Ficha de leitura 2023

 Texto expositivo-argumentativo

 é aquele que apresenta um raciocínio, segundo o qual se defende ou se refuta um ponto de vista. Com base nos argumentos, o autor (o articulista) procura convencer, persuadir os destinatários a aderirem ao seu ponto de vista.

Tipo de linguagem

 o discurso argumentativo deve ser claro, directo e preciso.

Tese - é uma proposição, uma ideia que o autor do texto pretende defender.

Um texto argumentativo pode conter, além da tese ou ideia principal, teses ou ideias secundárias subordinadas à principal.

 Argumentos - são as razões, as provas a que se recorre para a defesa de um pensamento, uma tese, uma ideia ou uma proposição.

O discurso argumentativo

O discurso como “linguagem em acção” pode encerrar em si uma função argumentativa, sempre que se estabelece entre os protagonistas da comunicação uma troca de argumentos e contra-argumentos, ou quando um emissor se preocupa em apresentar uma determinada tese (ideia), desenvolvendo os seus pressupostos.

 Deste modo, pode-se dizer que o discurso argumentativo privilegia a segunda pessoa, na medida em que toda a actividade do orador é ditada no sentido de persuadir e contar com a adesão do público que o escuta; pressupõe uma elaboração e construção interna que faz dele um todo organizado e coerente.

Resumo:

Um texto argumentativo - é aquele em que se apresenta um pensamento, segundo o qual se defende ou se refuta um ponto de vista.

  • O texto argumentativo visa convencer, persuadir os destinatários a aderirem ao ponto de vista do autor.
  • tese é uma ideia que se pretende defender ou refutar recorrendo a argumentos que são as razões que a sustentem.
  • argumentação é um conjunto de razões a favor ou contra uma opinião ou uma tese (ideia). Quem argumenta deve ter um certo conhecimento do auditório a quem se dirige.

Um texto argumentativo tem como base uma proposição ou tese que é sustentada pelos argumentos reforçados por contra-argumentos.

  • O Autor do texto argumentativo pode recorrer a certas estratégias para persuadir o auditório.

Estratégias de persuasão do auditório

  o principal objectivo de um texto argumentativo o de persuadir, convencer o receptor a aderir ao ponto de vista do articulista (pessoa que escreve o texto argumentativo), é importante que este, ao construir a sua argumentação com vista a alcançar o seu objectivo, use algumas estratégias que o auxiliem para o efeito, tais como:

  • Despertar o interesse do receptor, conquistar a sua simpatia, através de um discurso concreto, sem redundâncias, que o envolva e o faça partilhar dos pontos de vista;
  • Evidenciar, imediatamente, os aspectos importantes da tese em causa;
  • Apostar em argumentos de qualidade, isto é, poucos argumentos de boa qualidade valem mais do que muitos de qualidade baixa.

 É importante saber que, ao longo de um mesmo texto, podem coexistir argumentos a favor e contra uma tese.

 Todavia, o objectivo dos argumentos contra é, muitas vezes, reforçar o valor dos argumentos que são a favor dessa tese.

Apresentação do texto argumentativo

O texto argumentativo obedece a uma estrutura mais ou menos fixa que compreende: a) Exposição da tese;

  1. b) Corpo da argumentação (argumentos que apoiam a tese; refutação das opiniões contrárias);
  2. c) Conclusão (síntese dos argumentos apresentados; faz-se a confirmação da tese).

Na exposição, que corresponde à introdução, apresenta-se a tese, em que se indica o que se pretende provar ou refutar;

No corpo da argumentação, que corresponde ao desenvolvimento, apresentam-se os argumentos de forma coerente, articulados entre si para legitimar a tese e refutar ou contradizer as objecções que podem ser levantadas pelo receptor. Apresentam-se aqui as provas, os exemplos do que se afirma, levantam-se hipóteses, apontam-se causas e indicam-se consequências.

Na conclusão, faz-se a síntese do exposto indicando a posição pessoal do articulista sobre o assunto.

quadro resumo da organização estrutural do texto argumentativo.

Exposição da tese - Declara o interesse do tema a tratar e as fases pelas quais a análise progride. Deve ser breve e clara.

