Aristóteles identifica a matéria com a potência , a forma com o acto. A potência é um geral a possibilidade de produzir uma mudança ou de a sofrer. Há a potência "activa" , que consiste na capacidade de produzir uma mudança em si ou noutro (como, por exemplo, no fogo a potência de aquecer e no construtor a de construir ); e a potência "passiva" , que consiste na capacidade de sofrer uma mudança (como, por exemplo, na madeira a capacidade de se inflamar, naquilo que é frágil a capacidade de se quebrar). A potência passiva é própria da matéria; a potência activa é própria do princípio de acção ou causa eficiente. 

O acto é, pelo contrário, a própria existência do objecto . Este está para a potência "Como o construir para o saber construir, o estar acordado para o dormir, o olhar para os olhos fechados possuindo embora a vista, e como o objecto extraído da matéria e completamente acabado está para a matéria bruta e para o objecto por acabar"(Aristóteles, Metafísica, IX, 6, 1048 b).

Alguns actos são movimentos, outros acções. São acções aqueles movimentos que têm em si próprios o seu fim. Por exemplo, ver é um acto que tem em si próprio o seu fim e o mesmo acontece com o entender e o pensar, enquanto o aprender , o caminhar , o construir têm o seu fim fora de si, na coisa que se aprende, no ponto a que se pretende chegar, no objecto que se constrói. Aristóteles chamou a estes actos não acções, mas movimentos ou movimentos incompletos .

O acto é anterior à potência. É anterior relativamente ao tempo: pois é verdade que a semente (potência) é anterior à planta, a capacidade de ver anterior ao acto de ver; MAS a semente não pode ser derivada senão de uma planta é a capaicidade de ver só pode ser própria de um olho que vê. 

 

- Nicola Abbagnano. História da Filosofia .Editorial Presença.  Volume I. 1976.