Diversidade biológica ou biodiversidade são expressões que se referem à variedade da vida no planeta, ou à propriedade dos sistemas vivos de serem distintos. Engloba as plantas, os animais, os microrganismos, os ecossistemas e os processos ecológicos em uma unidade funcional. Inclui, portanto, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e, em especial, dos recursos genéticos e seus componentes, propriedade fundamental da natureza e fonte de imenso potencial de uso econômico. É também o alicerce das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras, extrativistas e florestais e a base para a estratégica indústria da biotecnologia.

A conservação global da biodiversidade significa maior segurança para os programas relacionados à produção agrícola e à conservação biológica, bem como para a segurança alimentar, constituindo-se em um componente essencial para o desenvolvimento sustentável e para a própria manutenção da diversidade genética das espécies com importância sócio-econômica atual e potencial.

Por sua própria natureza, ocupa posição de destaque dentre os países megabiodiversos. Conta com a mais diversa flora do mundo, número superior a 55 mil espécies descritas (24% do total mundial). Possui alguns dos biomas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais – a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado.

O termo Biologia da Conservação foi introduzido pela primeira vez em 1978, como o título de uma conferência realizada na Universidade da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos, organizado por biólogos Bruce Wilcox e Michael E. Soulé. O motivo do encontro foi a preocupação acerca do desmatamento tropical, desaparecimento de espécies e a erosão da diversidade genética dentro das espécies. A conferência buscou preencher uma lacuna existente na época entre teoria e prática, no que se referia à conservação e, com isso, fez nascer a Biologia da Conservação e o conceito de diversidade biológica (biodiversidade).

É uma matéria interdisciplinar que busca recursos em ciências naturais, sociais e na prática de gestão de recursos naturais, definida como o estudo científico da natureza e do estado da biodiversidade do planeta, com o objetivo de proteger espécies, seus habitats e ecossistemas das excessivas taxas de extinção e de erosão das interações entre os seres vivos.

Conservação “in situ”

Conservação in situ pode ser definida como a preservação integral de espécies e comunidades dentro dos ecossistemas e habitats naturais onde ocorrem. Todas as espécies possuem adaptações para viver e desenvolver-se dentro de um ecossistema. Por isso, a espécie só mantém a sua particularidade na sua permanência dentro do ecossistema. Se o nosso objetivo for resguardar os valores criados durante o processo de desenvolvimento da vida, é sumamente desejável que conservemos a biodiversidade dentro do ecossistema que a gerou.

O manejo de populações ameaçadas no seu ambiente natural deve levar em conta características biológicas, ecológicas e comportamentais da espécie. Por exemplo, se estamos manejando invertebrados (o que é muito raro), não será necessária mais cautela quanto ao bem estar dos indivíduos, já que, ao que se sabe, eles possuem sistemas nervosos pouco desenvolvidos. Agora, se estamos manejando espécies mais desenvolvidas, como mamíferos, por exemplo, temos que ter toda uma consideração sobre o tipo de manejo que fazemos.

Vantagens da conservação In- situ

– Conservação de espécies que seriam de difícil conservação ex situ, como por exemplo, arvores de grande porte;

– Conservação em larga escala de grande número de espécies e indivíduos a um custo relativamente baixa;

– Protecção de ecossistema como um todo, preservando as interacções ecológicas e evolutivas entre as espécies

Conservação ex situ dos recursos fitogenéticos

Como dissemos anteriormente, é a conservação de genes ou de genótipos de plantas fora do seu ambiente de ocorrência natural, para uso actual ou futuro (Hoyt 1988 citado por Engle 1992). A conservação ex situ pertence ao importante conjunto de actividades que compõem a gestão dos recursos fitogenéticos. Considera-se complementar da in situ já que não é possível conservar ex situ todas as espécies.

A conservação ex situ atinge um amplo espectro taxonómico. Serve para proteger desde espécies silvestres e formas regressivas até às espécies cultivadas.

Aplicada a espécies domesticadas, a conservação ex situ procura conservar fora do seu centro de origem ou diversidade tanto as espécies como a variabilidade gerada durante o processo evolutivo de domesticação. Este tipo de conservação utilizou-se amplamente durante as últimas décadas

A Biologia da Conservação é uma ciência multidisciplinar que foi desenvolvida como resposta à crise com a qual a diversidade biológica se confronta atualmente. A Biologia da Conservação tem dois objetivos:

– entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas;

– desenvolver abordagens práticas para prevenir a extinção de espécies e, se possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional.

A Biologia da Conservação surgiu porque não havia nenhuma disciplina tradicional aplicada que fosse abrangente o suficiente para tratar das sérias ameaças à diversidade biológica.

A biologia da agricultura, silvicultura, de gerenciamento da vida selvagem e da piscicultura, ocupa-se basicamente com o desenvolvimento de métodos para gerenciar umas poucas espécies para fins mercadológicos e de recreação.

A Biologia da Conservação complementa as disciplinas aplicadas fornecendo uma abordagem mais teórica e geral para a protecção da diversidade biológica; difere das outras disciplinas porque leva em consideração, em primeiro lugar, a preservação a longo prazo de todas as comunidades biológicas e coloca os factores económicos em segundo plano.

As disciplinas de biologia populacional, taxonomia, ecologia e genética, constituem o centro da Biologia da Conservação e muitos biologistas da conservação procedem destas disciplinas. Além disso, muitos dos experts em Biologia da Conservação saíram de zoológicos e jardins botânicos trazendo consigo experiência em manter e difundir espécies em cativeiro.

Uma vez que grande parte da crise da biodiversidade tem origem na pressão exercida pelo homem, a Biologia da Conservação também incorpora ideias e especificidades de várias outras áreas, além da biologia. Por exemplo, legislação e política ambiental dão sustentação à protecção governamental de espécies raras e ameaçadas e de habitats em situação crítica. A ética ambiental oferece fundamento lógico para a preservação das espécies.

As ciências sociais tais como antropologia, sociologia e geografia fornecem a percepção de como as pessoas podem ser encorajadas e educadas para proteger as espécies encontradas em seu ambiente imediato. Os economistas ambientais analisam o valor econômico da diversidade biológica para sustentar argumentos em favor da preservação. Ecologistas e climatologistas monitoram as características físicas e biológicas e desenvolvem modelos para prever as respostas ambientais e distúrbios.

 

Bibliografia

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