O que é a História?


Para uma melhor ideia de o que é a História vejamos algumas definições mais actuais de História, enunciadas por alguns dos autores mais conceituados do século XX.


“Social por definição, a História é o estudo feito cientificamente das diversas actividades e criações dos homens de outros tempos, considerados numa época determinada e dentro do quadro de sociedades extremamente variadas, (...)” Luciem Fbvre, Combates pela História.


“A História é a ciência dos homens no tempo.” Marc Bloch.


Se fôssemos para outros autores encontraríamos mais e mais definições,
todas elas diferentes... mas com algo em comum. Portanto um aspecto
que marca os esforços para a definição de História é a variedade de
possibilidades que se colocam.


Portanto, mais do que um enunciado de definição de História imutável,
importa notar que ela pode ser definida das mais variadas maneiras,
porém qualquer das definições deverá fazer referência ao facto de a
mesma ser uma ciência que se ocupa do estudo do homem (melhor dos
homens) no tempo e (também) no espaço.

Tempo e Espaço são as dimensões essenciais da história.

Em relação à História ocorreu numa determinada fase de evolução Ora
bem, esta percepção científica sobre o Tempo e Espaço é a que hoje
domina, em geral, o pensamento histórico, mas nem sempre a História foi
assim entendida.


A busca de informações sobre o passado dos homens não teve sempre
carácter científico. A história como ciência, como a entendemos hoje, só
surge no século XIX, após um longo período de aperfeiçoamento a nível
das suas técnicas e meios de trabalho, das metodologias, acompanhando o
desenvolvimento da própria sociedade.


Portanto a cada etapa de desenvolvimento da sociedade correspondeu
uma forma própria de encarar e fazer história, ou seja um tipo de
historiografia. Aliás isto é evidente, pois a maneira de pensar do Homem
na Antiguidade é diferente da forma de pensar no século XXI; igualmente
a ideia de história que se tinha na idade média é diferente daquela que
existia no século XX.

É o mesmo que dizer que a história tem a sua própria história.

Por historiografia entende-se o conjunto de obras concernentes a um
assunto histórico, produzidas numa determinada época ou local. 

Quando se diz historiografia africana refere-se às obras escritas sobre a
história de África, tanto por autores africanos como de outros continentes.


A historiografia envolve tudo o que foi escrito para dar informações sobre
o passado humano como testemunhos. Integram esta literatura os relatos
autobiográficos e memoralistas (da sociedade como um todo e não
pessoais), a história oral (desde as tradições históricas transmitidas
oralmente, até ao registo escrito ou por gravação de depoimentos orais de
autores ou testemunhas de acontecimentos históricos).


O Objecto de estudo de uma ciência é aquilo com que se ocupa essa
mesma ciência. Qualquer ciência tem um objecto de estudo.


No sentido mais amplo, a historiografia, inclui também trabalhos de
metodologia, publicação de documentos, ensino de história e apreciação
de obras literárias de teor histórico.

O Surgimento da História  

Como deve saber, nem tudo o que sabemos e fazemos aprendemos formalmente, numa acção claramente definida para nos dar esse ensinamento, mas sim observando os mais velhos, ou ouvindo os seus processos idênticos. Durante milénios de existência humana, enquanto não se conhecia a escrita, o passado foi sendo transmitido de geração em geração através da oralidade e da experiência.


O registo escrito do passado dos homens começou por volta do IV
milénio a.n.e., quando surgiu a escrita.


Com a descoberta da escrita os sacerdotes começaram a fixar por escrito
o passado religioso, que até ai era conservado e transmitido por via oral.
De igual modo começaram a ser registadas as memórias dos antigos
heroísmos guerreiros (a tradição épica).


Neste processo foram produzidas as primeiras formas de literatura
histórica que se conhecem; as cosmogonias e mitografias.

"A história nasceu do mito como a filosofia e a ciência". 

As cosmogonias

São os registos das primeiras tentativas, de explicação do universo. Essa
explicação inclui tantos elementos naturais como sobrenaturais. 

Leitura

Uma Cosmogonia
"1. Ao princípio era o mar primordial (…)
2. Este mar primordial produziu a montanha cósmica, composta
do céu e da terra ainda unida.
3. Personificados e concebidos como Deus de forma humana, o
céu, ou seja o Deus An , desempenhou o papel de macho e a terra
isto é , Ki, o de fêmea. Da sua união nasceu o Deus do ar Enlil.
4. Enlil, o deus do ar, separou o Céu da terra e, enquanto seu pai
, An , levava o céu, Enlil levava a terra , sua mãe. A união Enlil e
sua mãe, a terra, foi a origem do universo organizado - a criação
do homem, dos animais e das plantas e o estabelecimento da
civilização ".
(Kramer " A história começa na Suméria. In Introdução ao
Pensamento Histórico, R.R.Gomes, Livros Horizonte, 1988, pp32)

As mitografias são narrações de factos com recurso a seres
sobrenaturais.


