Tradição e racionalidade moderna em África
A fundamentação do trabalho apresentado versava sobre “Tradição e Racionalidade Moderna em África na perspectiva de Ngoenha”. E teve como, o seu ponto referencial o desenvolvimento e o paradigma libertário da filosofia africana contemporânea. Por isso, coloca-se a perceber em que medida a modernidade pode ou não contribuir para o desenvolvimento da África. E as questões que tiveram como guia para as suas lucubrações filosóficas são: O que é tradição e modernidade? Até que ponto a modernidade pode constituir um instrumento de desenvolvimento do africano? Quais são as consequências da modernidade para a tradição em África?
Para o grupo, a tradição é o momento da autonomia do africano, é o ser em si, é o momento dos rituais; das crenças e dos costumes do africano; é onde todos os membros partilhavam da mesma cosmologia, isto é, o mesmo universo de referência, e é esta visão de tradição muito fechada, em que Ngoenha pretende superá-lo, quando se coloca a debatê-la enquanto utopia crítica, com vista a tornar possível uma África capaz de se valer do projecto da modernidade. Entendendo a, como uma visão do mundo vinculada ao projecto empreendido a partir da revolução operada por Descartes, com a roptura com a tradição herdada com o pensamento medieval e o estabelecimento da autonomia da razão; como o projecto do progresso empreendida pela revolução científica e técnica, iniciadas nos finos do século XVI; como o projecto de conhecimento como poder em Bacon, que é alcançada através da tortura incessante da natureza em vista a construir um conhecimento prudente.
A modernidade, segundo o grupo, constitui um dos projetos indispensáveis para o desenvolvimento e liberdade dos povos africanos, e ela pauta por uma lógica mista, por isso, se o homem tradicional africano aderi-la, terá que fazer uma vigilância e mexer nos traços fechados dela, dado que, será mais autónomo e livre na escolha das boas coisas apresentados por ela; e fazer uma roptura com o passado, em vista a caracterizar-se pelas novas formas ou modelos de vida, novas técnicas de produção, e de minimização dos seus esforços, possibilitando, assim um estilo de vida eficaz.
Por isso, aderir no projecto da modernidade, segundo o grupo, não se trata de negar a tradição, mas sim, de olhar para a tradição e tirar seus aspectos positivos, e não se agarrar nela, mas sacrificar alguns elementos da mesma, de modo a abraçar a modernidade. Contudo, deve-se ter em conta que ela é benéfica ao homem, mas também maléfica, dai que, ao aderirmos a essa modernidade, que Ngoenha, a concebe como juventude da tradição e apela que aja uma cautela, para que não nos tornemos também ocidentalistas com esta técnica e ciência moderna.
Dada a apresentação o grupo colocou-se, a comentar as seguintes: Como conciliar a modernidade e a tradição?
Para o grupo, a conciliação da tradição e modernidade pode ser feita através da busca de alguns aspectos da tradição que podem ser úteis para a modernidade. Para que possamos conciliar a tradição e a modernidade faz-se necessário sacrificar alguns aspectos da tradição que possam nos impedir de desenvolver. Não podemos abraçar algo pura e simplesmente por ser africano ou mesmo por ser ocidental. Devemos olhar nas coisas que podem nos levar para o desenvolvimento. É necessário fazer o bom uso da tradição e da modernidade; é preciso ter uma memória vigilante perante a tradição, ter uma memória vigilante perante a tradição, não significa que a tradição é algo mau, “Não”. Dizer que devemos ter uma memória vigilante significa não atacar cegamente a tradição, não podemos nos prender nela, não podemos construir castelos e habitar nela. O homem não pode se isolar, ele deve aprender com os outros.
O que será das culturas africanas se abraçarem a modernidade?
Na perspectiva do grupo, alguns costumes e crenças ponderam ser sacrificados, em alguns casos será necessário pôr em causa a solidariedade colectiva, que é típica dos africanos, isso em busca de uma liberdade individual. Já não é tempo de viver confinado na tradição; o homem é homem enquanto se relaciona com outro, e esse outro, não é somente o africano, mas também o ocidental. A tradição pode ser atualizada e a modernidade pode ser melhorada por alguns aspectos da tradição. O que é necessário, é fazer um bom uso da modernidade. Concebe-la de modo crítico, saber o que aproveitar para o nosso desenvolvimento.
NB: Os registos históricos revela que o africano sempre participou no projecto da modernidade, entretanto, a sua participação tem sido vista, como passiva, no sentido em que participa como um instrumento, pois não tem palavra, e carregava o espírito de querer ficar preso na tradição, ver a tradição sem senso crítico. Estas posições tornaram deficitário o desenvolvimento do povo africano.