Segundo Rabello e Passos, ʺErikson formula a sua teoria de forma a deixar duas importantes contribuições `a psicanálise, realiza estudos psico-históricos, exemplificando sua teoria psicossocial no curso de vida de algumas figuras famosas”.

Erikson no seu modelo deteve algumas características peculiares que são:

  • Desviou-se o foco fundamental da sexualidade para as relações sociais;
  • Os estádios psicossociais envolvem outras artes do ciclo vital além da infância, ampliando a proposta do Freud. Não existe uma negação da importância dos estágios infantil (afinal neles se da todo o desenvolvimento psicológico e motor).

Erikson observa que o que se constrói na infância em termos da personalidade, não é totalmente fixo e pode ser parcialmente modificado por experiências posteriores.

Erikson vai para alem e inclui o ciclo de vida.

A sua teoria diz respeito ao desenvolvimento da personalidade no contexto social, tomando em conta as várias forcas sociais na formação e desenvolvimento da personalidade em relação a identidade, tal como reflectida na individualidade, unicidade e síntese, coerência e continuidade, solidariedade social e domínio, cada um dos quais será examinado antes dos estádios psicossociais da de serem discutidos.

O papel do ego é visto como maior do que a mera reconciliação entre a identidade e o superego, e actuando como válvula de segurança. O ego também estabelece e sustem o sentido de identidade, reflectidos nas seguintes áreas:

  • Individualidade – percepciona-se como consciente e único com uma identidade separada e distinta.
  • Unicidade e Síntese – vê-se como único e indivisível;
  • Coerência e continuidade – vê-se a si próprio com significado e com um sentido de direcção na vida, bem como a consistência entre passado, presente e futuro do sujeito;
  • Solidariedade social – identificou-se com as normas e os valores sociais existentes.

Na visão de Erikson (1982) a identidade não é desenvolvida pelo indivíduo independentemente da sociedade mas envolve a contribuição de ambos.

Domínio – um dos desejos fundamentais do ser humano é dominar o seu ambiente. E parte da função do ego ver que isto é alcançado através do esforço individual, combinado com o apoio e as expectativas da sociedade. Contribui para um forte sentido de identidade na pessoa.

Há dois aspectos de identidade: positivos e os negativos. Os positivos são baseados no que foi reforçado e os negativos no que foi punido no passado da pessoa.

  • A cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas do seu ego, mas também das exigências do meio em que vive o sujeito em questão;
  • Em cada estágio o ego passa por uma crise (que da nome ao estagio). Esta crise pode ter um desfecho positivo (ritualização) ou negativo (ritualismo);
  • Da solução positiva, da crise, surge um ego mais rico e forte, da solução negativa temos um ego mais fragilizado;
  • A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e se reformulando de acordo com as experiencias vividas enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e fracassos.

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Estágios do desenvolvimento psicossociais segundo Erikson:

Uma personalidade vital cresce ou, por assim dizer, advém das fases sucessivas da crescente capacidade da adaptação às necessidades da vida.

  • Confiança básica x desconfiança básica (até 1 ano de idade);
  • Autonomia x vergonha e dúvida (2˚ e 3˚ ano);
  • Iniciativa x culpa (4˚ e 5˚ ano);
  • Industria/ mestria x inferioridade (dos 6 aos 11 anos);
  • Identidade x confusão de papeis (dos 12 aos 18 anos);
  • Intimidade x isolamento (jovem adulto);
  • Produtividade x estagnação (meia idade);
  • Integridade x desespero (velhice).
Estagio: Confiança básica x desconfiança básica (até 1 ano de idade)

Esta seria a fase da infância inicial correspondendo ao estágio oral freudiano. A atenção do bebé, se volta à pessoa que satisfaz as suas ansiedades e necessidades em um espaço de tempo suportável: a mãe.

A mãe lhe dá a garantia de que não está abandonado a sua sorte no mundo. Assim se estabelece a primeira relação do bebe. É justamente sentindo o a falta da mãe que a criança começa a lidar com algo que Erikson chama de força básica (cada fase tem a sua força característica). Nessa fase a força que nasce é a esperança.

