Como categoria historiográfica (e geográfica), o romantismo designa o movimento espiritual que envolveu niio somente a poesia e a filosofia, mas também as artes figurativas e a música, que se desenvolveu na Europa entre fins do século XVIII e a primeira metade do século XIX. Embora possam ser identificados certos padrões desse movimento na Inglaterra, o certo é que o movimento apresenta forte marca sobretudo do espírito e do sentimento germánicos.

O movimento se expandiu por toda a Europa: na França, na Itália, na Espanha e, naturalmente, na Inglaterra. Em cada um desses países, o romantismo assumiu características peculiares e sofreu transformações.

O momento paradigmático do romantismo é o que se coloca a cavalo entre o século XVIII e o século XIX na Alemanha, nos círculos constituidos pelos irmãos Schlegel em Jena e depois em Berlim.

No fenômeno que se verifica nesse arco de tempo e nesses países, e sobretudo na Alemanha, é possível identificar, embora com as devidas cautelas críticas, algumas "constantes" que constituem uma espécie de mínimo denominador comum.

Em primeiro lugar, pode ser apontado o que constitui o "estado de espírito", o comportamento psicológico, o "ethos" ou marca espiritual do homem romântico. Tal atitude romântica consiste na condição de conflito interior, na dilaceração do sentimento que nunca se sente satisfeito, que se encontra em contraste com a realidade e aspira a algo mais, que, no entanto, se lhe escapa continuamente.

A mais eficaz caracterização do romantismo como categoria psicológica foi dada por L. Mittner e, portanto, a referimos em suas próprias palavras: "Entendido como fato psicológico, o sentimento romântico não é sentimento que se afirma acima da razão ou sentimento de imediatidade, intensidade ou violência particulares, como também não é o chamado sentimental, isto é, o sentimento melancólico-contemplativo; é muito mais um dado de sensibilidade, precisamente o fato puro e simples da sensibilidade, quando ela se traduz em estado de excessiva ou até permanente impressionabilidade, irritabilidade e reatividade.

Na sensibilidade romântica, predomina o amor pela irresolução e pelas ambivalências, a inquietude e irritabilidade que se comprazem em si mesmas e se exaurem em si mesmas". O termo que se tornou mais típico e quase técnico para indicar esses estados de espírito é "Sehnsucht", que pode se expressar melhor como "ansiedade" (os sinónimos "desejo ardente", "anseio" ou "anelo apaixonado" são menos significativos).

L. Mittner também explica muito bem esse termo com o conceito relativo: "A mais caracteristica palavra do romantismo alemão, 'Sehnsucht', não é o 'Heimweh', a saudade ('mal', isto é, desejo, 'do retorno' a uma felicidade antes possuida ou pelo menos conhecida e determinável); ao contrário, é desejo que nunca pode alcançar sua meta, porque não a conhece e não quer ou não pode conhecê-la: é o 'mal' (Sucht) 'do desejo' (Sehnen). Mas o próprio 'Sehnen' significa com bastante frequência desejo irrealizável porque indefinivel, desejar tudo e nada ao mesmo tempo; não por acaso "Sucht" foi reinterpretado (. . . ) como "Suchen", procurar; e a "Sehnsucht" é verdadeiramente a busca do desejo, desejar o desejar, desejo que é sentido como inextinguível e que, precisamente por isso, encontra em si mesmo a plena saciedade".