempo na sala de aula, consiste em repetir regularmente e vaiando o método.

  • Sistematizar e Integrar – refira-se que sistematizar é integrar e estruturar logicamente, por via de gráficos, quadros ou tabelas, dando visão conjunta os conhecimentos, experiências e habilidades. Na mesma perspectiva, sistematizar é continuar o processo cognitivo pela integração dos conhecimentos em sistemas científicos.
  • Exercitação – refere-se didacticamente a repetição de acções com o objectivo de desenvolver capacidades e habilidades. Ora, todas as capacidades e habilidades necessitam de exercitação para a sua formação, aperfeiçoamento e fixação.
  • Aplicação – é o coração do PEA e a etapa superior do aumento e desenvolvimento de capacidades através da resolução de problemas e tarefas em situações análogas e novas.

Controle e Avaliação

A verificação e controle do rendimento escolar para efeito de avaliação percorrem todas etapas do ensino, abrangendo assim a consideração de vários tipos de actividades do professor e dos alunos no processo de ensino. Portanto, a avaliação do ensino e da aprendizagem deve ser vista como um processo sistemático e contínuo, no decurso do qual obter-se-ão informações e manifestações sobre o desenvolvimento das actividades docente e discentes, atribuindo-lhes juízos de valor.

Na visão de PILETTI, a avaliação não deve ser vista como um fim, mas sim como um meio que permite verificar o nível de alcance dos objectivos propostos, identificando também os alunos que necessitam de uma atenção individual e reformulando o trabalho com a adopção de procedimentos que possibilitem sanar as deficiências identificadas. Ela ocorre de diferentes formas como refere LIBÂNEO:

Os resultados relativos que decorrem desse processo dizem respeito ao grau em que se atingem os objetivos e em que se cumprem exigências do domínio dos conteúdos, a partir de parâmetros do desempenho escolar. Para isso, são empregados procedimentos e instrumentos de mensuração (observação, provas, testes, exercícios teóricos e práticos, tarefas) que proporcionam dados quantitativos e qualitativos, (1990: 190).

Do exposto acima, percebe-se que a avaliação serve para o controle e verificação do que o professor propõe para o PEA, tendo que apoiar-se de vários instrumentos para o devido controle e verificação dos resultados que constituem seus objectivos. Na perspectiva em que nos detemos, NIVAGARA sustenta que a avaliação no sentido geral, pressupõe classificar os alunos, determinar em que medida cada um dos objectivos foi atingido e a qualidade dos meios e métodos do ensino e dos próprios professores e seleccionar os alunos. Não obstante, a avaliação é uma tarefa necessária e permanente do trabalho docente que deve acompanhar passo a passo o PEA.

No entanto, os resultados que obter-se-ão no decurso do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objectivos propostos, de forma a constatar progressos, dificuldades e reorientar o trabalho para as correcções necessárias e melhoramento do trabalho. Assim sendo, pode-se afirmar que a avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.

MECHISSO refere que a avaliação pode ser considerada, Espelho e Lâmpada do PEA. Isto é, no espelho buscamos a nossa real imagem e da lâmpada permite compreender a nossa volta, os nossos problemas. Devendo assim, iluminar e indicar o caminho que estamos a percorrer, e dando também a perspectiva para onde vamos e o que prevemos encontrar.

 

Bibliografia

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez Editora, 1990.

MECHISSO, Guedes Basílio, Sebenta de Didáctica Geral, Maputo, 2011.

NIVAGARA, Daniel, Módulo de Didáctica Geral do Ensino a Distância, MaputoSd.

PILETTI, Claudino, Didáctica Geral, Editora Ática. SP. 2004