A palavra ciência deriva do latim “scientia”, particípio presente do verbo scire, que significa “conhecimento”. Ela tem vários sentidos; um sentido “amplo”, e outro restrito “concreto”. No sentido amplo, a ciência significa um conhecimento teórico, isto é, que tem como objectivo o próprio conhecimento, e não as suas aplicações. No sentido “estrito”, a ciência é conhecimento certo e racional, que trata da natureza das coisas e das suas condições de existência.
Na perspectiva de Feyerabend, “a ciência é um empreendimento essencialmente anárquico: o anarquismo teorético é mais humanitário e mais suscetível de estimular o progresso do que suas alternativas representadas por ordem e lei.” (FEYERABEND, 1977: 9).
Na visão de Feyerabend, a ideia de conduzir os negócios da ciência com auxílio de um método que encerre princípios firmes, imutáveis e incondicionalmente obrigatório vê-se diante de considerável dificuldade quando posta em confronto com os resultados da pesquisa histórica.
Tentando resolver esse confronto, Feyerabend diz que não há uma regra, embora plausível e bem fundada na epistemologia que deixe de ser violada em algum momento. Tais violações não são eventos acidentais e nem são o resultado do conhecimento insuficiente ou de desatenção que poderia ter sido evitada, são violações necessárias para o progresso da ciência.
Feyerabend diz que "dada uma regra qualquer, por fundamental e necessária que se afigure para a ciência, sempre haverá circunstâncias em que se torna conveniente não apenas ignorá-la como adoptar a regra oposta" (Idem, p. 30).
Depois da explicação conceitual, é pertinente traçar um percurso para ver como a mente humana evolui no campo da pesquisa desde a caverna, isto é, na natureza onde ela é capaz de agir. A ciência não pode ser reduzida a uma simples coletânea de factos. Ela é mais complexa e mais antiga porque
É um sistema de correlações lógicas destes factos, o qual permite sustentar uma hipótese ou um corpo de teoria. Essa mesma teoria é afectada pela perspectiva geral da época em que é formulada. A teoria deve ser bastante forte para atrair espíritos habituados ao pensamento lógico e, ao mesmo tempo, bastante aberta para dar lugar a desenvolvimento e ajustamentos, à luz de descobertas ulteriores (COLIN, 1988:11).
Esta teoria, sempre fundada sobre hipóteses verificadas étambém chamada de paradigma, modifica-se, frequentemente, por diversas razões, entre as quais experiências mais complexas. Na verdade, a ciência não é estática, ela é um corpo de conhecimento em expansão contínua, um corpo de conhecimentos dinâmicos; e quando essas mudanças são provocadas por questões religiosas, filosóficas, sociais ou económicas, a sua história exerce grande influência nas flutuações.
Na sua pesquisa, Ronan diz que a visão religiosa, mística e mágica do mundo era uma forma legítima de exprimir uma síntese do Mundo natural e da relação do homem com esse mundo. Para ele, numa sociedade primitiva, quando um mágico, curandeiro ou feiticeiro realiza um rito para provocar a chuva e o crescimento das culturas agrícolas, entre um e outro aspecto da natureza, e o seu sentimento de que a sobrevivência do homem depende do funcionamento do Mundo natural, ele apreende uma relação entre o homem e o mundo que o rodeia e manifesta uma compreensão primitiva que, mediante um bom procedimento, o homem pode controlar as forças da natureza, fazê-las trabalhar para o seu benefício.
Portanto, a sociedade primitiva considerava a magia como sendo importante para compreender o mundo que era controlado por espíritos e forças espirituais. Todo o conhecimento era baseado na magia na qual a sociedade se exprimia como uma forma de conhecimento ou de relação mais penetrante e sublime entre o Homem e a Natureza.
Popper ao reflectir e analisar a problemática da eliminação da metafísica posta em causa pelos positivistas lógicos, desenvolveu uma forte convicção a favor da metafísica, que pode ser evidenciada quando ele afirma o seguinte:"não creio que a metafísica seja algo sem sentido, não acho que seja possível eliminar todos os elementos metafísicos da ciência: eles estão intimamente entrelaçados com os restantes" (POPPER, 1987: 197).
Ainda nesta perspectiva, Popper sustenta que usar as proposições metafísicas para camuflar uma refutação, é uma estratégia que impossibilita o avanço da ciência. Neste sentido, a Metafísica desempenha um papel importante nas ciências, pois é o ponto de partida para as teorias. A Metafísica enquanto antecipação mental da física, serve como uma bússola para investigação científica, reagindo a exclusão feita pelos vienenses. Em Popper a Metafísica é a forma que o cientista observa, explica, compreende e se relaciona com a realidade.