A Morfologia

A morfologia, como uma arquiteta meticulosa, examina a estrutura das paisagens, mapeando seus elementos e decifrando seus segredos. Ela se debruça sobre as formas de relevo, desde as majestosas montanhas até as planícies onduladas, investigando suas origens, características e relações.

A morfologia, como uma arquiteta perspicaz, se dedica a analisar a estrutura e os elementos que compõem as paisagens, desvendando seus segredos e revelando sua beleza singular. Ela se debruça sobre as formas de relevo, desde as majestosas montanhas e vulcões imponentes até as planícies onduladas e depressões abissais, investigando suas origens, características e relações intrincadas.

1.1. Classificação das Formas de Relevo:

As formas de relevo, como peças de um quebra-cabeça gigante, são classificadas em três grandes categorias, cada uma com suas nuances e particularidades:

Relevo Continental:

  • Planícies: extensões planas de baixa altitude, como a Planície Amazônica, com sua exuberante floresta tropical.
  • Planaltos: áreas elevadas com superfície relativamente plana, como o Planalto Central brasileiro, lar de importantes formações geológicas.
  • Montanhas: elevações abstratas com declives acentuados, como a Cordilheira dos Andes, a maior cadeia montanhosa do continente americano.
  • Depressões: áreas rebaixadas em relação ao nível do mar, como a Depressão do Salar de Uyuni na Bolívia, um extenso deserto de sal.

Relevo Litorâneo:

  • Praias: áreas arenosas banhadas pelo mar, como as paradisíacas praias do Caribe, com suas águas cristalinas e areias brancas.
  • Falésias: costões rochosos íngremes esculpidos pela ação das ondas, como as falésias de Dover na Inglaterra, imponentes e majestosas.
  • Costões: formações rochosas irregulares que se estendem pelo litoral, como a Costa Amalfitana na Itália, conhecida por suas paisagens deslumbrantes.

Relevo Submarino:

  • Plataforma Continental: área plana que se estende do continente até o talude continental, como a Plataforma Continental Brasileira, rica em recursos naturais.
  • Talude Continental: declive acentuado que leva ao fundo oceânico, como o Talude Continental do Atlântico Norte, um ambiente misterioso e pouco explorado.
  • Planície Abissal: vasta região plana no fundo dos oceanos, como a Planície Abissal do Pacífico, lar de uma fauna singular e adaptada às profundezas.

1.2. Processos Geomorfológicos:  

As paisagens, como obras de arte em constante transformação, são esculpidas por diversos processos geomorfológicos, que podem ser divididos em dois grupos principais:

Processos Externos:

  • Intemperismo: conjunto de processos que fragmentam e desgastam as rochas, como a ação da água, vento, gelo e seres vivos.
  • Erosão: transporte dos materiais fragmentados pela ação da água, vento, gelo e gravidade.
  • Sedimentação: deposição dos materiais transportados pela erosão, formando novas formações geológicas.

Processos Internos:

  • Tectonismo: movimento das placas tectônicas que moldam a superfície da Terra, criando montanhas, vulcões e terremotos.
  • Vulcanismo: erupção de magma do interior da Terra, que pode formar vulcões e outras formações geológicas.
  • Magmatismo: solidificação do magma no interior da Terra, formando rochas ígneas.

GEOLOGIA (Conceitos e subdivisões)

Conceitos De acordo com o dicionário Cambridge, “geologia é o estudo das rochas e processos físicos da Terra que auxiliam na compreensão de sua origem e história. ”

Segundo Toledo (2002), Geologia é a ciência natural que, através da Matemática, Física e Química e de todas as suas ferramentas, investiga o meio natural do Planeta Terra.

A geologia é de extrema importância para nossa sociedade, tendo em vista sua abrangência sobre a ocupação territorial, aproveitamento dos recursos naturais, recursos energéticos e matérias-primas industriais, além de outros. A alienação sobre a dinâmica terrestre tem resultado prejudiciais e, muitas vezes, irreparáveis para a Natureza e para a espécie humana (Toledo, 2002:89).

Os principais objectivos da geologia seguem listados por Toledo (2002):

  • Estudo em várias escalas das características do interior e superficiais da Terra;
  • Compreensão dos processos físicos, químicos e físico-químicos que levaram o Planeta a ser tal como o observamos;
  • Definição da maneira mais adequada para a utilização dos recursos minerais como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da qualidade de vida da sociedade;
  • Resolução de problemas resultados da exploração de bens minerais e/ou uso do solo e estabelecimento de critérios para evitar danos futuros ao meio ambiente;
  • Valorização da relação entre o ser humano e a Natureza.

 Por ser uma ciência muito ampla, é subdividida em áreas tais como Geologia de Engenharia, Geofísica, Geoquímica, Sedimentologia, Estratigrafia, Petrologias Ígnea, Sedimentar e Metamórfica, Cartografia, Geologia Médica, Pesquisa Mineral, Geomorfologia, Hidrogeologia, Geologia Económica, Geologia Ambiental, Paleontologia, Geologia Social, dentre outras.