Quando o bebé se da conta que a mãe não esta ali, ou seja esta demorando a voltar, cria-se a esperança de sua volta. E quando a mãe não volta, ele compreende que é possível querer e esperar, porque isso vai se realizar. Ele começa a entender que objectos ou pessoas existem, embora estejam fora temporariamente do seu campo visual.

Quando o bebé vivencia positivamente essas descobertas e quando a mãe confirma as suas expectativas e esperanças, surge a confiança básica, ou seja, a criança tem a sensação de que o mundo é bom e as coisas podem ser reis e confiáveis. Do contrário surge a desconfiança básica, o sentimento de que o mundo não corresponde, que é mau ingrato.

A partir dai, já se percebe que alguns traços de personalidade se vão formando ainda que em tão tenra idade. É importante que a criança conviva com pequenas frustrações, pois é dai que define quais as esperanças são possíveis de se realizar, o que segundo ele chamou de ordem cósmica, ou seja regras que regem o mundo.

Nesta fase, o bebé tem a ideia de que a mãe é ser supremo, luminoso e iluminado. A criança identifica a mãe e se a mãe corresponder ele vai criar o seu primeiro e bom conceito de si e do mundo.

Se a identificação for negativa, temos o culto a um herói, onde o bebé acha que nunca vai chegar ao nível da mãe. Inicialmente a criança tornar-se-á agressiva e desconfiada, mais tarde eles vão se tornar menos competentes e menos persistentes.

A confiança básica é importante, pois implica que a criança “não só aprendeu a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos, mas também em si própria e na capacidade dos próprios órgãos para fazer frente aos seus impulsos e anseios”.

Em suma, para todo o individuo que goza da confiança básica, apresenta as seguintes características: atitude aberta e confiante, investe nas relações, deixa a mãe afastar-se entre outras, ao passo que ao que apresenta desconfiança básica, evita relações, é desconfiado, fechado e reservado, etc.

Estágio: Autonomia x vergonha e dúvida ( 2 a 3 anos)

A criança já tem algum controle dos seus movimentos musculares, então direcciona a sua energia ás experiencias ligadas a actividades exploradoras e a conquista da autonomia. A criança compreende que não pode usar sua energia a vontade, mas tem que respeitar algumas regras sociais e incorporá-las, fazendo assim uma equação entre manutenção muscular, conservação e controlo.

Deste aprendizado surge também a capacidade e as atitudes judiciosas, ou seja, surge o poder de julgamento, já que ela está aprendendo as regras. Quando os pais mandam a criança ao banheiro, muitas vezes, usam sua autoridade de forma a deixar a criança um pouco envergonhada para que ela aprenda determinadas regras. Ao expor a criança a vergonha constante, o adulto pode estimular o descaramento e a dissimulação, como formas reactivas de defesa ou sentimento de vergonha e dúvida das suas capacidades e potencialidades.

As características de uma criança com autonomia são: auto dependência, resiste a ser dominado, trabalha bem sozinho ou em grupo ao passe que, o contrario, a criança apresenta problemas em trabalhar sozinha, precisa de estrutura e direcção e tem dificuldades em tomar decisões.

Estágio: Iniciativa x culpa ( 4 a 5 anos)

A criança já conseguiu a confiança, com o contacto inicial com a mãe e a autonomia, com a expansão motora e o controle agora cabe associar a iniciativa pela expansão intelectual.

A combinação confiança-autonomia dá à criança um sentimento que alavanca para a iniciativa.

Com a alfabetização e a ampliação dos contactos, a criança fica cada vez intelectual, necessário para apurar a capacidade de planejamento e realização. Assim a criança pode ficar fixada pela busca de determinadas metas.

Quando a criança empolga na busca de objectivos além das suas possibilidades, se sente culpada, pois não consegue realizar o que deseja ou sabe que, o que desejou não é aceitável socialmente, e precisa de alguma forma reinvestir a carga da energia que mobilizou. Então, alega fantasia para fugir da atenção.

