As migrações vem caracterizando a vida das sociedades humanas na luta pelas condições que satisfazem ou minimizem suas necessidades para a sobrevivência.

A evolução do homo sapiens, em África, onde tudo leva a crer que se desenvolveu a primeira anatomia humana. É também provável que o homem sapiens tenha migrado para o próximo Oriente, espalhando-se então para o ocidente, através da Europa, e para o Leste, através da Ásia, e daí a Austrália e posteriormente chegou às Américas. Parte destas migrações ocorreram na era das primeiras sociedades durante as suas trocas, tendo se intensificado com o capitalismo que movimentou Árabes, Pérsas, Indianos, etc, e a colonização Europeia que drenou mares de força de trabalho para as terras americanas, asiáticas e não só, ao longo dos sec.XVI a XIX, com grande marco no comércio triângular, na exploração da mão-de-obra barrata. Estas migrações, na sua maioria involuntárias, impulsionados por causas sócio-económicas, religiosas, etc, perduraram até a Primeira Guerra Mundial‒“época de abrandamento dos fluxos migratórios internacionais devido a guerra”. Após a abolição da escravatura (1888), o amainar das catástrofes mundiais e com as transformações no ramo industrial e dos transportes, vários migrantes retornaram às suas regiões de origem e outras optaram por estadia definitiva.

Ao longo da história de Moçambique, verificaram-se importantes migrações internacionais influenciadas por conflitos internos: procura de segurança, fuga ao trabalho forçado, calamidades naturais e procura de formação ou emprego. Ex: No âmbito da cooperação do então regime socialista , nas estratégias do saudoso Presidente Samora Machel, vários moçambicanos, sobretudo da geração “8 de Março” emigraram para Cuba, União Soviética, Alemanha, etc.

Alguns conceitos

Os conceitos de migração focalizam por referência a tendência dos movimentos da população:

Segundo Hornby Jones, migração é a mudança permanente ou semi-permanente de lugar de residência com duração de um ou mais anos.

Segundo Lowis Henry, migração é um conjunto de deslocações que tem por efeito transferir a residência dos interessados de um certo lugar de origem, ou de partida para um certo lugar de destino ou lugar de chegada.

O conceito da residência é pois essencial para definir-se migração. Mas o mesmo conceito serve também para definir as deslocações pendulares ou quotidianas, as quais não podem ser confundidas com o conceito de migração demográfica.

No contexto dos movimentos de urbanização que se intensificaram nos países industrializados sobretudo a partir da década 60, o forte aumento do valor patrimonial da urbanização no centro das cidades e refuncionalização desses centros empurraram para as periferias um número crescente de indivíduos e de famílias, o que deu origem a um novo tipo de mobilidade espacial.(Lowis Henry, 1960)

Não se pode confudir mobilidade espacial das migrações, onde mobilidade espacial é a capacidade de as pessoas deslocarem-se no espaço num período inferior a um ano. Ex: As deslocações quotidianas ao longo da semana de trabalho; entre residência e trabalho; entre escola e residência, entre residência e local de consumo ou lazer.

O crescimento migratório abrange dois (2) movimento distintos:

  1. Emigração é a saida da unidade espacial de observação para um país diferente;
  2. Imigração é a entrada da unidade espacial de observação de pessoas de um país diferente.

Determinantes das migrações

  Tendo em conta o local de partida e o local de chegada, podemos destinguir factores atractivos e factores repulsivos dos quais se destacam:

Políticos- forçam a saída de muitas pessoas de um local, em vertude de tirania de governantes, guerras e outros conflitos de cariz política.

Económicas- provocam o deslocamento de grupos humanos para a região onde o desenvolvimento ou sistema produtivo oferencem melhores oportunidaes de vida.

Naturais- são decorrentes de fenómenos naturais como, seca, cheias, marremotos, terramotos, pragas, etc.

Sociais- referem-se a questões raciais e étnicas

Relegiosos- são motivados por questões relegiosas, foram mais frequentes durante a reforma relegiosa com os protestantes Europeus emigrando para América e outras áreas.

Métodos diretos de análise dos movimentos migratórios

São os que utilizam directamente os dados disponíveis na prática, resumem-se ao cálculo de taxas brutas. Estes dados obtidos permitem salientar  o facto de que os migrantes internos e externos dão informações  de taxas aplicadas nos fenómenos demográficos epecíficos, apesar deste tipo de informação não distinguir o sexo e idades ou grupo de idade.

  • Taxa bruta de Emigração= (emigração / população) x 1000
  • Taxa bruta de Imigração= (imigração / população) x 1000
  • Taxa bruta de Migração total = [(emigração + imigração) / população ] x 1000

Métodos indiretos de análise dos movimentos migratórios

Servem para estimar a intensidade e a direcção dos movimentos migratórios quando estes não são possíveis de ser medidos directamente, assemelham-se as migrações clandestinas dentro e fora do espaço de observação, pelo simples facto de estas não serem objecto de um registo directo. Consideram-se as migrações clandestinas como ⅓ ou ½ das migrações oficiais.

