A marca espiritual de Schiller é constituída pelo amor a liberdade em todas as suas formas essenciais, ou seja, a liberdade política, a liberdade social e a liberdade moral.

A Revolução Francesa e seus resultados convenceram Schiller de que o homem ainda não estava preparado para a liberdade, e que a verdadeira liberdade é a que está sediada na consciência.

Mas como se chega a liberdade? Schiller não tem dúvidas de que a mais alta escola de liberdade seja a beleza, em virtude da função harmonizadora que ela desempenha: "só se chega liberdade através da beleza" - eis o credo schilleriano.

No escrito Sobre "a graça e a dignidade", Schiller cria a célebre figura da "alma bela" (die done Seele), destinada a grande repercussão na época romântica. A "alma bela" é aquela que, superando a antitese kantiana entre inclinação sensível e dever moral. Consegue cumprir o dever com naturalidade espontânea, requerida precisamente pela beleza.

A "alma bela", portanto, é a alma dotada daquela "graça" que harmoniza "instinto" e "lei moral".

Nas "Cartas sobre a educação estética", Schiller precisa que há dois instintos fundamentais no homem: um "instinto material" e um "instinto voltado para a forma"; o primeiro está ligado ao ser sensivel do homem e, portanto, materialidade e a temporalidade; o segundo está ligado a racionalidade do homem.

A composição da antítese entre os dois instintos não deve ocorrer sacrificando totalmente o primeiro em benefício do segundo, porque assim ter-se-ia forma sem realidade, e sim harmonizando-os mediante o aue ele chama "o instinto do jogo" (recorde-se o kantiano "jogo livre"das faculdades), que precisamente medeia a realidade e a forma, a contingência e a necessidade. Esse jogo livre das faculdades é a liberdade.

Schiller também chama o primeiro instinto de "vida", o segundo de "forma" e o jogo livre de "forma viva", e esta é a beleza. Para tornar o homem verdadeiramente racional, é preciso torná-lo "estético". A educação estética é educação para a liberdade através da liberdade (porque a beleza é liberdade).