Conceito de superdotação

Superdotação como: “uma interacção entre três grupos básicos de traços humanos, estes grupos são capacidades gerais acima da média, altos níveis de implicação na tarefa e altos níveis de criatividade. As crianças sobredotadas e com talento são aquelas que possuem, ou são capazes de desenvolver, este conjunto de traços e aplicá-los a qualquer área potencialmente valiosa da realização humana

Superdotação Intelectual é caracterizada pelo desenvolvimento de uma habilidade significativamente superior da média da população em alguma das áreas do conhecimento, podendo se destacar em actividades como: académicas, criativas, de liderança, artísticas, psicomotoras ou de motivação.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um indivíduo superdotado é aquele cujo quociente intelectual (QI) é igual ou superior a 130 (considerando-se a média de 80-120). Já o Ministério da Educação, para além do valor médio do QI e das capacidades cognitivas, considera também, na definição de superdotação, factores de natureza psicológica e social, o desempenho académico, a criatividade, a motivação, a personalidade, os contextos sociais e académicos e o nível de rendimento intelectual.

Foi Binet ajudado por Simon (Binet-Simon:1857-1910), quem introduziu os primeiros testes para medir a inteligência de um indivíduo, tendo criado QI. O homem normal tem o seu QI entre 90 e 120, quando este é superior a 120 o homem é anormal positivamente.

Portanto, existe o superdotado que esta entre 120 e 130; o génio que tem o seu QI acima de 130. Quando o QI está abaixo de 90 o homem é anormal negativamente podendo dividir-se em retardado com o QI entre 70 e 90; o débil com QI entre 50 e 70 e o imbecil com o QI abaixo de 50.

Por vezes o conjunto dessas características causam dificuldades na comunicação das crianças superdotadas com as outras, estes sente-se diferentes das outras, tem dificuldades em encontrar pessoas com quem se relacionarem.

Particularidades de aluno com Necessidades Educativas Especiais Intelectuais

Investigador americano que desenvolveu pesquisas em torno da inteligência acima da média, apresenta uma das teorias mais respeitadas da actualidade relativas a este tema. Com esta teoria, este investigador defende que a identificação daqueles que se revelam superdotados, passa por possuírem um conjunto inalterável de características que os acompanham pela vida fora e que devem convergir entre si e não de forma isolada. Essas características são:

  • Habilidade acima da média: abrange as aptidões gerais e as específicas que conduzem ao êxito em certas matérias e facilita a aquisição de conhecimentos ou competências;
  • Um grande envolvimento com as tarefas: dedicação e persistência na resolução de uma tarefa;
  • Alta criatividade: por exemplo, capacidade para solucionar problemas de maneira original.

A interacção entre estas três características, e em que cada uma delas intervém na mesma medida, é que leva a uma realização superior.

Outras particularidades ou características das crianças que podem identifica-las como superdotadas

Embora as crianças e os adolescentes capazes de realizações superiores possam não vir a demostra-lo, geralmente possuem uma potencialidade elevada em uma o mais das áreas seguintes:

  • Capacidade intelectual geral;
  • Aptidão académica específica;
  • Pensamento criativo e produtivo;
  • Capacidade de liderança;
  • Artes visuais ou representativas;
  • Capacidade psicomotora.

Segundo PAASCHE, et all (2010), geralmente as crianças superdotadas apresentam as seguintes características físicas comportamentais:

  • Tem um alto interesse geral por diversas áreas;
  • É curiosa, sempre em busca de novos conhecimentos, fazendo muitas perguntas inteligentes, explorando novos jogos, brinquedos, objectos e fazendo experiências minuciosas.
  • Tem memória retentiva;
  • Assume posição de líder entre os colegas; ou pode problemas de socialização com crianças da mesma faixa etária;
  • Geralmente atinge objectivos desenvolvimentais mais cedo do que outras crianças com a mesma idade;
  • Possui capacidades de aprendizagem acima da média;
  • Demostra disponibilidade imediata para ajudar colegas que necessitam de apoio.

NB: Em geral, as crianças com habilidades acima da média manifestam as diferenças ainda na idade pré-escolar. No entanto, nem sempre os sinais ou características apresentadas tendem a acompanhá-las até a fase adulta.

Diferentemente de uma competência que pode ser adquirida com o tempo, o fato de um indivíduo ter Altas Habilidades é entendido como uma aptidão nata, ou seja, a criança já nasce superdotada. Apesar de ter traços genéticos nesse talento, quem é superdotado precisa desenvolver-se em um ambiente que possibilite condições para exercer essas capacidades de forma adequada.

O fato de um indivíduo ser superdotado não significa que ele é perito em todas as áreas. A habilidade pode ser geral ou específica para determinado campo do conhecimento. Uma pessoa pode apresentar uma eficiência muito grande na área de exactas, mas não ter a mesma habilidade com a linguagem.