Adimitimos assim a hipótese de que o peso da clandestinidade varia mais no tempo e no espaço, daí ser pertinente o uso dos dados num determinado momento temporal e, isentas de validade no período seguinte.

Causas das migrações

Religiosas:

Há muitas migrações na sua maioria externas, cujo o único objectivo é a deslocação a um determinado centro de fé de acordo com a relegião do indivíduo. Ex: perigrinação de Fátima ( missionários), Meca( Arábia- muçulmanos),etc.

Económicas:

Provavelmente deverá ser a causa fundamental que leva as pessoas a migrarem, quase sempre resultante da diferença de desenvolvimento sócio-económico entre o país ou entre regiões. Querer assegurar noutros locais um melhor nível de vida, onde os salários são mais elevados, as condições de trabalho são menos pesadas, e onde a assistência social é mais eficaz, enfim, vão para onde pensam ir encontrar uma vida mais agradável. Ex: uma vaga para emprego relativamente melhor; baixos salários…

Naturais:

 Dum modo geral, este motivo de migrações leva a que sejam migrações forçadas, pois devido a causas naturais (cheias, terramotos, secas, vulcões), a vida e a sobrevivência das pessoas ficam em risco, pelo que se vêem forçadas a abandonarem os seus locais de residência. Ex: cheias de 2000 em Moçambique.

Turísticas:

São as que se efectuam normalmente, pela maioria das pessoas, em determinadas épocas ou estações do ano, que por isso mesmo, também são uma forma de migrações sazonais. Ex: as deslocações efectuadas no período das férias, seja de Varão, Natal, Páscua,etc.

Laborais:

São todas deslocações efectuadas por motivos profissionais. Podem também ser sazonais e dum modo geral são temporárias. Ex: docentes, polícias, enfermeiros (muitas vazes sem sua vontade), quase todos os anos colocados em escolas ou postos diferentes e por  vezes longe das suas residências.

Políticas:

São de um modo geral migrações externas, que devido as mudanças nos governos de países, alguns habitantes se vêem forçados (mas nem sempre) a saírem desse país.  Ex: quando se deu a independência de países africanos, os portugueses tiveram que abandonar Angola, Maçambique, Guiné, etc.

Étnicas:

Esta palavra muitas vezes é confundida com racísmo, tem mais haver com diferenças entre culturas e povos, podendo não ser mesma raça. Ex: na II Guerra Mundial haviam muitos Judeus na Alemanha e, Hitler tentou exterminá-los, mas ambos de raça branca.

Culturais:

Poucos consideram este motivo uma causa de migração, contudo há muitas pessoas que se deslocam temporariamente ou normalmente para outros locais, tidos como conservadores da cultura tradicional, apenas com finalidade de realizarem seus rituais ou enriquecimento de conhecimentos na vertente cultural. Ex: ir a outro país ou região para estudo de âmbito socio-cultural, expedições tradicionais dos ritos de iniciação.

Movimentos migratórios

     Os movimentos migratórios podem ser analisados quanto:

     Ao espaço : migrações Internas e Externas,

     A duração: migrações Temporárias e definitivas

     A forma: migrações Voluntárias e Forçadas

    Ao controlo: migrações Legais e Clandestinas.

  • Quanto ao espaço‒ são internas, se os deslocamentos realizam-se de uma região para a outra, dentro do mesmo país, (ex: êxodos rurais e urbanos) e são externas ou internacionais se os deslocamentos se fazem de um país para o outro.

Nas externas, se a migração é efectuada para outro país do outro continente, é inter-continental, (ex: migrações a médio raio de distância de trabalhadores não qualificados para os países industrializados; migrações de quadros como europeus-escandinavos que se deslocam para EUA, Canadá,etc).

  • Quanto a duração‒ podem ser temporárias se a mudança é apenas por um determinado período de tempo (pode ir de alguns dias para alguns anos). Ex: contratos temporários de trabalhadores (construção civil, goso de férias noutro lugar).

Dentro das migrações temporárias há ainda as migrações sazonais (tem haver com determinadas estações do ano). Ex: trabalhadores das víndimas ;

As definitivas, são aquelas em que os indivíduos decidem ir para um determinado local, para aí se estabelecerem definitivamente, podendo eventualmente regressar após muitos anos.

  • Quanto a forma‒ as migrações podem ser voluntárias quando a decisão de se deslocar é do próprio indivíduo, ou seja, é de iniciativa própria.