O propósito e a iniciativa também podem ser direccionados positivamente para a formação da responsabilidade, quando o senso de obrigação e desempenho se encontram ligados `a ansiedade para aprender.

Nesta fase, as crianças querem que os adultos lhes dêem responsabilidades, como arrumar a casa, varrer o quintal ou ajudar a concertar algo.

Estagio: Diligências x inferioridade (6 a 11 anos).

Aqui, trata-se do controle de actividades tanto física como intelectual, no sentido de equilibrá-las  à regras do método de aprendizado formal, já que o principal contacto social se dá na escola ou em outro meio de convívio mais amplo do que o familiar.

Com a educação formal, além do desempenho das funções intelectuais, a criança aprende o que é valorizado no mundo adulto e tenta se adaptar a ele. Da ideia do propósito, ela passa á ideia da perseverança ou seja a criança aprende a valorizar até mesmo reconhece que podem existir recompensas a longo prazo de suas atitudes actuais, fazendo surgir, portanto, um interesse pelo futuro.

Começam também os interesses por instrumentos de trabalho, pois, a criança nesta idade sente que adquiriu competência ao se dedicar na realização e conclusão duma tarefa, sente que adquiriu habilidades se tal tarefa for realizada satisfatoriamente. Este prazer de realização é o que dá forças para o ego não regredir nem se sentir inferior. Se falhas seguidas ocorrerem, seja por falta de ajuda, ou por excesso de exigências, o ego pode se sentir levemente inferior e regredir, retomando as fases da fantasia anterior ou simplesmente entrando em inércia.

Estágio: Identidade x Confusão de identidade (12 a 18 anos)

Nos estudos de Erikson, foi nesta fase onde ele desenvolveu mais trabalhos, tendo dedicado um livro inteiro à questão “crise de identidade”.

Em seus estudos, Erikson ressalta que o adolescente precisa de segurança frente a todas as transformações físicas e psicológicas do período. Essa segurança ele encontra em forma de sua identidade que foi construída por seu ego em todos os estágios anteriores.

Esse sentimento de identidade se expressa nas questões seguintes, presentes para o adolescente: Sou diferente dos meus pais? O que sou? O que quero ser? Respondendo essas questões o adolescente pretende se encaixar em algum papel na sociedade. Daí vem a questão da escolha vocacional dos grupos que frequenta de suas metas para o futuro da escolha do par.

Existe também o surgimento do envolvimento ideológico, que é o que comanda a formação de grupos na adolescência.

 O ser humano precisa sentir que determinado grupo apoia suas ideias e sua identidade.

Erikson discute a integração de adolescentes em grupos nazistas e fascistas.

Toda a preocupação do adolescente em encontrar um papel social provoca uma confusão de identidade, afinal a preocupação da opinião alheia faz com que o adolescente modifique o tempo todo suas atitudes, remodelando sua personalidade muitas vezes em um período muito curto, segundo o mesmo ritmo das transformações físicas que acontecem com ele.

Erikson lembra que o ser humano mantém suas defesas para sobreviver. Ao sinal de qualquer problema, uma delas pode ser activada. Nesta confusão de identidade, o adolescente pode se sentir vazio, isolado, ansioso, sentindo se também muitas vezes incapaz de se encaixar no mundo adulto, o que pode muitas vezes levar a uma regressão.

Também pode acontecer que o jovem projecte suas tendências com outras pessoas por ele mesmo não suportar sua identidade. Aliás, este é um dos mecanismos apontados por Erikson como base para a formação de preconceitos e descriminações.

Estágio: Intimidade x isolamento (19 a 35 anos)

Ao estabelecer uma identidade definitiva e bem fortalecida, o indivíduo estará pronto para uni-la á identidade de outra pessoa sem se sentir ameaçado. Esta união caracteriza esta fase. Podemos agora falar da associação de um ego ao outro. Para que essa associação seja positiva, é preciso que a pessoa tenha construído ao longo dos ciclos anteriores, um ego forte e autónomo o suficiente para aceitar o convívio com outro ego sem se sentir anulado ou ameaçado.