 Corpo da argumentação (razões que apoiam a tese; refutação das opiniões contrárias) Foca, sob várias perspectivas e com originalidade, o tema objecto de reflexão. O assunto deve ser trabalhado com profundidade e coerência.

Os argumentos devem:

  • Ser válidos, consistentes pelo raciocínio e pela evidência das provas;
  • Conduzir a uma demonstração dos factos, por dedução (se os argumentos resultam uns dos outros) ou por acumulação (se os argumentos se acrescentam uns aos argumentos);
  • Ser organizados numa gradação crescente (do mais simples ao mais complexo).

Conclusão (reafirmação da tese) Formula-se um juízo global e pessoal sobre o que foi referido, com abertura de novas perspectivas sobre o tema/ problema abordado.

Os argumentos podem por um lado apelar à razão, às emoções e aos valores morais e, por outro, aos conhecimentos, à capacidade de reflexão e ao estabelecimento de juízos de valor. É da responsabilidade do articulista (autor) levar o receptor a acreditar que os argumentos são válidos, aceitáveis e verdadeiros. Assim, o autor deve criar uma cumplicidade entre si e o receptor, de modo que este se sinta predisposto a aceitar os pontos de vista apresentados.

Apresentação do texto argumentativo

 A articulação das ideias apresentadas e dos argumentos deve respeitar a uma progressão. Para tal é necessário:

  • Levantar e apresentar as características e os traços marcantes da situação, problema ou facto que se pretende tratar;
  • Organizar, de forma cronológica, os factos ou aspectos significativos, sublinhando a ordem do seu surgimento;
  • Demonstrar a validade da tese apresentada através de argumentos convincentes;
  • Inserir provas, exemplos e citações, que vão legitimar as opiniões expressas.

percursos da argumentação

 Os percursos da argumentação são caminhos do pensamento para “justificar uma opinião, desenvolver um ponto de vista, reflectir para chegar a uma decisão”.

Existem, essencialmente, duas vias: a via lógica e a via explicativa.

  1. Via lógica – trata-se de uma realização de operações discursivas mentais que permitem determinar a validade, falsidade ou probabilidade de uma ou várias proposições, tendo como finalidade convencer a um destinatário da impossibilidade de refutar o encadeamento de ideias.
  2. Via explicativa – o objectivo é o de fazer compreender e tornar inteligível. A intenção de explicar pretende convencer com máximo de objectividade. Sendo assim, pode-se recorrer à definição, à comparação, à descrição e à narração. Os dois últimos são os procedimentos mais frequentes.

Resumo

Quanto à apresentação

 um texto argumentativo, é composto pelas seguintes partes:

- Fase da apresentação da tese; -Fase da argumentação e, -Fase da conclusão.

  • Estudou as duas vias do percurso da argumentação que são, nomeadamente: -Via lógica e; -Via explicativa

orações subordinadas comparativas - são as que estabelecem uma relação de comparação com a subordinante.

  • orações subordinadas consecutivas - são as que indicam uma consequência do facto enunciado na subordinante.

Orações subordinadas concessiva - são as que admitem uma ideia de oposição a da oração subordinante, mas não impedem a sua concretização.

Ex: Embora tenha um convite, não irei a festa.

Ainda que faça frio, não uso agasalho.

Conjunções subordinativas concessiva: embora, conquanto,

Locuções: ainda que, mesmo que, posto que, se bem que, de modo que, de firma que, de sorte que, por mais (menos, muito) que, apesar de….

Conjunções Locuções Comparativas - (estabelecem uma comparação) Como, Segundo, Conforme = que, Qual Como … assim, Assim como … assim, Assim como … assim também, Bem como, Mais … do que, Menos … do que, Segundo (consoante, conforme) … assim, Tão (tanto) … como, como se, que nem …

Conjunções Consecutivas -  (indicam uma consequência) De tal modo, Que = de tal maneira

Concordância do nome predicativo do sujeito com o sujeito

Quando o predicativo de sujeito é um adjectivo, se o sujeito for simples, concorda com ele em género e em número.

Ex: A árvore é frondosa.

      Eles parecem simpáticos e bem-educados.

