Por: Delfina Estevão Bambo

Filo Annelida

 
Esses filos possuem representantes com características bastante desenvolvidas, constituindo o grupo com maior número de indivíduos no planeta.

Anelídeos

As minhocas, como genericamente são conhecidas, são animais bem evoluídos, surgindo inclusive com elas, além do verdadeiro celoma, os sistemas circulatório e respiratório. Os anelídeos apresentam o corpo cilíndrico e metamerizado.

Embriologicamente falando, são: triploblásticos, celomados do tipo esquizocélicos, neuromiários do tipo hiponeuros e protostômios. Possuem também simetria bilateral, sendo monóicos em geral e a musculatura é dupla; uma longitudinal e outra circular. O celoma funciona como se fosse um esqueleto hidrostático.

Os anelídeos são de vida livre, comensais, ectoparasitas ou endoparasitas. Ocorrem na água doce ou salgada e em solos húmidos. O tamanho varia de milímetros (tubifex sp.) até metros de comprimento (minhocuçu).

Classificação

Os anelídeos somam cerca de 6.500 espécies, agrupadas em três classes, a saber:

Classe oligoqueta

    • Possuem poucas cerdas

 

    • Habitam solos húmidos

 

    • Possuem clitelo

 

    • Respiração cutânea

 

    • São hermafroditas

 

    • Com fecundação recíproca

 

    • São ovovíparos (botam óvulos)

 

    • Com desenvolvimento directo

 

  • Importantes para o solo (drenagem, aeração e fertilização)
Clitelo é um conjunto de anéis esbranquiçados, de natureza glandular, que favorece a cópula e forma a ooteca (casulo) dos ovos. Os animais jovens não têm clitelo.

Classe hirudinea

    • Não possuem cerdas (aquetas)

 

    • São de habitat dulcícola, terrestre húmido e raramente marinho

 

    • Possuem clitelo apresentam respiração cutânea

 

    • São hermafroditas

 

    • Com fecundação recíproca

 

    • São ovovíparos

 

    • Com desenvolvimento directo

 

  • São ectoparasitas com duas ventosas: uma oral (alimentação) e outra ventral (fixação e locomoção).

Classe poliqueta

    • São genericamente conhecidos por minhocas marinhas

 

    • Eunice viridis, mais popularmente denominada palolo, é usada como alimento nas ilhas do pacífico

 

    • Apresentam muitas cerdas implantadas nos parapódios, parapódios são apêndices de locomoção, natação e “respiração”

 

    • Habitam o meio marinho

 

    • Não possuem clitelo

 

    • A respiração é branquial

 

    • São de sexos separados (dióicos)

 

    • Com fecundação cruzada e externa

 

    • São ovovíparos (botam óvulos)

 

    • Com desenvolvimento indirecto

 

    • Cabeça diferenciada do corpo, devido à presença de cirros e palpos (tato, olfato e percepção química)

 

Observação

Metameria

Nos oligoquetas e poliquetas, a cada segmentação externa corresponde uma segmentação interna; entretanto, essa segmentação verdadeira não ocorre nos hirudíneos, pois a cada três ou cinco anéis externos corresponde, na realidade, um anel interno, o que constitui a falsa segmentação.

Fisiologia dos anelídeos

Sistema tegumentário

A epiderme das minhocas é revestida por uma cutícula delgada, húmida e permeável. Abaixo da cutícula aparece o epitélio simples e cilíndrico contendo células fotorreceptoras, sensitivas e glandulares. A epiderme apóia-se na membrana basal.

Sistema muscular

Logo abaixo da membrana basal, há uma camada fina de músculos circulares e uma camada mais espessa de músculos longitudinais. A contração dos músculos circulares alonga o corpo e a contração dos músculos longitudinais encurta-o.

Aparelho digestivo

Os anelídeos apresentam de boca até ânus, portanto o tubo digestivo é completo e a digestão é apenas extracelular.

O alimento entra pela boca, passa pela faringe, que tem glândulas para lubrificar o alimento ingerido. Também possui fibras musculares, cuja contração movimenta o alimento em direcção ao esófago. Este dilata-se formando o papo, onde o alimento é armazenado temporariamente, depois passa a um órgão muscular, dito moela, portador de grãos de areia que ajudam na trituração dos alimentos. Finalmente, o alimento sofre no intestino a digestão e, posteriormente, a absorção. Os resíduos são eliminados através do ânus.

Tiflossole

Apenas nos oligoquetas há uma invaginação dorsal da parede intestinal, cuja função é aumentar a superfície de absorção para o alimento. Esta estrutura é análoga à válvula espiral encontrada nos peixes cartilaginosos.

Veja, na figura acima, um conjunto de células ditas cloragógenas, que servem para o armazenamento de proteínas, lipídios e glicogênio.

Sistema circulatório

A hemolinfa, "sangue dos invertebrados", circula somente no interior dos vasos, sendo independente do celoma; conseqüentemente, o sistema circulatório é fechado.

As minhocas apresentam cinco pares de "corações" (cinco pares de vasos laterais com grande capacidade de contração) e o "sangue" circula no sentido anti-horário.

O plasma é colorido de vermelho devido à hemoglobina nele dissolvida.

Sistema excretor

Em cada metâmero, excepto nos três primeiros e no último, existe um par de metanefrídios constituídos de: nefróstoma (ciliado), nefroduto, bexiga ou vesícula e nefridióporo.

Sistema respiratório

Pela primeira vez na escala zoológica, surge respiração especializada (brânquias) nos parapódios dos anelídeos poliquetas. As outras classes não têm sistema respiratório, portanto a respiração é cutânea.

Sistema nervoso
Muito parecido com o dos platelmintes. É do tipo ganglionar ventral escalariforme.

A reprodução nas minhocas

A fecundação é recíproca, pois, apesar de as minhocas serem hermafroditas, os óvulos e os espermatozóides do mesmo indivíduo são produzidos em glândulas que não se comunicam, dificultando a autofecundação.

Como mostra a figura, os dois indivíduos se unem "invertidamente" e cada um transfere espermatozóides para o receptáculo seminal do outro.

Os anelídeos depois se separam, e quando as gônadas femininas amadurecem, os óvulos são lançados numa cápsula, o casulo, que é produzido no clitelo. Posteriormente, a cápsula desliza em direção à abertura do receptáculo seminal, contendo os espermatozóides recebidos durante a cópula. Agora os óvulos são fertilizados e desenvolvem-se no casulo, depositado em terra húmida.

Na sanguessuga, a reprodução é muito semelhante à dos oligoquetas. em resumo: fecundação cruzada e externa, ovovíparos com desenvolvimento directo.

A reprodução nos poliquetas

Ao contrário dos outros anelídeos, as minhocas marinhas são de sexos separados e as gônadas estão presentes somente na época da reprodução. Os gâmetas saem pelos nefrídeos ou o animal elimina parte do corpo que contém as gônadas.

Em resumo: fecundação cruzada e externa, ovovíparas, com desenvolvimento indirecto (larva trocófora ou de loven).

Bibiografia
https://www.todamateria.com.br/anelideos/

AMARAL, L; MENDES, F, Ciências da natureza matemática e suas tecnologias, São Paulo, S/A.