No presente trabalho, será dado enfoque nas áreas de Geologia Ambiental, Geologia de Engenharia, Economia Mineral e Geologia Social, conceituadas a seguir:

Tanto a Geologia de Engenharia quanto a Geologia Ambiental representam aspectos aplicados da geologia que são importantes em termos de planeamento, desenvolvimento e construção. Ainda nos dias de hoje é difícil separá-las propriamente. Abaixo seguem alguns conceitos propostos.

Segundo a International Association of Engineering Geology – Associação Internacional de Geologia de Engenharia, em português - (IAEG, 1992), a Geologia de Engenharia pode ser definida como a ciência dedicada à investigação, estudo e solução de problemas de ambientais e de engenharia, que podem surgir pela interacção entre a geologia e trabalhos e actividades desenvolvidas pelo homem, bem como previsão e desenvolvimento de medidas preventivas ou remediadoras de acidentes geológicos.

Geologia Ambiental, de acordo com Keller (2008), é o ramo da Geologia que se ocupa de todo o espectro das interacções humanas com o ambiente físico. Ela utiliza de informações geológicas para ajudar na resolução de problemas associados ao uso do solo, minimizar a degradação ambiental e maximizar os resultados benéficos do uso do ambiente natural ou modificado.  A Geologia de Engenharia e a Geologia Ambiental se relacionam, portanto, com a ocupação urbana e ordenamento territorial, bem como aos problemas ambientais gerados pela urbanização e, também pela extracção mineral.

A localização, estruturação e funcionamento dos assentamentos urbanos estão fortemente influenciados por factores ambientais tais como geomorfologia e relevo. Em países em desenvolvimento, uma gestão pouco efectiva dos terrenos urbanos pode acarretar em sérios danos aos solos, água e paisagens, além da ocupação em áreas de risco (Oliveira, 2010:50).

Para o Departamento Nacional de Produção Mineral, Economia Mineral é a área do conhecimento que trata dos princípios económicos e das suas aplicações aos problemas relacionados à actividade mineral. Tem por objectivo principal a solução de problemas da indústria minerária que envolvem suas inter-relações técnicas, económicas, organizacionais e legais. Como objectivos secundários podem-se citar a avaliação de depósitos, das condições sócio ambientais relacionadas à extracção mineral, análises de consumo de bens minerais (commodities), análise de política mineral (leis e regulamentos), dentre outros.

Muitos geólogos argumentam que o conhecimento geocientífico e experiência são essenciais para a resolução de muitos desafios ambientais enfrentados pela nossa sociedade, porém ainda são poucos os que estão directamente comprometidos na promoção do desenvolvimento sustentável. Isto é, de certa forma, surpreendente, dado que vários atributos colocam a geociência moderna em posição de contribuir criticamente ao pensamento sustentável contemporâneo (Stewart & Gill, 2017:120).

Sendo uma ciência histórica e interpretativa, a geologia pode informar a sociedade sobre as interacções dos sistemas homem-meio ambiente, pois os geólogos têm habilidade e competência que os permitem reconhecer manifestações dos fenómenos em diferentes escalas espaciais e temporais. Eles também se sentem à vontade para integrar conceitos interdisciplinares, o que não se observa na maioria das outras ciências (Mora, 2013).

O conceito de Geologia Social foi primeiramente sugerido em 2011, por Mata-Perelló et al., em um artigo nomeado “Geologia Social: uma nova perspectiva na geologia”. De acordo com esse artigo, a geologia social pode ser definida como a disciplina da geologia que estuda a interacção entre o ambiente geológico e o desenvolvimento social, especialmente a influência dos recursos e riscos geológicos na gestão territorial e social de áreas urbanas. A Geologia Social então vem integrar os conceitos de sustentabilidade no âmago das geociências (Stewart & Gill, 2017:321).

Mata-Perelló et al. (2011), observaram que os maiores problemas em escala global estão directamente associados ao ambiente geológico. São eles: a falta de água ou de acesso a fontes de água potável; perdas económicas e humanas geradas por riscos geológicos; conflitos pelo controle dos recursos geológicos.

Para uma abordagem dos problemas atuais da sociedade de uma maneira mais sustentável defendem que, primeiramente, a comunidade de geocientistas precisa ampliar seu espectro de actuação e estudos, não se atendo somente à interdisciplinaridade com outros temas ambientais, mas também do comportamento humano. Em segundo lugar, os princípios e práticas ‘sustentáveis’ precisam ser explicitamente integrados desde o ensino das geociências até a actuação profissional.

 

Histórico da Geologia

Desde o início da humanidade, o homem sempre teve interesse pelas rochas como fonte de matéria-prima para suas necessidades (facas, machados, gemas, vasilhas). Os estudos geológicos ganharam grande desenvolvimento por meio dos estudos desenvolvidos pelos gregos: Xenófanes (540 a. c.), que descreveu fósseis de peixes e conchas encontrados em depósitos nas montanhas; Aristóteles (384-322 a. c.), que reconheceu o processo de erosão e de deposição dos materiais, do qual acreditava que erupções vulcânicas e terremotos eram causados pelo escape de ventos provenientes do interior da Terra; Empédocles e Plínio, que descreveram erupções no Etna e em Pompéia.