Quando o predicativo do sujeito e um adjectivo, se o sujeito for composto, e os elementos do sujeito forem do mesmo género, o predicativo vai para o plural e para o género dos elementos do sujeito.

Ex: A Isabel e o Orlando estavam felicíssimos.

O casaco e os sapatos são pretos.

Quando o predicativo do sujeito é um adjectivo, se o sujeito for composto os elementos do sujeito forem de géneros diferentes, o predicativo do sujeito concorda com o elemento do sujeito mais próximo, quando o verbo está no singular; quando o verbo está no plural, vai para o plural masculino.

Ex: É sempre necessária força e jeito.

Força e jeito são sempre necessários.

Figuras de pensamento

Principais figuras de pensamento são:

Interrogação retórica - é uma pergunta que se faz, não para obter resposta, mas, geralmente, para deixar o receptor a pensar sobre o assunto ou para dar seguimento a exposição da ideia do emissor.

Ex: Quem teria coragem de permanecer na sua Pátria num clima de tensão?!...

Exclamação - expressão espontânea de um vivo e súbito sentimento de dor, alegria, de pensar, de admiração, etc.

Ex: Que lindo dia de verão.

Hipérbole - exagero da verdade das coisas, quando se quer enfatizar uma grande quantidade ou conferir muita quantidade.

Ex: Estou a morrer de sede!

Apóstrofe interrupção brusca do assunto para o orador ou escritor se dirigir a uma pessoa ou coisa, presente ou ausente, real ou fictícia.

Ex: O glória de mandar, o vá cobiça.

Desta vaidade a que chamamos fama!

Prosopopeia, personificação ou animismo - introdução no discurso de pessoas ausentes ou mortas, divindades, animais ou seres inanimados a quem se atribui fala, accão e sentimentos próprios das pessoas.

Ex: A cidade está cheia de prédios que rasgam os céus.

Perífrase - emprego de muitas palavras para transmitir um significado que geralmente e dado por uma só palavra ou por uma expressão mais curta. Costuma se usar para evitar uma repetição, ou definir um conceito, ou ainda para revelar ou explicar um dado.

Ex: Na tristeza das horas deem luz.

Em vez de

Na tristeza das noites.

Antítese ou contraste oposição de duas expressões, para significar algo que e aparentemente contraditório.

Ex: Uma doce tristeza.

Gradação - disposição das palavras e ideias por ordem crescente ou decrescente da sua significação.

Ex: Por uma omissão perde se uma inspiração; por uma inspiração perde se um auxilio; por um auxilio, uma contrição; por uma contrição, uma alma.

 figuras de sintaxe :

 anáfora, a anástrofe/hipérbato, o assíndeto, a gradação, a elipse e o pleonasmo.

Anáfora - Consiste na repetição de uma palavra ou expressão em posição dominante, em início de verso ou de frase.

 Ex.: Ai quando a palma se acalma!

Ai quando a alma se acalma! (D. Mourão Ferreira)

Hipérbato ou anástrofe - é um recurso expressivo que consiste na inversão da ordem normal das palavras na frase para evidenciar um conceito que é colocado numa posição de destaque.

 Ex.: Qual vermelha a arma faz de brancas

Assíndeto- Consiste na supressão das conjunções coordenativas.

 Ex.: “Os livros, os quadros, as estátuas, as pirâmides do Egipto resistem mais tempo.” (J. Gomes Ferreira)

 Gradação - consiste na apresentação de vários elementos segundo uma ordem, que pode ser ascendente ou descendente.

Ex.. “... E o acordeão estremece, palpita, estrebucha.” (Pedro Alvim)

Elipse - Consiste na omissão de uma palavra ou palavras (ou até uma frase) que se subentende, sem prejudicar a compreensão do que está a dizer.

 Ex.: À ceia (comia) duas batatas cozidas, apenas.

Pleonasmo - Consiste no emprego de uma palavra ou palavras que reforça (m) uma ideia que já está expressa.

 Ex.: Eu vi tudo com estes olhos, aqui desta varanda. José Rodrigues Miguéis,

Orações relativas: os pronomes “cujo” e “onde”.

Cujo  - é um pronome relativo que se usa como determinante, concordando este com o  nome a que se liga na oração subordinada, do qual é complemento determinativo.