Leitura


O mito de Osíris
O deus Osiris era um grande rei, que sucedera a seu pai, Geb (a terra); de
parceria com a sua mulher, a deusa mágica isis, ensinou os homens a agricultura,
inventou o pão, o vinho e a cerveja (elementos essenciais da alimentação do
povo Egípcio) revelou-lhes a metalurgia. Mas seu irmão tifão ou sete mata-o:
afoga-o no Nilo, corta-o em pedaços, que espalha-os pelo canavial. Então Isis procura-o, recolhe-o e reúne os membros esparços refaz o corpo (como múmia),
e, usando da sua ciência mágica ressuscita Osiris, que viverá agora eternamente,
mas no céu. Vingando-o, seu filho, o deus Horus, combate e vence sete, e sucede
o seu pai no trono do Egipto. Dele recebe em herança este reino os reis humanosos Faraós- que assim têm carácter divino.

O mito de Osíris
O deus Osiris era um grande rei, que sucedera a seu pai, Geb (a terra); de
parceria com a sua mulher, a deusa mágica isis, ensinou os homens a agricultura,
inventou o pão, o vinho e a cerveja (elementos essenciais da alimentação do povo
Egípcio) revelou-lhes a metalurgia. Mas seu irmão tifão ou sete mata-o: afoga-o
no Nilo, corta-o em pedaços, que espalha-os pelo canavial. Então Isis procura-o,
recolhe-o e reúne os membros esparsos refaz o corpo (como múmia), e, usando
da sua ciência mágica ressuscita Osiris, que viverá agora eternamente, mas no
céu. Vingando-o, seu filho, o deus Horus, combate e vence sete, e sucede o seu
pai no trono do Egipto. Dele recebe em herança este reino os reis humanos- os
Faraós- que assim têm caráter divino.

Com a produção das mitografias e das cosmogonias deu-se um passo
importante na conservação das antigas ideias cosmogónicas e épicas,
reduzindo-se o perigo de esquecimento ou deturpação.


A criação deste tipo de literatura não foi resultado de uma intenção clara
de fazer história, mas sim da tentativa de explicar problemas com que a
comunidade se debatia no seu quotidiano, tais como a sua origem, o
destino para que caminha, o seu próprio presente, etc.


O objectivo da produção desta literatura era narrar os acontecimentos,
com vista a transmitir para a posteridade e exaltar os nomes dos reis e dos
Homens importantes e suas façanhas épicas.


As Características da Historiografia Oriental São, de Forma
Resumida, as Seguintes
A Historiografia oriental é mítica e teocrática. A sua base são os mitos e
as cosmologias e, portanto, o seu objecto de estudo eram os deuses e os
homens importantes, considerados únicos responsáveis pela evolução da
sociedade.


A literatura das mitografias e das cosmogonias orientais remete-nos a
coisas que acontecem como obra de deuses ou de algum outro ser
sobrenatural, ou ainda como obra dos reis. Os fenómenos não têm explicação causal e não há preocupação pela verdade, nem pela objectividade.
Ora bem, será que os mitógrafos produziram uma verdadeira ciência
histórica ao produzir esta literatura?

O que é a Ciência?
Como é que você definiria a Ciência? Feche o Módulo, agora,
e tente elaborar uma definição sua de Ciência. Só depois disso é que vai
conferir como é que nós a definimos.


A Ciência costuma ser definida como. “Conhecimento sistematizado
sobre uma realidade concreta e com um objectivo bem definido”, por
outras palavras só o conhecimento referente a um objecto concreto,
adquirido metodicamente e que visa um fim concreto é que se considera
científico.


Tendo em consideração o conceito de ciência atrás apresentada podemos
concluir que a historiografia oriental não era científica, pois não estuda
um objecto concreto mas a acção de seres sobrenaturais portanto não
concretos. Por outro lado não usa um método próprio.


A partir da definição apresentada, podemos concluir que qualquer ciência
estuda alguma coisa. Pois bem, a matéria que se estuda em ciência é o
objecto de estudo. Portanto qualquer ciência tem um objecto de estudo.
Por outro lado o referido estudo é feito por sempre por alguém a quem se
designa sujeito do conhecimento.


Agora voltemos ao assunto desta aula que é a história oriental.
Valerá então alguma coisa o estudo desta história antiga? Que valor ela
tem no conjunto do conhecimento histórico?


Claro que vale a pena! Apesar de não ser uma verdadeira ciência, a
produção deste tipo de literatura foi importante para o conhecimento da
história do Oriente Antigo, pois nela aparecem informações úteis sobre a
história daquela região, tais como listas de dinastias ou de reis, listas dos
sacerdotes, inscrições comemorativas e biografias de homens
importantes, etc.

Portanto o seu valor não é tanto como conhecimento, mas sobretudo
como fonte de informação sobre o orienta antigo.