Quando isto acontece, ou seja, o ego não é suficientemente seguro, a pessoa irá preferir o isolamento á união pois, terá medo de compromissos, numa atitude de “preservar” seu ego frágil. Quando esse isolamento ocorre por um período curto, não é negativo, pois todos precisam de um tempo de isolamento para amadurecer o ego um pouco mais ou então para certificar-se de que ele busca realmente uma associação. Porém, quando a pessoa se recusa por um longo tempo de assumir qualquer tipo de compromisso, pode se dizer que é um desfecho negativo para sua crise.

Um risco apontado por Erikson para esta fase é o “elitismo”, ou seja, quando há formação de grupos exclusivos que são uma forma de “narcisismo comunal”. Um ego estável e minimamente flexível é que consegue se relacionar com um conjunto variável de personalidades diferentes.

Estágio: Generatividade X Estagnação ( 35 a 60 anos )

Nesta fase, o indivíduo tem a preocupação com tudo que pode ser gerado, desde filhos até ideias e produtos. Ele dedica-se à geração e cuidado do que gerou.

Esta é a fase em que o ser humano sente que a sua personalidade foi enriquecida.

Nesta fase também a pessoa tem um cuidado com tradição e, pode ser ‘’mais velha’’, pensa que tem alguma autoridade sobre os mais novos. Quando o indivíduo começa a pensar que pode se utilizar em excesso de sua autoridade, em nome do cuidado, surge o autoritarismo. Cada vez mais esta fase tem se ampliado.

Até décadas atrás, a forma de viver esta fase, era casando e criando filhos. Hoje, com vasta gama de escolhas, há outras formas de expressar. A generatividade também se amplia de forma que cuidar, receber, criar e manter, podem ser vividas em diversos planos e não somente na família.

Segundo os autores, são diversas formas de não se cair no marasmo da lamentação, o que Erikson, citado por Rabello, chamou de Estagnação. 

Estágio: Integridade X Desespero ( a partir de 60 anos)

O ser humano reflecte e revê a sua vida, o que féz, o que não conseguiu fazer. Essa retrospectiva pode ser vivenciada diferentes formas. A pessoa pode ficar em desespero ao ver a morte se aproximar, sente que nada mais pode fazer na sociedade e na família. São aquelas pessoas que vivem eterna nostalgia e tristeza por sua velhice. A vivência também pode ser positiva, a pessoa sente a sensação de dever cumprido experimenta o sentimento de dignidade e integridade e divide sua experiência e sabedoria.

Erikson fala de duas possibilidades:

  • Procurar formas de estruturar o tempo e utilizar suas experiências para viver bem os últimos anos;
  • Estagnar diante do terrível fim’’quando as fontes de carícias se vão, o desespero toma conta’’.
  • Uma personalidade saudável domina activamente seu meio, demonstra possuir uma certa unidade de personalidade. Desde à infância esses critérios desenvolvem-se gradualmente em passos largos’’.
Análise crítica da teoria

Na sua teoria de desenvolvimento Psicossocial, Erikson não previu assuntos relacionados com o gênero, apenas generalizou. O que segundo nossa análise, o gênero tem uma influência significativa no desenvolvimento psicológico e social do Homem, ou seja, homens e mulheres apresentam características comportamentais diferentes na mesma idade ou fase.

Implicações Pedagógicas da teoria

Esta teoria pode ser aplicada para o processo educativo, para o sucesso da aprendizagem, visto que permite conhecer as características que o individuo adquire em cada estagio do seu desenvolvimento. Facilitando a aplicação das metodologias adequadas.

 

Bibliografia

RABELLO, Elaine; PASSOS,José Silveira.

http://www.isebarretos.edu.br/arquivos/modulo-erikson.pdf. 27/03/2013, 16h25min.