 Exemplo: A pessoa cujas ideias políticas tanto admiras detesta a vida pública.

Neste caso, cujas equivale a da qual. “Cujo” marca o genitivo, ocorrendo no SN em início da relativa, tem flexão em número e em género.

Exemplo: Está ali o homem cujo nome perguntaste.

Como se pode depreender, considera-se “cujo” como pronome relativo que introduz uma oração relativa.

 Uso do pronome relativo “onde”

“Onde” usa-se unicamente como oblíquo com valor de locativo.

Exemplo: Vê-se o mar da casa onde vivemos.

 “Onde” equivale a “em que”, “no qual”, desempenhando sempre a função de complemento circunstancial de lugar, pelo que tem sido designado por pronome.

 Exemplo: Toda a gente gosta de voltar aos lugares onde foi feliz.

 O antecedente de “onde” pode ser um advérbio de lugar (aí, ali, aqui, lá).

 Ex: O gatinho volta muitas vezes ali/lá onde se sentiu bem.

 Associam-se a “onde” as preposições a, de, para, por.

 Exemplo: Trago sempre recordações dos lugares por onde passo.

 O pronome relativo faz referência ao indivíduo ou objecto designado pelo grupo nominal (GN) da primeira frase e representa-o na oração imediatamente a seguir. Este GN é antecedente e a oração introduzida pelo pronome relativo chama-se oração relativa. Assim, o pronome relativo, à semelhança de outros conectores (coordenativos e subordinativos), permite transformar duas

frases simples numa frase composta.

 Exemplo: A pessoa cujas ideias tanto admiras detesta a vida política. ↓ Oração relativa

O jardim onde estivemos ontem vai ser reabilitado. ↓ Oração relativa

Flexão do pronome“cujo”

 pronome relativo “cujo” e as suas flexões (cuja, cujos, cujas) têm, ao mesmo tempo, valor relativo e possessivo e concordam em género e em número com o objecto possuído.

 Exemplo: A escola cujas janelas estão partidas será reabilitada brevemente. ↓ Valor relativo e possessivo concordando em número e em género

Cujo é um pronome relativo que se usa como determinante, concordando este com o nome a que se liga na oração subordinada, do qual é complemento determinativo.

  • Cujo marca o genitivo, ocorrendo no SN em início da relativa, tem flexão em número e em género.
  • Onde usa-se unicamente como oblíquo com valor de locativo e equivale a “em que”, “no qual”, desempenhando sempre a função de complemento circunstancial de lugar.
  • Antecedente de “onde” pode ser um advérbio de lugar (aí, ali, aqui, lá)e, pode associar-se às preposições a, de, para, por.
  • Pronome relativo faz referência ao indivíduo ou objecto designado pelo grupo nominal (GN) da primeira frase e representa-o na oração imediatamente a seguir. Este GN é antecedente e a oração introduzida pelo pronome relativo chamase oração relativa.
  • Pronome relativo, à semelhança de outros conectores (coordenativos e subordinativos), permite transformar duas frases simples numa frase composta.

Orações relativas

São introduzidas por um pronome relativo que (ou quem ou o/a qual, os/as quais)

Ex: A mulher apanhou as crianças que tocaram a campainha.

O morfema que introduz a relativa desempenha a função sintáctica e antecedido de um nome ou grupo nominal e pode ser substituído por o/a qual, os/as quais.

A mulher apanhou as crianças as quais tocaram a campainha.

A relativa e opcional, ou seja, pode ser omitida sem que a frase fique agramatical.

Ex: A mulher apanhou as crianças.

Orações integrantes ou completivas

São introduzidas por uma conjunção integrante que (ou se) e completa o sentido de um nome, dai a designação integrante (integra algo).

Ex: A mulher tem a certeza de que tocaram a campainha.

O morfema que introduz a completiva e não desempenha nenhuma função sintactica, não pode ser substituída por a/o qual, os/as quais.

Ex: ?? “ A mulher tem a certeza  de as quais tocaram a campainha”.

A completiva e obrigatória pelo que a sua omissão gera agramaticalidade.

Ex: ?? “ A mulher tem a certeza de.”