Lição 1
Tentativas de definição de filosofia
Expliquemos então, o porque da expressão “tentativas de definição da
Filosofia” Se é tão fácil começar o estudo duma disciplina dizendo o que ela é, qual
é o seu objecto de estudo e que método usa nas suas investigações, o mesmo não acontece com a filosofia. Pois, a filosofia não tem objecto no mesmo sentido em que as outras ciências têm um objecto específico, isto é, um objecto determinado. Neste sentido, a filosofia parece esquivar-se a toda e qualquer definição de tipo disciplinar que a perspective, à semelhança de outros saberes constituídos, isto é, por referência à delimitação de um objecto de estudo pois não há consenso, entre os filósofos, sobre a noção ou o conceito de Filosofia. Por isso, muitos preferem falar de Filosofias e não de Filosofia.
Por outras palavras, a definição da Filosofia constitui o primeiro dos seus
problemas para todos os sistemas filosóficos. Cientes de que uma definição da filosofia, feita e assente uma vez para todo o sempre, implicaria a imobilidade do pensamento humano, a unificação dos vários modos de pensar, as definições que a seguir apresentamos são de carácter provisório, no sentido de que só a prática da actividade filosófica poderá levar-lhe à compreensão do que a filosofia é. Pois, “o que a filosofia é, só dentro dela própria e com os seus conceitos e meios pode realmente determinar-se” (Problemas fundamentais da Filosofia, p.7)
Algumas tentativas de definição de filosofia
Como já vimos anteriomente, existem várias perspectivas ou maneiras de
conceber a filosofia. Vejamos algumas dessas perspectivas
Tentativa1 (de Aristoteles- idade antiga)
A Filosofia é o estudo dos primeiros princípios e causas últimas de todas as coisas. Para Aristóteles (380-322 a.C.), assim como para grande parte da Filosofia clássica, principalmente os primeiros filósofos, a grande preocupação era de descobrir a origem do universo, isto é, tentar encontrar a causa primeira de todas as coisas. Nessa ordem de ideias, compreende-se então o tipo de definição que Aristóteles dá à filosofia.
Tentativa 2 (de Cícero – Idade Média)
Para este filósofo, a filosofia é o estudo das causas humanas e divinas. Para Cícero, a filosofia tem de se preocupar com a questão do Homem, no que diz respeito sobre a sua origem, a sua existência e o seu destino. E preocupa-se também sobre as quetões divinas, isto é, questões ligadas a Deus, espírito, alma.
Tentativa 3 (de Descartes – Idade Moderna)
Filosofia é a arte de raciocínio correcto. A Idade Moderna foi a época onde começa o desenvolvimento da técnica e da ciência motivada pelo uso da razão. É nessa perspectiva que aparece Descartes a definir filosofia como arte de raciocinar bem, e por isso mesmo, ser filósofo é ter essa capacidade de raciocinar correctamente.
Tentativa 4 (de Karl Marx - Idade Contemporãnea)
A filosofia é uma prática de transformação social e politica. Para este filósofo, a filosofia deve ajudar os homens a corrigir as mentes de modo a melhorar as suas condições de vida.
Tentativa 5 (Hountondji – na Actualidade)
Filosofia é uma disciplina científica, teorética e individual. Tentativa 6 (de Anyanw - na Actualidade) Filosofia tem a missão de explicitar o implícito, tomar consciência do inconsciente. Para este filósofo, a filosofia tem a missão de trazer à vista, aquilo que está oculto, deixar em evidência tudo o que parece escondido, e trazer à
consciência tudo o que se pratica sem dar conta dele.
Tentativa 7 (de Ngoenha – na Actualidade)
Para ele, filosofia ajuda a resolver os problemas da humanidade, e é um
instrumento de emancipação. Para este filósofo, o Homem tem que tomar filosofia como arma de libertação que resolve os problemas que acontecem no nosso dia a dia.
Definição Etimológica da Filosofia
Definir etimologicamente um conceito quer dizer procurar compreender este mesmo conceito a partir do significado das palavras desse mesmo conceito. Assim, a palavra Filosofia provém da união de dois termos gregos: philos (amar, gostar de) e sophia (saber, sabedoria, conhecimento). Filosofia ou “amor a sabedoria”, “gosto pelo saber”. Esta definição revela-nos que filosofia não é tanto um saber constituído, uma sofia estabelecida, mas antes um amor, uma procura, um interesse pelo
saber. Narra-se que o termo foi inventado por Pitágoras, filósofo grego (século VI a. C.) que, certa vez, ouvindo alguém chamá-lo sábio e considerando este nome muito elevado para si mesmo, pediu que o chamassem simplesmente filósofo, isto é, amigo da sabedoria, aquele que procura a sabedoria, que ama o saber, que indaga a verdade das coisas; o filósofo é um peregrino em demanda da verdade e não o
possuidor dela, é um homem cuja consciência se apresenta sempre
inquieta e insatisfeita.
O carácter pluralista na definição da filosofia
Caro aluno, que conclusões podemos tirar, a partir das tentativas de definição apresentadas? Podemos tirar, delas, uma definição universalmente válida, isto é, exacta, que satisfaça todas as práticas filosóficas particulares, ontem e hoje?
A multiplicidade e diversidade de perspectivas filosóficas mostram-nos, a priori, o carácter pluralista da definição da filosofia e da sua prática. Este carácter pluralista resulta da impossibilidade de dar uma definição universalmente válida. Pois cada filósofo define a filosofia de acordo com as suas circunstâncias: o tempo, o lugar e as influências que este sofre, quer gnoseológicas, quer políticas ou ideológicas,económicas, culturais, etc.
Apesar desta dificuldade de dar à filosofia uma definição única e acabada, a filosofia define-se a si própria pelo modo como se realiza. Só por saber que não existe uma definição única e consensual para todos os filósofos, nada nos permite concluir, no entanto, que ela seja um reino da subjectividade e de arbitrariedade, onde se admitem, sem critério ou crítica, todas as ideias.
Está de parabéns por estar a progredir com sucesso no estudo deste
módulo! Preste atenção ao resumo desta unidade temática, para que você
possa consolidar o que acbou de aprender
Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA - IEDA