Até o século XV, houve pouco desenvolvimento, visto que as pesquisas desenvolvidas tinham que ser aprovadas pela Igreja, que, até então, era a instituição de maior poder. Porém, ainda nesse período, foram desenvolvidas teorias que buscavam a origem das rochas, como:

  • Netunismo – todas as rochas se formaram a partir de um grande oceano primordial – rochas com minerais menos solúveis se formaram no início; rochas mais solúveis, à medida que o oceano evaporasse – Abraham Werner;
  • Plutonismo – considerava 3 processos formadores de rochas: sedimentar, magmático e metamórfico; importância do calor no interior da Terra na formação das rochas; propôs o ciclo das rochas (determinada rocha pode dar origem à outra) – James Hutton;

Outro conceito utilizado na Geologia é o Uniformitarismo, estabelecendo que o presente é a chave para o passado. Esse conceito foi proposto por James Hutton, considerado o pai da Geologia moderna, em 1785. Em outras palavras, esse conceito estabelece que os processos geológicos, que actualmente ocorrem na Terra, são os mesmos que ocorreram no passado geológico. Nos dias atuais, admite-se que a intensidade e a frequência desses processos estão sujeitas a mudanças naturais ou induzidas artificialmente.

No fim do século XVIII, os cientistas concordaram com a ordem das formações rochosas na Europa e aceitaram as seguintes sequências estratigráficas: 1. Terciária ou vulcânica; 2. Secundária; 3. Transição; 4. Primitiva.

Charles Darwin, em 1859, sugeriu um período longo para que as espécies pudessem evoluir. Esse cientista tentou estimar a taxa de erosão num grande vale ao sul da Inglaterra. Ele obteve um tempo de aproximadamente 300Ma. Assim, afirmou ser a Terra um planeta velho com idade da ordem de bilhões

Conclusão

Os estudos de morfologia e geologia desempenham papéis fundamentais na compreensão da vida e da Terra. A morfologia nos permite explorar a diversidade de formas e estruturas dos seres vivos, revelando adaptações evolutivas e relações entre a forma e a função das estruturas biológicas. Por sua vez, a geologia nos fornece informações sobre a composição, estrutura e história da Terra, revelando os processos geológicos que moldaram nosso planeta ao longo do tempo.

Essas disciplinas têm amplas aplicações e implicações práticas. Na morfologia, o conhecimento sobre a forma dos organismos vivos é essencial para a classificação taxonômica, a pesquisa médica, a conservação da biodiversidade e a compreensão das interações ecológicas. Através da geologia, podemos entender a formação e a exploração de recursos naturais, avaliar riscos geológicos, como terremotos e erupções vulcânicas, e contribuir para a gestão sustentável do ambiente.

A metodologia utilizada nos estudos de morfologia e geologia envolve a observação detalhada, a colecta de dados em campo, a análise laboratorial e o uso de técnicas avançadas. Essas abordagens nos permitem investigar as estruturas biológicas e as camadas geológicas com precisão e obter informações valiosas sobre a vida e a Terra.

À medida que avançamos no conhecimento científico, novas descobertas e técnicas estão constantemente surgindo. A morfologia e a geologia continuam evoluindo, impulsionadas pelo desenvolvimento de tecnologias mais avançadas e pela integração com outras disciplinas, como a genética e a paleontologia. Esses avanços nos permitem aprofundar nossa compreensão da vida e do planeta em que vivemos.

Os estudos de morfologia e geologia desempenham um papel essencial na compreensão da diversidade biológica e da Terra. Essas disciplinas nos fornecem informações valiosas sobre a forma dos seres vivos, a evolução biológica, a história geológica e os processos que moldaram nosso planeta. Compreender a morfologia e a geologia é fundamental para enfrentar os desafios ambientais e promover um futuro sustentável.

Referencias

Gleiser, M. (1997). A Dança Do Universo: Dos Mitos De Criação Ao Big Bang. São Paulo: Companhia Das Letras.

Keller, E.A. (2008). Introduction To Environmental Geology. Unpublished Work. Pearson Prentice Hall, New Jersey, Estados Unidos.

Mata-Perelló, J.M., Mata-Lleonart, R., Vintro-Sanches, C., & Restrepomartinez, C. (2012). Social Geology: A New Perspective On Geology.

Oliveira, L. D. (2010). Ocupação Urbana De Ouro Preto De 1950 A 2004 E Atuais Tendências. Dissertação de Mestrado, Departamento De Geologia, Universidade Federal De Ouro Preto, Ouro Preto.

Stewart, I. S., & Gill, J. C. (2017). Social Geology: Integrating Sustainability Concepts Into Earth Sciences. Proceedings Of The Geologists' Association.

Teixeira, W., Toledo, M.C., Fairchild, T., & Taioli, F. (2000). Decifrando A Terra. São Paulo: Oficina De Textos.

Toledo, M.C. (2002). O Que É A Geologia?