Por: Delfina Estevão Bambo

Filo cnidária

 

Cnidários ou celenterados


São os mais atrasados dos eumetazoários, isto é, são os primeiros animais pluricelulares a formarem tecidos; seu nome (do grego knide, “urtiga”) sugere a existência de células urticantes chamadas cnidoblastos, para defesa e captura de alimentos e também o surgimento de uma cavidade gástrica ou entérica;


Embriologicamente falando são:

    • Diblásticos, acelomados, protostômios e neuromiários (com sistemas nervoso e muscular);

 

    • Possuem simetria radial, às vezes, birradial; vivem isolados ou em colônias, sendo fixos na fase jovem (forma de pólipo) e móveis na fase adulta (forma de medusa);

 

    • Já possuem gônadas, embora sem ductos genitais.

 

    • Os cnidários são exclusivamente aquáticos, principalmente marinhos. a hydra é dulcícola.



Principal célula dos cnidários


A principal característica do filo é a presença da célula cnidoblasto ou nematoblasto, na qual está inclusa uma cápsula arredondada cheia de um líquido urticante denominado hipnotoxina ou actinocongestina.

cápsula é o nematocisto ou cnidocisto, portadora de um fio helicoidal, o nematocílio, que pode ser eliminado explosivamente com a abertura do opérculo, quando se toca no cnidocílio, que é um prolongamento apical da célula.

Os nematoblastos se acumulam principalmente nos tentáculos, onde podem formar verdadeiras “baterias” de defesa e captura de alimentos. Não são encontrados no disco pedial.

A importância médica dos celenterados está relacionada com a hipnotoxina, proteína de natureza cáustica que pode matar um indivíduo por choque anafilático.

Morfologia dos cnidários

Os celenterados apresentam dois tipos morfológicos fundamentais:

    • Pólipo - forma em geral fixa (bentônicos);

 

    • Medusa - forma em geral livre (planctônicos).



Descrição de uma medusa

Na fase adulta o animal ostenta forma de guarda-chuva ou cogumelo.

Umbrela

É a parte mais volumosa da medusa, que corresponde ao pano do guarda-chuva.

manúbrio ou cabo é a parte tubulosa da medusa, que corresponde ao cabo do guarda-chuva. na extremidade livre fica a boca, que serve como porta de entrada dos alimentos e também de saída de catabólitos, funcionando, portanto, como se fosse o ânus.

Véu, velum ou craspedon

É um órgão que favorece a locomoção. As medusas que o possuem são ditas craspédotas, como as da classe hydrozoa, e as que não o possuem são chamadas acraspédotas, como as da classe scyphozoa.

Tentáculos ou braços orais

São formações alongadas que se prendem na umbrela e que se localizam geralmente ao redor da boca.

Modos de vida

As medusas são móveis, planctônicas e sempre solidárias.

Descrição de um pólipo

Na forma jovem, o animal ostenta um aspecto tubular ou de cilindro. Na porção inferior há um disco basal para fixação, enquanto que na extremidade oposta localiza-se a boca, sustentada pelo hipóstoma e rodeada por um conjunto de tentáculos, que podem ser ocos ou maciços. A cavidade interna tem função digestiva e recebe várias designações: cavidade gástrica, entérica ou gastrovascular, não tendo ramificações.

Os pólipos são geralmente fixos, desprovidos de esqueleto e com pouca mesogléia. Não possuem ropálios.

Os pólipos se reproduzem sexuadamente e principalmente assexuadamente, sendo dióicos ou monóicos.

Sistema digestivo

Surge pela primeira vez na escala evolutiva, porém o tubo digestivo é incompleto, isto é, falta o ânus. A digestão é primeiro extracelular e depois intracelular.

Sistema nervoso

Surge pela primeira vez na escala zoológica. Embora não haja sistema nervoso central (snc), há uma rede de protoneurônios na mesogléia, formando o sistema nervoso do tipo difuso. Há ainda arco reflexo simples.

Sistemática dos celenterados

Na classificação dos cnidários encontramos três classes com cerca de dez mil espécies catalogadas.

Classe hydrozoa

Compreende animais isolados ou coloniais, que apresentam as duas formas: hidropólipos e hidromedusas, exceto a hydra.

Exemplos: hydra, obelia, physalia, caravela.

Classe scyphozoa

Compreende animais isolados, que apresentam as duas formas: cifopólipos e cifomedusas. Ao contrário dos hidrozoários, a forma predominante nos cifozoários é a de medusa. Exemplos: aurélia sp. (água-viva) e mãe-d’água.

Classe anthozoa

Compreende animais solitários ou coloniais, que apresentam apenas antopólipos, não existindo formas medusais e, portanto, nem metagênese. Exemplos: corais (recifes) e anêmonas-do-mar, também conhecidas por actínias ou flores-das-pedras.

Reprodução dos cnidários

Reprodução sexuada

Os celenterados são dióicos em geral; as gônadas não apresentam ductos genitais e, em certas espécies, são mesmo temporárias. a fecundação é cruzada, podendo ser externa ou interna, e o desenvolvimento do ovo (ovíparos) é normalmente indireto, sendo a larva livre-natante, designada plânula.

Observação

Algumas espécies de hydra são hermafroditas.

Alternância de gerações ou metagênese

É o processo sexuado típico dos cnidários. Consiste na alternância de gerações sexuada e assexuada. Esta alternância é diferente da estudada nos vegetais, pois aqui tanto a forma assexuada (pólipo) como a sexuada (medusa) são diplóides.

Reprodução assexuada

Estrobilação ou estrobilização

A figura nos mostra um caso de estrobilização.

Esse processo agâmico consiste na divisão do corpo do indivíduo em várias partes, sendo que cada uma formará um novo indivíduo.

Brotamento ou gemiparidade


Corresponde à formação de uma pequena saliência lateral no corpo do indivíduo, designada broto ou gema, que se destaca ou não, formando um novo animal. Se o broto não se destacar, serão formados indivíduos com dependência anatômica, constituindo as colônias. Para que se forme uma colônia, é necessário que a água seja quente, rasa, límpida e calma, condições essas favoráveis ao brotamento.

Cnidários coloniais

Além da hydra, outros celenterados formam colônias, como a physalia, a obelia e os corais; na caravela (fisália) distinguem-se os seguintes componentes: pneumatóforo (flutuação), gastrozóide (digestão), filozóide (defesa), nectozóide (natação), dactilozóide (preensão), gonozóide (reprodução), brácteas (proteção das gônadas) e esporossacos que formam as células sexuais dos hidrozoários.

A grande barreira de recifes na costa nordeste da austrália constitui uma das maiores formações desenvolvidas por seres vivos. Essa barreira resulta do acúmulo de restos de esqueletos calcários e outros animais minúsculos. Esse recife tem cerca de 150 km de largura e 2400 km de comprimento.

Bibiografia


AMARAL, L; MENDES, F, Ciências da natureza matemática e suas tecnologias, São Paulo, S/A.