Classificação dos sobredotados

Para Perdiz (2012:41), “a par de Sternberg, a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (1995 cit. in Almeida, 2000b) representa, para alguns autores, uma tentativa de integração de elementos de abordagem psicométrica e de abordagem cognitiva da inteligência. Esta teoria é crucial pois refere a existência de oito inteligências distintas, relativamente autónomas e independentes, que podem combinar-se entre si em diferentes formas adaptativas, por indivíduos e culturas (Serra, 2004a)”.

Primeiramente são definidas sete inteligências básicas: linguística, lógico matemático, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal, que posteriormente alarga a oito – inteligência naturalista. Apesar de cada inteligência ser relativamente independente, elas trabalham em harmonia. O quadro seguinte tem representado cada inteligência e respectiva descrição.

Quadro 1: Teoria das Inteligências Múltiplas (adaptado de Armstrong, 2001:16,17,18)

Atenção diferenciada a estes alunos em diferentes contextos

Tanto a família como a escola e a sociedade têm um papel muito importante no percurso individual do superdotado.

A nível da comunidade/sociedade

A primeira exigência que deve ser feita é a de uma melhor formação social de modo a ajudar os pais no sentido de um esclarecimento profundo sobre a cumplicidade e a grandeza da educação de um filho (a).

Muitos desajustamentos alicerçados na ignorância poderiam ser evitados através de uma sensibilização e debate sobre a temática da educação em família.

Este papel cabe naturalmente a sociedade através de instituições estatais ou privadas, com condições reais de funcionamento, e de um modo especial aos órgãos da comunicação social.

O mecanismo e legislação são fundamentais. Não apenas para conhecer situações existentes, ou para uma mera identificação de casos de por si, mas essencialmente para a prestação de um atendimento capaz e correcto a cada caso ou os casos similares em pequenos grupos. Disponibilização de recursos humanos e seriedade na execução é quanto para um trabalho sério.

A nível da escola

O aluno superdotado exige por parte do professor uma atenção especial mas, muitas vezes, este não está preparado para lidar com este tipo de problemática. Perante a maioria da nossa sociedade estes alunos não passam de pequenos génios, rodeados de livros e isolados num mundo que eles próprios criaram.       

  • Escolas destinadas unicamente a alunos sobredotados: Os alunos são sujeitos a uma severa selecção assim como os professores sendo os currículos mais avançados do que os das escolas regulares e especialmente elaborados de acordo com as características dos alunos.
  • Programas de aceleração: Os alunos avançam mais rapidamente nos conteúdos de uma ou mais disciplinas. Estes programas são mais apropriados para a Matemática onde a aprendizagem é sequencial e de natureza hierárquica.
  • Programas de enriquecimento: Destinados a grupos de alunos com capacidades heterogéneas com o objectivo de estimular e desenvolver harmoniosamente diversas capacidades, fundamentando o autoconhecimento, a intercomunicação e a autoconfiança.
  • Turmas homogéneas: Destinadas especialmente a alunos do Ensino Básico – 1º Ciclo. Forma-se uma turma com um ou mais níveis, orientada por um professor especializado.
  • Contactos com universidades: Os alunos do Ensino Secundário (ex-complementar) frequentam cursos nas faculdades e são-lhes atribuídos créditos.
  • Clubes extracurriculares: Alunos com interesses específicos formam um clube sob a orientação de um professor com o objectivo de explorarem uma determinada área, após o período lectivo.
  • Estudos independentes: O aluno investiga por si uma determinada área ou interesse, à margem do resto da turma e o seu projecto é avaliado com base num compromisso celebrado entre professor e aluno.
  • Professor itinerante: Um professor especializado orienta turmas de sobredotados em diferentes escolas. Os alunos podem ser dispensados das aulas regulares para frequentarem essas sessões.
  • Centro de recursos: numa sala bem equipada, orientada por um professor especializado em crianças sobredotadas, que recebe alunos que por vezes se deslocam de outras escolas.
  • Programas de Verão/fim-de-semana: programas específicos organizados pelo sistema de ensino ou por um organismo não lucrativo ou faculdade, etc.

Bibliografia

BATISTA, Rafael. “Superdotados”; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/superdotado.htm>. Acesso em 09 de agosto de 2018.

CORREIA, Luís de Miranda, A escola contemporanmea e a inclusao de alunos com NEE: consideracoes para uma educacao com sucesso, Porto Editora 2008.

MECHISSO, Guedes, Manual de necessidades Educativas Especiais, Massinga, s/e. 2014

PAASCHE, Carol L. et all. Crianças com Necessidades Especiais em Contexto de Educação de InfânciaPorto Editora. Lisboa. 2010.

PERDIZ, Teresa. Parecer dos professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico face à inclusão de alunos superdotados na sala de aula. Lisboa.2012.

SILVA, da Manuela Esteves, SuperdotadosSuas Necessidades Educativas Especificas, Porto editora, Lisboa, 1992.

TAVARES, J. e Alarcão, I. Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Coimbra Almedina, Coimbra, 2000.