Quando o individuo apesar de não desejar fazer uma deslocação, se vê, obrigado a fazê-lo, por diversos motivos, então, diz-se que a migração é forçada.

  • Quanto ao controlo‒ se a migração é feita com autorização do país de acolhemento, é uma migração legal. Se por outro lado o indivíduo entra ou fica num determinado país sem nenhuma autorizacão ou conhecimento deste, diz-se que é clandestina ou ilegal.

      Outros autores como Maria Elena Simielli (pg.168:2009), tipifíca as migrações internas em:

  • Pendulares ou diários‒ que ocorrem em grandes centros urbanos, direcionando-se dos bairros para o centro da cidade durante o dia, e do centro para os bairros ou periferia durante a tarde ou noite, quando as pessoas voltam para casa. Ex: cidade de Brasília e as cidades satélites (Gama, Sobradinho, Guará; cidade de Maputo e os bairros periféricos,ou com Marracuene,  Matola, etc).
  • Transumância‒ movimento sazonal (periódico), no período de cultuvo ou de colheita ou ainda procura de trabalho/serviço no litoral, voltando para casa no final da safra ou da actividade , conforme cada caso.
  • Êxodo Rural‒ migrações do tipo campo-cidade, causados por: Atração urbana; Industrialização; Mecanização agrícola, Estrutura fundiária dificiente; etc.

O Êxodo Rural, provoca consequências como: Aumento do desemprego nas cidades (pobreza urbana); Aumento da violência urbana; favelização; Agravamento dos problemas urbanos (súde, moradia, serviços,…)

Consequências das migrações

As consequências das migrações são analisadas tanto no local de partida assim como no lacal de chegada. Elas não só são demográficas mas também económicas, psicológicas e políticas.

Consequência no local de partida (emigração)

  1. Consequências demográficas

            ‒ Cantribuem para a diminuição da pressão demográfica (despovoamento);

‒Modificam a composição e a estrutura da população por sexo e idade;

‒Influenciam a diminuição da natalidade e, consequentemente baixo crescimento demográfico.

  1. Consequências Económicas

‒Redução da mão-de-obra

  1. Consequências sociais

‒Diminunição de jovens e adultos mais instruidos ou qualificados, por vezes mais dinâmicos e inteligentes.

  1. Consequências políticas

‒A partida da população jovem provoca défice de efectivos militares em caso de  conflitos.

Consequências no local de chegada (imigração)

Consequências demográficas

             ‒O fluxo de jovens provoca rejuvenescimento da população e crescimento demográfico acentuado.

            ‒Modificam a composição e estrutura da população por sexo e idade;

            ‒Provocam o super povoamento e o acréscimo da natalidade;

Consequências económicas

            ‒A chegada de jovens dinâmicos e prontos para aceitarem todo tipo de emprego constitui um facto catalizador do crescimento económico;

           ‒A presença em massa de pessoas jovens a procura de emprego contribui para a baixa de salários

           ‒Aumenta o desemprego

           ‒Por causa dos recém-chegados, baixam as possibilidades de oferta aos mercados de trabalho.

Consequências sociais

            ‒Aumento de criminalidade, mendicidade, prostituição delinquência,etc;

            ‒A presença em massa de pessoas jovens a procura de emprego contribui para a baixa de salários aumenta o desemprego;

            ‒Por causa dos recém-chegados baixam as posibilidades de oferta dos mercados de trabalho;

           ‒A migração de pessoas portadoras de doenças contagiosas pode provocar o alastramento  dessas doenças nas áreas de destino.

Vantagens das migrações

  • A migração alivia a pressão populacional e reduz o desemprego, o que diminui a pressão na economia local e nacional;
  • Reduz a demanda pelos recursos naturais;
  • As famílias que ficam para trás beneficiam-se com o dinheiro que os emigrantes mandam;
  • Os migrantes podem conseguir ganhar mais dinheiro se emigrarem.

Desvantagens das migrações

  • No local de partida os países perdem algumas pessoas nas quais mais se investiu, como enfermeiros, docentes, etc, e isso é chamado as vezes de fuga de cérebro.
  • A maioria dos emigrantes são homens jovens muitos dos quais são casados, suas esposas permanencem em casa, mas carregam um fardo muito maior (despesa).

 

Bibliografia

BANDEIRA, M. Demografia, objeto, teorias e métodos. Editora Escolar, 2004.

GEOATLAS, Maria Elena Simielli,168 paginas. Ed Áctica brazil, 2009.

NAZARETH, J.Manuel, Introdução à Demografia‒Teoria e Prática,Editora Presença, Lisboa.1996.

NAZARETH, J.Manuel.Demografia a ciência da população; 3ª ed. Lisboa, 2009.

Pt.shvoon.com/social-sciences/edc…

www.colegioweb.com.br/geografia/pop