Por: Júlio Chinavane
 
  O maior sonho de todos os moçambicanos eram de ver a sua nação independente, um sonho que graças a Deus foi  concretizado, mas concretizado segundo a definição da independência ‘’que é a desassocição de um ser em relação a outro, do qual dependia ou era por ele dominado, a manutenção absoluta da soberania política e econômica’’ conseguimos nos desassociar do povo português,  mas será que continuamos independentes?   
 
● Será que está independente um país onde há uma estrutura duradoura do controle econômico dos antigos colonizadores e a condição de subserviência epistemológica aos antigos colonizadores, com relação aos paradigmas científicos e educacionais. Ambos os elementos de dependência econômica e intelectual (Eze, 1997, 10).  
 
● Será que está independente um país onde a liberdade de expressão está nos papéis, mas a verdadeira materialização é um risco de morte?  
 
● Será que está independente um país, onde estrangeiro sai do seu país como pedreiro e chega em Moçambique como empreiteiro, com muitos técnicos nacionais formados, mas marginalizados.  
 
 ● Será que está independente um país que os governantes falam de melhoria no sistema nacional de educação, enquanto os seus filhos estudam nas escolas privadas ou no estrangeiro? 
 
 ● Será que está independente um país que os governantes falam de melhoria no sistema nacional de saúde, mas quando  os mesmos precisarem de cuidados médicos recorrem aos países estrangeiros? 
 
  ● Será que é essa independência que nos predestina a ser sermos empregados e não empregadores?
 
   ●É independente um país onde para ser bem-sucedido é só se remeter aos ISMOS: kiwismo, nepotismo, tribalismos, dentre outros ismos.
  
● É independente um país onde a justiça funciona para desfavorecidos (ladrões de patos), mas para certas elites  nem sequer existe?  
 
● Será que está independente um país que o governante é visto como um pequeno Rei e os seus familiares membros da realeza, onde o papel do governante está invertido, ele não está para servir mas para ser servido.  A primeira independência deve ser individual para depois nos remetermos a independência colectiva, enquanto houver uma imposição em relação ao nosso agir autônomo não somos independentes, enquanto pensarmos nas consequências antes de falarmos o que pensamos não podemos nos considerar independentes, enquanto dependermos dos outros para fazer o que desejamos não somos ainda independentes, enquanto não tivermos onde manifestar os nossos interesses e como exigir as promessas feitas pelos governantes nós não somos independentes.  O Português foi expulso e “de qualquer maneira, nossa missão é o futuro. E para que ele melhor se realize cada um é chamado a dar o melhor de si, no lugar onde se encontra” (NGOENHA, 2014: 06), mas há mais um desafio que é de nos libertarmos do libertador, em Moçambique ainda existe a filosofia de que antes de todos intervenientes e descendentes da luta de libertação nacional encherem os seus bolsos não haverá espaço para nenhum outro governar. Afinal de conta a luta não era só de conseguirmos a independência? Mas também existiam alguns interesses individuais, todos se uniram para uma luta mas com objetivos diferentes.  É muito triste ouvir certas pessoas de idade a afirmarem que viviam melhor no tempo colonial que agora, o que está a falhar será que continuamos independentes?   
 
Feliz 45 anos de disassociação do povo moçambicano em relação ao Português, se estamos independentes não sei!!!!